segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O transporte coletivo da região metropolitana de Natal

Gente, recebi do nosso amigo Roberto Grossi um e-mail em resposta ao nosso post sobre o assunto "busão", concordando com minha indignação e ainda afirmando "que o buraco é mais embaixo...". Confiram.


O transporte coletivo da região metropolitana de Natal: tarifa e mobilidade urbana devem ser tratados com seriedade.

Peço desculpas por não estar devidamente familiarizado com a importante discussão, o transporte coletivo da região metropolitana de Natal. Mas justamente por acreditar ser um tema de suma importância é que gostaria de tecer algumas considerações neste excelso Blog.

Vejo que já abrimos o debate abordando (tratando como "O" problema) o valor da tarifa. Sobre isto precisaria da valiosa ajuda dos munícipes, pois acredito que antes de se discutir sobre quanto seria justo pagar, devemos ser minimamente informados sobre a qualidade dos serviços prestados pelas concessionárias, é certo que sou possuidor de minhas próprias opiniões, mas, por uma questão de justiça e por fidelidade absoluta a meus princípios éticos peço ajuda aos gentis leitores com uma reflexão acerca da qualidade dos serviços de transporte público ofertados, você o utiliza? Não? Porquê?

Também seria de bom grado o auxílio da Secretaria de Mobilidade Urbana, ou seja lá como seja denominada neste momento, na figura de seu novo Secretário, seja ele quem for, para que nos esclarecesse sobre um tema tão eminentemente econômico como trivial, qual o custo da tarifa de transporte coletivo?

Uma vez que esta gestão ganhou as eleições para o governo do município a mais de dois anos, acredito ter tido tempo mais que suficiente, mesmo sem exigir maiores competências, para que seus administradores disponham desta preciosa informação. Ela é quem vai balizar em valores na moeda corrente o direito de ir e vir de todos os habitantes da Grande Natal.

Acredito tratar-se de uma questão banal, financeira, o que numa simples conta matemática, numa questão que não é exigida nenhuma técnica exuberante, bastando conhecer o custo e compará-lo com a tarifa atual, caso o custo seja muito inferior à tarifa deveria-se reduzir a tarifa, ou, se for maior que a tarifa esta deve ser corrigida ou subsidiada pelo município, é claro que o concessionário jamais vai arcar com qualquer tarifa que não lhe seja claramente favorável.
De posse do custo (questão técnica) pode-se passar para uma discussão sobre a melhoria dos serviços (questão política) chegando a um acordo quanto a tarifação.

O que não consigo entender, e peço ajuda aos que alcançam a compreensão dos fatos que me esclareçam: Porque numa questão tão simples assim já foi firmado um aumento, ruidosamente cancelado com direito a demissão de secretário ao vivo na "TV" , com a nossa "prefeita" mostrando uma vez mais que ainda não desceu do palanque (para sorte da cidade ela ainda não se apercebeu que teria de governar o município?).
Aliás peço um pouco mais de paciência ao leitor, lembro-me agora que a nesta mesma gestão primorosa, esta mesma discussão de aumento das tarifas já ocorreu. Parece que quem deveria nada aprendeu.

Parece que nada consigo sozinho, mais alguém deve participar desta discussão ativamente e não pode furtar-se a acompanhar bem de perto os interesses da coletividade que ele deve representar e defender. O Ministério Público deve manifestar-se e exigir transparência em todas as informações das tarifas, caso contrário teremos ilações sobre acordos escusos com valores de tarifas acertados para que possam irrigar o caixa não declarado de campanhas políticas. Seria a falta de acodo quanto a esses valores que impedem o reajuste da tarifa?

Damos duro o dia todo não é para ao voltarmos para nosso lar suarmos ainda mais, espremidos em ônibus sem ventuilação que não passam, não param, quebram ou simplesmente não andam. Problemas graves mesmo nos raros ônibus novos que temos, alguma inteligência "superior" resolveu "pinar" os equipamentos de segurança dos veículos que os impede de movimentar-se com as portas abertas, mecanismo este desenvolvido visando a segurança dos passageiros e que aqui em Natal ninguém fiscaliza, pode desligá-lo. E cínicos ou comediantes que são nem se dão ao trabalho de retirar os avisos onde se lê "para sua segurança este ônibus não se movimenta com as portas abertas", fique esperto senão...

Isto sim é triste, muito triste. 
O transporte coletivo não é apenas um direito do cidadão, ele é quem vai possibilitar toda a cidadania para nós. Mesmo você, que bem sei tem um Audi e uma BMW na garagem, pode imaginar o que aconteceria se mesmo os apenas remediados, comprassem, mesmo financiados seus automóveis, mesmo não dispondo de reluzentes Ferraris, desfilariam em carros de mil cilindradas, até bem usados e abusados, daqueles que rodam movidos a teimosia.
Como há muito mais gente do que ruas e avenidas em condições de se trafegar o caos estaria formado. 
Ninguém, vai a lugar nenhum. Primeiro nos horários de pico, depois a qualquer hora do dia ou da noite.
Então quem sabe os natalenses sejam brindados com uma especialidade paulistana, o Rodízio. 
E não estamos falando de Pizzas.
Depois por persistência do problema, uma vez que todos já terão mais de um carro com o número das placas engenhosamente combinadas, teremos então uma especialidade do ex-candidato Serra tão conhecida dos paulistas: os Pedágios.

Infelizmente as notícias não são boas para as cidades que não privilegiam o transporte público.
Qual o sentido de ir comprar 4 pãezinhos de 50g, na padaria da esquina com uma SUV de quase duas toneladas?
Tenho que ficar triste pois sei que sem um transporte coletivo digno, eficiente e com tarifa justa o destino desta cidade que escolhi para minha vida e na qual constituí família é certo: A falência por imobilidade. Presos nos intermináveis congestionamentos só nos restará o céu para olhar.
É isso que nos espera. É liquido e certo. Fie-se na São Paulo tucana. Tem Salão do Automóvel, Formula 1, até Formula Indy nas "ruas", mas o trânsito não flui, só porque teimam em asfaltar canteiros, fazer avenidas em vales ocupados por moradias da população humilde, construir novos viadutos e abrir novos túneis, tudo para o transporte individual, metrô que seria bom são apenas, em média, 500 metros por ano. Eles ainda não aprenderam.
  
Nada exceto o investimento massivo em transporte público resolve o problema da mobilidade de qualquer região metropolitana.
Onibus antigos e desconfortáveis: mais carros nas ruas.
Tarifas exorbitantes mais motos nas ruas. 
Ônibus sem frequência suficiente e consequentemente superlotados: mais carros e motos nas ruas. 
Cada nova avenida asfaltada e entregue ao transporte individual, cada túnel ou viaduto para melhorar o trânsito vão registrar um só resultado: maiores congestionamentos com cada vez mais carros e motos nas ruas.
Presos nos intermináveis congestionamentos só nos restará o céu para olhar, e parodiando mais uma vez os paulistas, admirar-se daqueles afortunados que tem um heliponto e um helicóptero para fugir deste solo infernal.

Roberto Grossi

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