O MÁGICO

Confira essa nova animação do diretor de Bicicletas de Belleville.

BALADA DO AMOR E ÓDIO

Confira nossa crítica sobre o mais novo filme do cineasta espanhol Álex de la Iglesia.

FRIDA KAHLO EM SEIS SENTIDOS

O projeto de extensão “cores” nos convida inicialmente a um espetáculo sobre a vida da artista plástica, mexicana, Frida Kahlo.

ARTEROTISMO - UM CONVITE

Gente! Ontem eu fui ao evento #OqueDjaboÉIsso, onde tive o prazer de assistir ao ótimo espetáculo "As cores avessas de Frida Kahlo"...

"A CULPA É DA SOCIEDADE"

A sociedade é culpada: Esse foi um entre outros discursos gritados nesses dias que sucederam a “tragédia do realengo”...

sábado, 28 de janeiro de 2012

BBB: Um "Reality show" fora do "Streaming"


Aviso aos desavisados que esse post é mais um desabafo que uma crítica cinematográfica, talvez no fim as teias da experiência cinéfila explique tudo que acontece aos mais sensíveis a ela. Pois a tempos não via um filme que me emocionasse tanto... o ultimo que lembro agora, que provocou-me com esses aspectos narrativos tão envolventes foi Hunkkle (devo uma crítica dele). Mais uma vez esses filmes estão para nos mostrar que fora do streaming o cinema acontece com pureza de grandes ideias. 

A sutileza com que temas/tabus da sociedade vem à tela nos choca, adormece ao mesmo tempo, envolve. É assim Bad Boy Bubby (1993), que começa com a frieza típica dos filmes ditos “cult”, nos envolve com o calor da trama tensa que desenrola enquanto seu protagonista, que dá nome ao filme descobre o mundo. Com uma fotografia complexa, com seus mais de trinta diretores, o filme nos ambienta diferentemente em cada locação, agride por suas cenas nada gratuitas e sua realidade nua e crua.

Não costumo ver filmes pela “mensagem”, mas o roteiro desse filme destrói toda e qualquer barreira preconceituosa que exista entre você e a tela. Destruiu as minhas... Vemos no desenrolar do enredo perfeito, também escrito pelo diretor Rolf de Heer, o quanto a sociedade molda o indivíduo, e o quanto você apanhará até que se adeque as normas de comportamento. O filme é pura crítica. Não recomendo aos tementes a Deus, nesse filme "não há Deus nenhum". O diálogo sobre a existência de Deus é uma das partes mais intensas do filme. 
A metáfora inicial do filme nos remonta à caverna de Platão: a liberdade não é tão prazerosa quanto ilustram os contos de fadas e muito menos os filmes de sessão da tarde. Bubby nos faz refletir o que sentimos na pele no dia a dia e o quão difícil é respirar o "veneno" que o mundo exala. Hipocrisia, egoísmo, arrogância, corrupção, preconceito, poluição todo o chorume que escorre das veias do homem e que inunda a terra de uma lama podre, na qual estamos atolados até o pescoço. 

Por outro lado com toda ingenuidade, o personagem também nos dá uma pontinha de esperança, ao recortar em seus inúmeros encontros, outra face do ser humano, não tão menos podre, mais aceitável, eu diria: o interesse mútuo. O que mais uma vez nos faz refletir, a vida é uma via de mão dupla onde as relações se estabelecem e nas quais você só pode dar o que recebe. Somos de algum modo espelhos do que vemos e vivemos? Bubby ilustra muito bem isso, copiando frases e gestos presenciados por ele. 

É o sofrimento que o mundo e a sociedade provoca em Bubby, a boba e inocente criança de trinta e poucos anos que o faz tornar-se Pop, a figura grosseira e egoísta do seu pai, ao intender que a vida de liberdade não é brincadeira de criança, resta como alternativa o isolamento.

Bad boy Bubby é um misto de Inocência e perversão, de drama e comédia, de decepção e esperança, humanidade e desumanidade, de avessos. Uma experiência cinematográfica importante, por seu roteiro forte e a perfeita atuação de Nicholas Hope. Engraçado como as caretas de Bubby me lembram Jack Nicholson em "O iluminado". Todo meu desabafo foi pouco perto do que essa narrativa me trouxe, é bom as vezes um choque pra te tirar da inércia. Eu recomendo! :)


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

K-ótica!

Aproveitando o post anterior do Renato, aqui está o link pra leitura da Revista K-ótica.
http://revistacatorze.com.br/category/quadrinhos/k-otica-quadrinhos


domingo, 22 de janeiro de 2012

O EVANGELHO SEGUNDO O SANGUE - UMA ARTE SEQÜÊNCIAL INOVADORA


Retorno depois de muito tempo ausente e, peço desculpas pela demora. Mas o meu retorno é em grande estilo. Volto para falar de uma das obras mais instigantes e interessantes que já foi produzido em solo Potiguar e brasileiro nos últimos tempos. Falo da HQ o EVANGELHO SEGUNDO O SANGUE. Esta obra é magistralmente arquitetada e tecida pela mente genial do roteirista Marcos Guerra que consegue fazer o inimaginável, fazer uma Hq criativa e original fundamentada em uma pesquisa de campo no instituo histórico e geográfico de nosso estado. Isto é claro, não seria original em muitos aspectos. Muitos autores fizeram o mesmo no passado. Mas o que torna a pesquisa e o roteiro de Marcos Guerra diferentes é a mescla entre ficção e uma transliteração documental de uma época com seus costumes, linguajar e trejeitos. A temática pode parecer, a principio batida; fazer mais uma historia de vampiro situada no passado, até a este ponto não seria novidade. Porém a forma como Guerra concebe a historia misturando-a a nuances de satanismo pagão com um teor religioso barroco do século 18 enseja a nos transportar a uma época extremamente primeva da historia do nosso Estado e das relações humanas exercida em época tão remota. O desenho sombrio e carregado merece um comentário a parte. Em tons de nanquim bem distribuídos em que a atmosfera oitecentista nos chega com bastante nitidez. O ilustrador nos faz prender a cada página, nos transportando a uma analise depuradora de cada quadrinho e de cada sequência capaz de nos invocar o medo e o receio pelo destino dos personagens. O Ilustrador e design conhecido como Leander (ou para os amigos mais íntimos Leandro), por conseguinte, imprime com seu pincel um ritmo cadenciado ao mesmo tempo que guarda quadro a quadro a surpresa até então encoberta em cada moldura de sua arte. O outra escolha feliz por parte do Ilustrador foi ter retratado toda a atmosfera do EVANGELHO SEGUNDO O SANGUE se apropriando da estética expressionista alemã que convoca todos nós ao estranhamento e a seguir a complexa analise pesicologica dos personagens durante a Historia.

Retornemos a nossa analise do roteiro do "EVANGELHO", podemos destacar outras virtudes da HQ. A primeira esta centrada na própria figura do Roteirista Marcos Guerra, que na minha concepção é um dos talentos mais proeminentes das hqs na atualidade, dada a sua versatilidade em abordar os mais diversos temas e conseguir extrair das historias mais corriqueiras e simples uma potencialidade que poucos tem a sensibilidade de o fazer. A segunda é a forma como consegue dá uma abordagem inovadora a uma lenda tão explorada como a vampiríca em nossa realidade e com a dificuldade extra, de o fazê-lo em solo tão dificil e árido como localizando-a em uma cidade tão provinciana como Natal. Deixando-a longe dos grandes centros em que tantos autores de hqs preferem centralizar suas historias como o pólo Sul e Sudeste. De fato Guerra faz isso de caso bem pensado, porque sua historia de vampiro não entrega logo de cara este tema. A princípio não sabemos se esta é uma historia de Vampiro ou que envolva demónios e etc. Seja como for ela é conduzida especificamente buscando centralizar o terror em um crescente suspense psicológico, onde somos apresentados a insinuações de satanismo e pactos com o mal. Das quais enseja o confronto entre temas fortes e polémicos como adultério, ateísmo, morte, ressentimento, inveja e etc. Dificilmente encontramos em hqs historias que reúna roteiro e ilustração em uma simbiose tão bem coordenadas.

Os autores do Evangelho Segundo o Sangue, Marcos Guerra e Leandro, despontam nesta historia como uma boa promessa para o nosso Estado e quem sabe para o País. Longe da adoração com que alguns autores (vulgo Ilustradores e não roteiristas) de hqs do Estado são idolatrados só porque trabalham agenciados por editoras grandes e pequenas do exterior, especificamente as americanas. Marcos Guerra e Leandro lentamente vão aparecendo, sem muita pressa, buscando fazer um quadrinho "AUTORAL" como ambos admitem publicamente no Underground natalense. Os mesmos preferem assim, explicando que a liberdade de poder fazer algo diferente que não seja desenhar e retratar herois vestidos com fantasias e com super poderes que os faz parecerem mais deuses do que homens, constitui um verdadeiro desafio. Por isso que preferem continuar trabalhando em historias mais próximas da realidade e em outras que fogem do estilo americano de hqs. As influências e referências são muitas, para a produção de cada historia dos autores. Mas alguns temas são recorrentes como as temáticas que abordam o terror, a fantasia, o cotidiano e coisas do género.

Outra iniciativa e que se tornou base para muitas historias boas é a revista on line kótica que tem sido muito comentada em sites de todo o País. Além de ser ultimamente cortejada por muitos autores de fora que desejam publicar suas historias e ilustrações na mesma. A revista vem se destacando como uma alternativa para aqueles autores que não possuem dinheiro para publicar independentemente suas HQs ou para aqueles autores e ilustradores que não conseguem uma editora para publicar suas Hqs . A Kótica assim como seus responsáveis Marcos Guerra e Leandro, sofre do mesmo problema que seus criadores, a saber, devido não ter como tema super heróis ou coisas do género, ela não se destaca como algo vastamente divulgada no Estado, mas que devido ao seu teor de vanguarda em que objetiva reunir em suas páginas eletrônica o maior número possível de bons ilustradores assim como de bons roteiristas (ambos na revista tem o mesmo peso) começa a ganhar uma proeminencia na midia, principalmente a eletrônica. A proposta da revista, segundo Marcos Guerra, objetiva publicar trabalhos originais e que primem pela criatividade e pelo roteiro bem feito. Os autores que tenham seus trabalhos aceitos são incluídos na revista eletrônica e podem ter sua obra divulgada por todo o mundo virtual e servindo quem sabe, como port folio para agências de quadrinhos do exterior.

Seja como for é uma grata surpresa saber que em nosso Estado possui uma HQ com tanta qualidade quanto o Evangelho, e vale a pena lê-la e adquiri-lá guardando-a como uma verdadeira relíquia e marco da historia em quadrinhos do País como muitos ícones que conseguiram o seu lugar neste país apesar das dificuldades e do anonimato em que vivem.




Ass:

Renato M. Jota

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A favor do compartilhamento na internet!



Aos meus leitores, comunico que sou muito a favor do Download na internet, sem ele não teríamos acesso aos produtos artísticos que além de caros, nem sempre chegam ao nosso país ou cidade, por não se tratar de algo vantajoso à industria do lucro. Não compro cd/dvd pirata na rua, acho consumo de lixo, tendo em vista que posso consegui-lo de forma virtual. 


Eu baixo filme, música, seriado, livros e todo material que julgo necessário! Inclusive minhas críticas postadas nesse espaço dependem dos Downloads feitos na internet, nos blogs de compartilhamento. Não sei bem sobre S.O.P.A e P.I.P.A, mas qualquer coisa que me prive do acesso a esse material gratuito de internet que contribui imensamente à minha cultura, será repudiado por mim e pelo BLOGFASES! 



Hoje o Megaupload foi tirado do ar, muitos links dos blogs que são fonte dos inúmeros filmes que vejo e compartilho com vocês foram deletados da internet. Agradeço ao Blog Laranja Psicodélica por todos os links compartilhados. Estamos na causa! 


"Não vamos regredir no tempo e deixar esses putos foder a disseminação de cultura no país."

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Howl: Uma tomada de fôlego

"Uivo" parece o nome perfeito para o poema que marca o nascimento da contracultura, escrito por Allen Ginsberg em 1955, mas publicado somente dois anos depois, após uma briga judicial, por ser considerado obsceno e pornográfico. É a partir desse viés que os documentaristas Rob Epstein e Jaffrey Friedman constroem uma das linhas narrativas do seu filme, na qual o poema "Howl" faz o papel do réu. Ainda aproveitando suas experiências cinematográficas trazem para a cinebiografia a estética do documentário em formato "entrevista", adicionando mais uma importante linha narrativa a película. Também conta com a parceria do desenhista gráfico e cartunista Eric Dooker, que já havia publicado junto com o próprio Ginsberg uma grafic novel intitulada "Poemas ilustrados", a mesma serve de base para as sequencias  animadas do poema que completa a terceira linha narrativa. Essa é a chave experimentalista que contribui para o construção criativa do enredo do filme.

 Howl (2010) nasce do desafio de fazer uma filme sobre um poema,  e tem como plano de fundo a vida de seu autor. Torna-se assim, mais que uma cinebiografia, uma espécie de poética no sentido literário, porém contada em linguagem cinematográfica. O tom poético da narração e o seu rítmica ininterrupta marcam bem o que significa o uivo no contexto da obra: Um "Grito prolongado" ora "lamentoso" ora "furioso" após uma tomada de fôlego. Que nos mostra a liberdade de expressão em sua forma mais pura e instintiva. 

O vemos ainda entre os vários elos que unem as três linhas narrativas principais do filme uma análise literária da obra Howl como um todo, desde seus termos "pornográficos", sua questionada pertinência, sua forma, seu contexto histórico e social até sua importância artística e cultural para toda uma geração. Tudo isso nos instiga a querer devorar o poema assim que o filme termina, pelo menos para quem não o leu. Aos que já o leram, fica uma homenagem a literatura, a arte e a liberdade de expressão. 
Com uma brilhante atuação e belíssima fotografia que mescla o preto e branco e um luxuoso colorido. Howl é um filme americano, mas de linguagem universal por se apoderar da literatura com tamanha profundidade. Por vários motivos vale muito a pena ser visto.


Trailer: 

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O fenômeno Jodorowsky


Constelação Jodorowsky (1994) é um apanhado de entrevistas como promete, mas também não é qualquer entrevista, são a vida e obra do mais surrealista dos cineastas vivos e o ego de um fenômeno artístico, falando por si. Aliado um conjunto de estrelas como Fernando Arrabal, Peter Gabriel e Marcel Marceau que compõem uma verdadeira constelação de iluminados. 

Um documentário sobre o cineasta, escritor, poeta, tarólogo, mimico, ator e psicomago chileno Alejandro Jodorowsky. Nesse filme podemos conhecer um pouco do processo criativo dos seus filmes, com destaque para “El topo” e “A montanha Sagrada” suas obras cinematográficas mais conhecidas.

Jodorowsky fala sobre sua visão do mundo, o que explica o quanto surrealista e excêntrica é sua obra e toda a carga mística que apresenta em seus filmes. Além de cinema, o multi-artista que teve sua carreira iniciada no circo, também foi o fundador junto com Fernando Arrabal e Roland Topor do Movimento Pânico em 1962, eles esclarecem detalhes sobre essa experiência teatral e sobre suas propostas estéticas.

Outra figura importantíssima nesse documentário é o artista francês Moebius, que trabalhou com Jodo em sua ambiciosa adaptação do romance “Duna” de Frank Herbert, que teve seu financiamento vetado pela produtora por parecer muito francesa.

Entre filmes, livros, palestras, movimentos e roteiros Jodorowsky estuda tarô e através dele desenvolve sua psicomagia. Um estudo do homem através da sua arvore genealógica, que ele confessa ter descoberto a partir do simples ato de por cartas. Ao mesmo tempo, mostra ser um homem comum que se orgulha de sua virilidade e dos efeitos que ela produz em sua vida.

Esse documentário de certo modo é uma análise do próprio diretor  Louis Mouchet feita pela ótica jodorowskyana. Ao propor estudar a alma humana, o Jodorowsky desnuda o mundo real, nos mostrando a realidade sem roupas e as tantas películas que se pode enxergar o mundo de fantasias. É um filme sobre a magia de fazer arte. Sobre ser artista em sua máxima. 


PS: Esperando o próximo documentário sobre a saga jodorowskyana na adaptação cinematográfica do romance "Duna" de Frank Herbert:
Ai vai o trailer: