O MÁGICO

Confira essa nova animação do diretor de Bicicletas de Belleville.

BALADA DO AMOR E ÓDIO

Confira nossa crítica sobre o mais novo filme do cineasta espanhol Álex de la Iglesia.

FRIDA KAHLO EM SEIS SENTIDOS

O projeto de extensão “cores” nos convida inicialmente a um espetáculo sobre a vida da artista plástica, mexicana, Frida Kahlo.

ARTEROTISMO - UM CONVITE

Gente! Ontem eu fui ao evento #OqueDjaboÉIsso, onde tive o prazer de assistir ao ótimo espetáculo "As cores avessas de Frida Kahlo"...

"A CULPA É DA SOCIEDADE"

A sociedade é culpada: Esse foi um entre outros discursos gritados nesses dias que sucederam a “tragédia do realengo”...

domingo, 30 de dezembro de 2012

Não é preciso fim para se chegar...


Não é preciso o fim para recomeçar, enfim... o ciclo. 

Enfim o turbulento ano de 2012 chega ao seu fim. Turbulência nem sempre é uma coisa ruim, afinal precisamos mudar as coisas, desarrumar, tirar de lugar antes que tudo estagne. Com esse ano muitas conquistas, conhecimento, momentos, poesia, magia, música, cinema e muito deleite e prazeres!!! 

Realmente, assim como o +Renato de Medeiros Jota, também fui meio ausente esse ano, mas em contrapartida, recebemos o prazer de ter dois novos colaboradores conosco, que trouxeram a magia das "palavras inventadas", como fala o poeta Manoel de Barros, pra nossa página e pras nossas vidas... Agradeço muito a minha musa +Ceres Dantas e ao meu lindo +Vitor Hugo, por doarem suas palavras doces e seus acessos de criatividade pra nós. 
Saber que fiz parte do "despertar" da escrita desses dois me faz orgulhosa, neles vi talentos fascinantes e espero ver ainda muito trabalho deles nos dias que se seguem. E ainda conto com a sabedoria do meu amigo e mestre Renato, com suas dicas literárias. Crescemos muito com todos vocês. 

Foi um ano incrível. E ponto.


Para você que nos acompanha, agradeço mais uma vez o prazer de sua companhia e pra o ano que vem desejo simplesmente que mais mentes se abram pra arte e que a internet não seja só uma rede de "memes" e conteúdo passageiro. Mas também uma criadora de cultura e uma formadora de opinião, onde possamos compartilhar ainda muito conhecimento, trocar muita ideia e muita coisa interessante possa surgir. Afinal esse câmbio é uma das coisas que mais nos enriquece. 

Então, feliz 2013 pra todos o que fazem o BlogFases, muito sucesso e conquistas! Arte, muita arte, muita poesia e muita música, muito cinema e muita magia!!!!
Mais uma vez Renato me inspirando... :)

Um xêru, 

Weynna Dória

UM MAGO DAS LETRAS PARA UM ANO POR VIR

Mais um ano se aproxima e todas as pessoas rênovam suas esperanças de mudanças ou procuram (raramente) refletir as suas atitudes do ano que já passou. De minha parte, refletindo esse ano que se esvai devo pedir algumas desculpas a todos, e, mais particularmente, a minha grande amiga e musa Weynna Doria. Por todo um ano de ausência em nosso blog em que a mesma ficou com todo o peso das publicações, que aliás são ótimas. Contudo, renovo os votos a ela e a todos por um feliz ano de 2013, e que desde já continuarei junto a minha grande amiga a ajudar nas publicações com mais presença. Mas deixemos os entrementes e disse me disse desse ano e vamos postar a última de muitos outros começos de dicas de literatura e quadrinhos.


Nossa dica de hoje, dia 30 de Dezembro de 2013 consiste em indicar a leitura de um livro essêncial para quem adora ARTE SEQUÊNCIAL intitulado  Alan Moore Storyteller ( traduzido pela Editora Mythos como Alan Moore o mago da escrita) . O Livro traça todo um perfil, tanto biográfico como um relato fiel do percurso do trabalhos de um dos maiores icones da novela gráfica dos últimos tempos.  Nela encontraremos um dos relatos mais fidedignos do pensamento do Mago de Northempton e suas influências e pensamentos. Tudo isso é relatado com incrivel maestria por um grande amigo de Moore, o inglês Gary Spencer Millidge que conseguiu em um luxuoso livro transpor tudo aquilo que um neofito das hqs deve saber sobre alguém que não só escreve quadrinhos como também o utiliza como forma de abrir a "mente" daqueles que se encontram cegos pela mediocridade intelectual e midiatica.


Moore, decerto bem sabe de sua influência na cultura pop e nas midias em geral, e isso é bem explicito no relato de Gary Spancer. Contudo, não se deixa alienar por essa pseudo influência, antes, pelo contrário, se mostra avesso a fama e a qualquer prestigio que possa vir de seu nome e de seus trabalhos, pois, segundo ele "isso fecharia sua percepção para outras dimensões do individuo e da consciência" o que de fato o tornaria definitivamente um senso comum e não o levaria a nada de novo o que tanto procura.


Por tudo isso, que indico e recomendo essa leitura; seja ela para iniciados em quadrinhos, seja  para aqueles que já tem uma certa quilometragem na nona arte ou para aqueles que simplesmente desconhecem e quer entender o que é essa nobre arte da novela gráfica.


Que este ano seja magnifico e lindo para todos vocês. E espero que essa dica seja útil para alguém !


R.M.J

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

"Santa é a carne que peca"





Trágico, em certa medida melancólico e ao mesmo tempo dotado de um intenso erotismo feminino, ao ponto de nos remeter aos poemas de Florbela Espanca, Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios (2011), é um longametragem dirigido por Beto Brant e Renato Ciasca, adaptado do romance de Marçal Aquino.  
O título de cara já nos intriga e nos convida ao desafio de achar seu sentido no decorrer das sequencias. Com uma ambientação um tanto marginal, tendo como plano de fundo uma cidade ribeirinha, o problema do desmatamento naquela região e os conflitos entre madeireiros e nativos, a trama se desenrola de forma não linear, vai revelando aos poucos de maneira propositalmente inadvertida a proposta dos diretores. 
Unindo a beleza de corpos nus, drama passional, amor incondicional e atuações intensas o filme vai ganhando forma, cena a cena. O enredo gira em torno de um triangulo amoroso entre um fotógrafo forasteiro, sua musa e o missionário religioso da cidade, mas também é enriquecido por personagens enigmáticos como o palhaço, e no mínimo intrigantes como o jornalista Viktor. Mas sem dúvida a musa Lavínia, personagem da Camila Pitanga que transcende o filme em vários aspectos.

Dono de uma fotografia retratista despretensiosa, mistura poesia e imagem, fotografia e palavra. Nos envolvendo num universo bucólico e misterioso. Mesmo nas cenas mais angustiantes o filme nos mostra é que enfrentar o inferno não é nada quando o diabo é o amor. Um romance intrigante, eu diria, do tipo "amá-lo ou odiá-lo". Lembrando-se sempre que amor e ódio andam juntos...  Afinal "não existe amor sem luta".


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

HUMANA

Porque às vezes eu só tenho vontade de escrever
Quero entender os meus pensamentos
de onde vêm meus sentimentos
E, esse mundo que há dentro de mim, alinhavar
cada palavra, cada imagem.
O que é desejo e o que é revolta
o que é a paz, a calmaria, a plenitude
E, ao mesmo tempo, a incompletude
Quem é essa pessoa que escreve?
De quem é a mão que segura a caneta, que digita?
Haverá mesmo em mim um ser pulsante,
uma vibração de vida?
Ou serei eu criação aleatória e imperfeita?
(ou ambos)
Essa vontade de agradar o amado,
de querer ser compreendida, essa angústia...
Retorno a um insolúvel e típico lugar-comum.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

dezembro

O tempo é o senhor de tudo.
Um senhor bonito e vil.
Um jovem que sorri e que chora
Lágrimas infindas impermanentes.
O tempo, esse ladrão,
talvez também seja Papai Noel
que nos presenteia e inexiste
(o tempo inteiro).

domingo, 9 de dezembro de 2012

Poema II


quando eu escrevo é como se eu quisesse eternizar o instante
mas também é como se eu quisesse me despir de algo rapidamente.
é como uma tatuagem que vou riscando numa pele fugidia
e também é como uma escultura de areia.
quando eu escrevo quero dizer tudo e não digo nada
ou quero dizer nada e digo tudo; não sei.
esses meus escritos aspiram ser um pouco arte
e também querem ser um íntimo grito de liberdade .

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Versos Livres




Quebrando materiais indispensáveis
Tudo porque quero saber de todas as possibilidades do que posso ser
As vezes as cores são todas iguais, quase nunca são azuis
E na estrada me cubro com o que não se pode ver
Por trás dos cigarros sempre existe algo a se conhecer

E as coisas estão lotadas de você
E todas as coisas vem até mim
Um sonho como tatuagem me jogando pra fora do mundo.

De Autor desconhecido. 

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Uma Historia Sobre o Amor - Capítulo 3



30 Gramas


por Vitor Hugo 







Ele vinha. Todos sabiam que ele chegaria a tempo.   Fulano, o menino dos ovos de ouro, estava com tudo pronto. A entrega seria rápida. O “Receptor” receberia o pacote e partiria sem abrir a boca. João Junior, apesar de não confiar muito no plano, estava muito feliz. Seria a primeira vez que a Cadernos Enxutos iria se envolver em um negócio de peso.
- Zé ficaria orgulhoso. Diz Fulano com um sorriso de hipotenusa no rosto. 
A campainha toca, João corre para o banheiro. Não conseguiria ficar tranquilo sem antes ligar pra sua família. Percebendo que estaria sozinho, Fulano vai até a porta do apartamento, mas claro que antes pegou seu travesseiro do Startrek. Ao abrir a porta, Fulano se depara com um sujeito um tanto peculiar. Era um senhor de 13 anos, tinha uma barba grisalha que ia até a altura do pomo-de-adão, bastante alto para idade, deveria ter uns 2 metros e 12 pelas contas de Fulano. Vestia um uniforme de jogador de futebol,não dava pra identificar o clube. 

- Posso entrar? - Pergunta o jovem rapaz.
- Claro que não. Fique ai mesmo, vou buscar o pacote. Responde Fulano sorrindo como um ser humano padrão. 
Após alguns segundos, ele volta com um pacote. Não sei explicar como era o pacote, tente imaginar um pacote ou algo que seja muito parecido com um pacote.
- Pegue. E só abra quando eu fechar a porta e gritar asterisco. Pede Fulano, com os braços estendidos e o rosto virado para o sol. 
Mal o jovem barbado segura o pacote e Fulano bate a porta e corre pra trás do sofá, tudo isso enquanto dá seu tradicional grito de asterisco. Trinta gramas aparecem por debaixo da porta, mas não eram aquelas gramas que espetam quando você deita nelas numa manhã de domingo... 




[Continua]



Pra quem ainda não acompanha a saga, ai vão os links dos primeiros capítulos:



quarta-feira, 31 de outubro de 2012

LED ZEPPELIN: Uma experiência religiosa

Aviso aos navegantes que estou ausente por falta de inspiração... mesmo sem rumo esse barco a deriva não perde o prumo. Ou seja, se voltei hoje é porque algo me motivou a escrever. Vocês sabem, que fases e mais fases virão. Só digo uma coisa: estou numa fase musical... Alô família roqueira! 

O motivo de hoje é o Led Zeppelin: Celebraition day que acaba de estrear nos cinemas do Brasil. Documentário de Dick Carruthers (veterano em filmes desse gênero) mostra o show realizado em 2007, na O2 Arena de Londres, em homenagem a Ahmet Ertegun, o fundador da Atlantic Records e amigo intimo do grupo, que havia falecido. O filme coonta com a presença de Robert Plant nos vocais, Jimmy Page na guitarra e John Paul Jones no baixo e, na bateria, Jason Bonham, filho do baterista original da banda, John.

São mais de duas horas de delírio, euforia, erotismo e muuuuuuuita magia, a montagem frenética em algumas horas e envolvente em outras e a perfeição sonora transforma o filme numa verdadeira "experiência religiosa" para os roqueiros de todo o mundo. 

Além de tudo a experiência intrigante de ver um concerto de rock dentro de uma sala de cinema. Você não se transporta para o ambiente onde o show se passa, você é invadido pela música, as notas, as pessoas gritando, as palmas e até o suor dos músicos, tudo parece fazer parte de você. É um bombardeamento de informações que te deixa em transe e te completa. É algo indescritível.

Mesclando imagens em alta definição e cortes granulados de uma câmera amadora da platéia, o filme brinca com essa ideia de misturar épocas, da extrema tecnologia à nostalgia das coisas antigas. O resgate de sucessos de uma banda consagrada no século passado aliado a recursos tecnológicos dos mais recentes.

Sobre o show em si: O QUE FOI AQUILOOOOOO!? 
Perdi a primeira música, mas cheguei bem recepcionada com Ramble On, seguida de Black Dogs, num ritmo frenético sem pausa pra respirar, vocês tem noção? No meio do show John Paul Jones ocupa os teclados e o clima fica mais mistico com No Quarter, e logo em seguida erótico com Since I’ve Been Loving You e Dazed And Confused, mas volta a ficar mistico com o clássico Stairway To Heaven e mais a frente com Kashmir, você só percebe que ficou quase duas horas sentado ali olhando pra tela quando rola o "bis" (surpresa). A sensação é que o tempo não passa lá dentro da sala escura e que você poderia permanecer ali eternamente. 

Enfim, não sei bem o que estou falando aqui... ainda sob efeito dessa viagem cósmica. Acho que teremos outra sessão dia 03 de outubro. Se permitam essa experiência única. 

Um xêru. 


sábado, 6 de outubro de 2012

Versos livres


Eu quero entender
a capacidade nata de sofrer
Essa vida que vivemos
que é só sentido,
só sentimento.
E, ainda assim
ousamos crer
no imperceptível.

Se esse mar,
se essa lua sore nós,
se isso tudo é real,
vamos nos carnavalizar
comemorar a vida e
temer a morte.
Vamos nos embriagar
de conhecimento de e de caos
E depois dormir em paz.

Ceres Dantas

Recomendo: Deixar a mão livre e ter um papel por perto.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

"Viver é desenhar sem borracha"




O realismo que encontramos hoje em dia no cinema nacional, vem pondo em voga experiências tão verdadeiras e realidades tão brasileiras quando as vistas nos aclamados filmes de “favela”. Fugindo desses clichês e das apelações, o “João do caminhão” é mais um brasileiro em suas particularidades e ao mesmo tempo em demasiados aspectos tão universal. 

À Beira do Caminho (2012), terceiro filme do diretor Breno Silveira (2 Filhos de Francisco). Trabalha harmoniosamente mais um drama musical. Num estilo road movie trás uma trilha sonora impecável inspirada na obra do Rei Roberto Carlos, ótimas atuações e uma fotografia expressiva e natural. 

Tendo o eixo do enredo no personagem do caminhoneiro João, protagonizado pelo ator João Miguel (Estômago), o diretor trabalha toda a carga emocional das cenas sob suas atuações quase sempre mudas. O ator responde com perfeição e segurança a todas as expectativas, transportando em sua expressão séria a essência do filme. Que se choca, em contrapartida, com o desempenho do garoto Duda (Vinícius Nascimento), criando um equilíbrio as cenas com poucos diálogos e recheadas de sensibilidade. 

Original, a montagem usa do recurso de Flashbacks para construir a narrativa e ao mesmo tempo estabelecer ritmo as sequencias. Sem contar a sacada de pincelar passagens do longa com as sempre sábias mensagens de placas de para-choque de caminhão, como uma espécie de títulos para pequenos capítulos da história. 

Roteirizada por Patrícia Andrade, a história tem enredo simples e bem amarrado. Simples e emocionante como uma musica do Roberto. Certeira e profunda como frases de para-choque de caminhão. Despretensioso e sem dúvida um bom filme.

Sinopse: 
A emocionante história de João, um homem que encontra na estrada uma saída para esquecer os dramas de seu passado. Por acaso ou sorte, seu caminho se cruza com o de um menino em busca do pai que nunca conheceu. A partir desse encontro, nasce uma bela relação que movimentará o delicado equilíbrio construído por João para enfrentar seus fantasmas. De Breno Silveira, o diretor de 2 Filhos de Francisco, À Beira do Caminho evoca e se inspira em letras de sucessos de Roberto Carlos.

Trailer:

terça-feira, 31 de julho de 2012

Arte Sequencial: Por onde começar?


EducArte é um super evento de instrução + cultura + entretenimento. Sua primeira edição será na cidade de NATAL (RN), nos dias 3 e 4 de agosto 2012, e a arte abordada no evento será ARTE SEQUENCIAL (ou Quadrinhos).


PUBLICO ALVO
O evento é direcionado para educadores, quadrinistas e fãs da Arte Sequencial em geral. Haverá também algumas atividades práticas com crianças.

OBJETIVO AOS EDUCADORES
Incentivar professores e educadores a utilizarem a Arte Sequencial em sala de aula, como forte ferramenta de ensino que é, e instruí-los como faze-lo. Para tanto, são 2 dias de programação variada, entre palestras, workshops, entrevistas e debates com profissionais do ramo, de forma que o público seja capacitado para executar o que aprendeu.









OBJETIVO AOS QUADRINISTAS

Divulgar quadrinistas e suas obras, além de incentivar e instruir jovens talentos a investirem na Arte Sequencial, como hobby e/ou profissão. Para tanto, são 2 dias de programação variada, entre palestras, workshops, entrevistas e debates com profissionais do ramo, de forma que o público seja capacitado para executar o que aprendeu.


OBJETIVO ÀS CRIANÇAS
Instruir com entretenimento, através de histórias, teatros, gincanas, brincadeiras e outras diversas atividades.

FAÇA SUA INSCRIÇÃO NA LIVRARIA NOBEL E RECEBA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA DO EVENTO - Av. Senador Salgado Filho 1782, Tirol (em frente ao Hospital Walfredo Gurgel), em Natal (RN), das 8h às 19h (dias úteis)
R$ 15,00 - ANTECIPADO
R$ 20,00 - NO EVENTO


LOCAL
O evento será realizado na própria Livraria Nobel.  Por isso é imprescindível a retirada da sua inscrição/programação na própria Livraria Nobel.

Aproveite! Faça sua inscrição! Convide amigos! Divulgue para todos, pois todos saem ganhando neste evento!


TIRE SUAS DÚVIDAS
Laura Branco:   (84) 8104-6630 / 9686-1494 / laurabranco.12@gmail.com
Leíze Maria: leizemaria@hotmail.com

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Desbiografando o poeta - Só 10% é mentira



"O prego que farfalha"
Entre versos, descobertas, noventa por cento de invenção e só dez por cento de mentira nos encantamos com a cine-desbiografia do poeta sulmatogrossense, Manoel de Barros. Misturando entrevistas exclusivas do escritor, de artistas, admiradores e claro algumas histórias inventadas, o longa nos transporta para o universo fantástico do "poeta da palavra". 

Manoel fala sobre seu processo criativo, suas três infâncias e sobre a virtude de ser inútil, da qual tanto se orgulha. Tudo isso, após comprar o ócio e tornar-se “Vagabundo profissional”. 

Nos dão ainda o ar de sua graça algumas figuras como Palmiro: "O consultor linguístico", Paulo: "O inventor de coisas inúteis" e Salim: "O guia de idioleto manuelês". Sem contar na memória sempre estimada de Bernardo, alterego do escritor. 

Com simplicidade e sutileza o filme encarna o “idioleto manuelês”, e é a prova que “imagens são palavras que nos faltaram”, como já dizia o poeta. Rica em detalhes, hora minimalista, a fotografia retrata cores e texturas comuns ao nosso cotidiano, mas que vistas com olhos atentos, também se transformam em poesia. O que não é imagem, no filme, é “desenho verbal” e vice-versa. Fácil se contagiar e se maravilhar com o “fenômeno da linguagem” que toma conta da tela. Curioso ver como o diretor imerge nessa poética e faz do seu filme não só um documento precioso, mas também um pedacinho de invenção. Dentro desse universo de "Só dez por cento é mentira", tudo que não se inventa é falso, e nessa brincadeira nos perdemos no “deslimite da palavra” pra nos encontrar, no fim. 

O poeta é o ser que inventa, que usa a imaginação, e é a imaginação , segundo Manoel, que “transvê o mundo”. Só através da percepção sensível podemos alcançar a poesia e deixar que ela nos alcance. A razão segundo o poeta pode servir para muita coisa, mas não pra ler poesia. A razão suja a natureza da palavra. Na poesia a palavra toma vários sentidos e significados, dá novos comportamentos, “coisifica o humano, humaniza os vegetais e vegetaliza os animais”. Objetos e paisagens tem liberdade nas palavras do poeta e ficam muito mais interessantes quando fazemos o exercício de imaginar.

Manoel de Barros desenha o mundo com lápis e imaginação, nos mostra um jeito novo de ver o mundo, olhar com olhos atentos, sem a ambição de ver algo, apenas focar no desfoque. Imaginar! Inventar! Transver!

O documentário é um presente aos amantes da literatura, da poesia e da liberdade. Enxergar o mundo com os olhos de uma criança é a liberdade que nos falta, e a poesia do Ser inútil, Manoel de Barros, nos proporciona a sensação de ser livre.


Só dez por cento é Mentira - 2008


Direção: Pedro Cezar
Roteiro: Pedro Cezar

Direção de Fotografia: Stefan Hess'
Gênero: Documentário
Origem: Brasil
Duração: 76 minutos
Site oficial: http://www.sodez.com.br/
trailer:




sexta-feira, 6 de julho de 2012

De olhos bem fechados (Crítica)


Olá, desculpem a ausência esses dias, foi por falta de inspiração. Voltei com crítica nova de um filme não tão novo assim. Mas que me fez ter vontade de escrever. Espero ter mais filmes que me motivem a escrever, as salas de cinema não andam motivando ninguém ultimamente. Enfim, espero que gostem, e desculpem a falta de jeito também, estava ficando enferrujada...

Xêru e boa leitura! 

***

É um risco falar qualquer coisa sobre a ultima obra de Stanley Kubrick, o quase filme póstumo, De olhos bem fechados (1999)

Ao mesmo tempo, não dá pra deixar de pensar que foi feito por ele, pois Kubrick aparece em cada sombra e em cada iluminação, mesmo que muitos digam o contrário. De fato, trata-se de um Kubrick despretensioso, mesmo no fim da vida, ainda extremamente caprichoso. 



A primeira cena em que Nicole Kidman, de costas, deixa cair seu vestido, expondo seu corpo nu, e perfeito, me faz lembrar das palavras de Agabem em seu artigo "O niilismo e a beleza dos corpos" onde ele defende: "Que a nudez de um corpo bonito pode ocultar ou tornar invisível o rosto..." Mais a frente citando Cármides de Platão, completa: "se ele aceitar despir-se, crerás que ele nem sequer tem um rosto". 
E é com esse clima que nos deparamos em grande parte do filme. Rostos famosos e incrivelmente belos como os de Tom Cruise e Nicole Kidman quase que se apagam diante da nudez de inúmeros corpos. Sem contar que o enredo vai muito além de corpos, mesmo tendo neles a ferramente perfeita para direcionar o contexto da história, o suspense psicológico é sem dúvida o fio condutor brilhantemente usado pelo diretor.

Mas tentarei analisar a obra pela obra, sem que o peso do autor sobre o filme venha ganhar mais proporções, mas repito, isso é uma tarefa arriscada. 
O filme que a primeira vista me parecia apenas um romance, se revela estranhamente assustador. Algo que começa com os problemas cotidianos de um casal evidentemente em crise, passa a se desenrolar como uma trama perigosa e te pega desprevenido, ao ponto de te levar a pensar: "o que me levou a ver esse filme mesmo"? ou até "que filme é esse mesmo"?

Cenas, muitas vezes sem sentido, sem proposito, confusão, diálogos mortos e muita paranoia. As cenas sem sentido provocam a sensação de uma grande conspiração e isso torna a trama envolvente, histórias paralelas, aparentemente sem elo com o eixo do roteiro, tornam tudo um pouco confuso, mas de forma alguma o filme fica menos atraente. Talvez essa coisa meio despropositada, seja o que torna essa obra tão interessante. Essa atmosfera estranha faz "De olhos bem fechados" um filme marcante.  
A estética dos ambientes com suas insistentes luzes de natal é intrigante e perturbadora. De uma plasticidade apática que trás um clima constrangedor de “festa”, encobrindo as relações doentias que as aparências teimam em disfarçar. A trilha sonora é grandiosa e seu ar de ópera dá um ritmo dramático e necessário para as sequencias. 

O filme se revela um drama psicológico dos melhores, e ainda uma crítica à sociedade das mascaras, e a toda a falsa moral sob o desejo contido. Uma crítica à hipocrisia das convenções sociais e uma bela homenagem ao corpo nu. Afinal, vemos um desfile de corpos perfeitos, onde os rostos não podem ser cumplices, para isso trazem uma mascara que encobre a face rosada pela vergonha da nudez. Voltando novamente a Agabem, parece que só a cumplicidade do rosto dá ao corpo nu a ausência de segredo. E esse jogo é muito bem articulado durante todo o filme. Os corpos que aparecem nus tendo o rosto como cúmplice estão sempre desfalecidos, e isso é no mínimo intrigante. 
Não posso falar mais... Nada é explicito nesse filme, exceto algumas cenas de sexo, então não esperem grandes conclusões (muitas vezes você terá que criar-las) e nem finais hollywoodianos. Apenas o sentimento que mesmo após grandes experiências de nossas vidas, tudo tende a seguir o curso...
Eu falo tudo e não quero dizer nada, apenas que é surpreendente. Pode não ser uma obra prima, como fala a maioria, mas sem dúvida é um filme que não devemos deixar de ver. É marcante e perturbador, visivelmente um filme de autor. 



terça-feira, 3 de julho de 2012

Inclemente



Sinto o tempo me escorrer pelas mãos
numa montanha-russa sem fim.
Sinto pedaços de mim ficarem pra trás
e outros que chegam sem nenhum aviso.
Há dias em que o tempo
me é um amigo precioso.
Há dias em que o tempo
é o maior ladrão com quem poderia
me deparar.

Ceres Dantas

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Uma Historia Sobre o Amor [continuação]


Capítulo 2 - Sentimento marroquino

Por Vitor Hugo


Despertador toca. São 14 e 25 da tarde, para Pedro Paulo é a hora perfeita para acordar e abrir as janelas. Levanta-se, da batidas no smoking (que usa como pijama), samba por uns instantes no centro de seu quarto e vai até a única janela do cômodo. É uma janela enorme, horizontalmente tem o tamanho de um bico de pelicano macho, já adulto, aumentado 12 vezes. Após abrir a janela ele se dirige até a sala onde encontra seu amigo Fulano sentado no sofá. Ele estava com os pés em cima do centro de vidro, coisa que Pelintra detestava e que sempre causava brigas entre os dois. Fulano sorri, um sorriso malicioso de quem está prestes a fazer algo grandioso. Pelintra o olha com expressão de ira, aquela expressão que só é vista nos olhos de pinguins quando algo está prestes a explodir. Antes que Zé começasse seu discurso sobre como o centro de vidro fica irritado quando alguém coloca os pés nele, Fulano tira do bolso de sua jaqueta preta uma pequena caixinha de presente. É uma caixinha rosa enrolada numa fitinha roxa.
             
Hoje é sabido que se, longe dali, no Marrocos pra ser mais preciso, uma criança não tivesse sido atropelada causando no Polo Norte o afogamento de um urso que por sua vez causou a descoberta de uma ossada de dinossauro na Austrália, Zé Pelintra viveria tempo suficiente pra nos contar o que viu na caixa, quando a tomou rapidamente da mão de Fulano e a abriu. Pelintra teve seu óbito confirmado as 14 e 45 da tarde daquele mesmo dia. Por conta do ocorrido, essa história precisou de um novo protagonista. Protagonista esse, decidido por uma moeda lançada pela minha mãe às 20 horas e 38 minutos do dia 14 de Junho de 2012. Entenda como quiser.


Ainda continua... 

terça-feira, 29 de maio de 2012

Uma História Sobre o Amor




Por Vitor Hugo

Capítulo 1 - Espirais do amor

Essa é uma história contada por alguém que não sabe contar histórias. Escrita por alguém que não domina a língua que fala e que não tem talento nenhum pra criar qualquer coisa que seja. Por isso, posso lhe garantir que tudo que será exposto é real. Desde o homem que usava uma caneta como martelo até o sapato que não queria tocar o chão.
            Essa é a história de um homem. Um homem cuja vida era algo sem azeite. Seu nome era Pedro Paulo, conhecido como Zé Pelintra, o pobre dono da fábrica de espirais Cadernos Enxutos.
            Não existem outras fábricas de espirais em todo o planeta. Geralmente os espirais dos cadernos são feitos nas próprias fábricas de cadernos. Pedro Paulo achou que seria um grande negócio ter uma empresa especializada apenas nos espirais. Então você já deve ter deduzido o porquê da pobreza de Pedro Paulo.        
Na Cadernos Enxutos trabalhavam três pessoas: Pedro Paulo (o dono), João Júnior (o amigo do dono) e Fulano (nome fictício dado a esse personagem pouco importante na história). Eles derretiam o plástico numa frigideira aquecida a exatos 134 graus Celsius e depois o moldavam no formato de espiral numa máquina chamada Saco de Batatas, criada por Fulano nos anos de sua mocidade.
Conhecidos na região onde viviam como "os três patetas", tinham o sonho de conseguir construir a primeira empresa de espirais fora do planeta terra. Mas como a história se passa no ano de 1985 é sabido que isso nunca iria acontecer.
          Tudo acontece em algum lugar no Sul do Equador. Desculpem-me só citar isso agora, mas é que o lugar é de pouca importância. Na verdade eu resisti bastante antes de resolver dar a localização de onde a história acontece, já que alguns dos personagens ainda vivem por lá. Para não ficar vago, será dado um nome fictício também a cidade e ao bairro. Mas não será dado agora, porque antes é preciso descrever a aparência física de nosso protagonista.
Zé Pelintra (ou só Zé se você o conhecesse a mais de 46 segundos) tinha cabelos enormes que saiam de suas orelhas e era careca. Calçava 42, tinha olhos verde musgo e uma boca com lábios praticamente sem carne. Usava um belo par de óculos escuros sem as lentes e tinha uma tatuagem na altura das costelas. Era uma tatuagem especial que fez no aniversário de 8 anos de sua filha do meio. Um desenho em preto e branco de um pato cuidando de dois ovos de galinha.
Zé (ou só Ele se você for o narrador da história) não se divertia muito. Dizia para as pessoas que só tinha duas coisas que gostava de fazer: A primeira era comer carne de porco, com bastante gordura, enquanto assiste a vídeo aulas de tai chi chuan. E a outra, era imaginar que um dia atenderia uma grande demanda de pedidos, em sua fábrica localizada em alguma parte de marte. Mal sabia Ele que no dia 25 de outubro de 1985, exatamente às 14 horas e 32 minutos, receberia uma noticia que lhe daria uma terceira forma de diversão.

[Continua... ]

terça-feira, 15 de maio de 2012

Noite de Arte!


Natimorto - Ceci n'est pas un film





Um conto claustrofóbico mostra a relação doentia de um casal de inominados, ambientado em meio a carpetes, papel de parede, fumaça de cigarros, café, luzes neon e rancores vomitados. Essa é a sinopse de Natimorto (2009), uma preciosa adaptação imagética do romance (O Natimorto – Um musical silencioso) do desenhista, escritor, ator e dramaturgo Lourenço Mutarelli
Narrado em primeira pessoa, o livro de linguagem teatral e personagens sem nome, mencionados por Mutarelli pelas alcunhas de O agente e A voz, constroem uma trama gerada inicialmente pela provável empatia entre fumantes, que se transforma e cresce cancerosamente a cada carteira de cigarros. No filme, Simone Spoladore (Lavoura Arcaica) faz o papel da Voz, uma cantora lírica (com a tecla de mudo precionada), o Agente, que não tem ação para nada, é interpretado de forma inocente pelo próprio Mutarelli.


Provocado pelas angustia da existência, o drama apresenta personagens insólitos. O enredo se estabelece a partir da peculiaridade desses personagens; o Agente tem a incrível habilidade de contar histórias e também de desenvolver teorias sem causa, ele traça um paralelo entra as mórbidas imagens impressas no verso das carteiras dos cigarros e os arcanos das cartas do tarô, criando a partir da interpretação das imagens anti-fumo previsões de como será seu dia. Acredita encontrar na Voz, uma jovem meiga, aparentemente vulnerável e arrogante, de talento apenas apreciado por ele, a companhia perfeita para dividir seus solitários dias em um quarto de hotel. Quando se apodera do conceito filosófico de Solidão, ele argumenta à Voz que a sociedade não é capaz de reconhecer o talento de ambos, o melhor seria “esquivar-se da sociedade, na qual, ao tornar-se numerosa, a vulgaridade domina”, como assim pensou Schopenhauer. 

A estética das cenas fazem referencias claras ao misticismo das cartas do tarô e se mesclam entre cortes, recortes e flashbacks, lembrando Aronofsky em seus primeiros trabalhos. O montador, Oswaldo Santana dá a dinâmica necessária pra que consigamos suportar a experiência de tantos minutos de conversas, hora angustiantes, hora persuasivas.  As narrativas em off feitas pelo músico Nazi dão o mesmo caráter subjetivo encontrado no livro. A bela fotografia de Lito Mendes nos trás cores cruamente contrastantes e uma ligeira granulação de ar intimista. A trilha minimalista, nesses filmes claustrofóbicos cria um clima surreal.  Tudo isso torna o filme desafiador e viciante como nicotina. 
Para o diretor Machline, Natimorto é “uma história de amor”, porém observamos de forma contraditória que o que menos se “enxerga” nas cenas do longa é aquele sentimento dotado de características sublimes que vemos nos romances, talvez algo mais platônico. De fato há um romance perturbador, uma novela de terror onde a solidão (na companhia de si mesmo) acaba por mostrar a subjetividade que por hora se esconde até de nós mesmos. O ato narcisista de se ver refletido não quer dizer se enxergar, pois, nisso só vemos a aparência comum a todos. Longe das aparências, no poço mais profundo de nossa existência que vemos o que realmente somos. Voltamos ao pensamento schopenhaueriano, em que "na solidão, onde todos se veem limitados aos seus próprios recursos, o indivíduo enxerga o que tem em si mesmo”. A história trata da transformação provocada pela descoberta do monstro que cada um tem dentro de si. Na solidão o homem vê seu monstro se revelar e crescer, como numa metamorfose Kafkiana.

Jeune fille mangeant un oiseau (Le plaisir)
Diante da descoberta do seu monstro interior, o Agente definha afogado em café e na fumaça de seus cigarros contempla sua própria insignificância. “Porque na solidão o mesquinho sente toda a sua mesquinhez, o espírito elevado toda a magnitude de sua grandeza; em suma, cada qual sente aquilo que é,” - justificaria Schopenhauer. O Agente inveja o natimorto, que viveu uma vida intrauterina, sem ter sido obrigado a convivência na sociedade, morreu puro, tendo apenas a si. Inspirando-se na figura antifumo, o Agente mesmo sabendo que "fumar provoca impotência sexual", acende mais um cigarro e vai além... para se ver livre dos falsos prazeres do mundo, torna-se assexuado por opção, ou porque, o que vem do mundo não lhe excita. A presença lasciva da mulher, que demonstra pureza apenas em sua voz, desperta e provoca o desejo que ele repudia. Por isso “verte sêmen como se fossem lágrimas, chora pelo órgão reprodutor infecundo”, sem que ela nem sequer esteja presente, goza sua ausência. Mesmo que diferente, essa mórbida relação do casal, em certos momentos aparece tão sombria quanto em Anticristo (2010) de Von Trier e em outros momentos, tragicômica como em A Erva do rato (2008) de Júlio Bressane.


Não é uma superprodução, ou um grande filme, mas uma grande história, amparada por uma gama de recursos técnicos que asseguram a fidelidade e a qualidade de uma história bem contada. Como sabemos, há várias formas de se contar uma história e a adaptação cinematográfica que lhes apresento é sem dúvida uma das formas mais fiéis. Cheio de grandes referências filosóficas e artísticas, que vai da ironia de Baudelaire a Nietzsche. 
Realmente uma ótima releitura de Mutarelli, em seus diálogos instigantes, seu humor negro, sua maldade inteligente e bem destilada. Pode não parecer, mas tudo isso é sutilmente belo e grandioso. 
Natimorto, não é somente um filme, é arte, filosofia e psicanálise; não serve  como divertimento, embora provoque algumas risadas, duvido que alguma pessoa se distraia frente a ele e que saia ilesa após a experiência, digo, sem reflexões ou angustias. Um Musical Silencioso, uma atmosfera cancerosa e sufocante que violenta nossa consciência e suprime nossa paz. Não aconselho aos que forçosamente procuram a felicidade fora de si. 


Referências:
(Arthur Schopenhauer, in Parerga e paralipomena - Aforismos para a Sabedoria de Vida )


Trailer:


Acho que vale a pena, pra finalizar, um poema do Baudelaire que lembra muito a atmosfera do filme Natimorto.



O QUARTO DUPLO





Um quarto que parece um devaneio, um quarto verdadeiramente espiritual onde a atmosfera estagnante é ligeiramente tingida de rosa e azul.

A alma toma um banho de preguiça, aromatizada pelos pesares e o desejo. É algo de crepuscular, de azulado e de rosado; um sonho de volúpia durante um eclipse.

Os móveis têm as formas alongadas, prostradas, lânguidas. Os móveis têm o ar de que sonham; diríamos dotados de uma vida sonambúlica como um vegetal ou um mineral. Os tecidos falam uma língua muda como as flores, como os céus, como os sóis poentes.

Nas paredes nenhuma abominação artística. Relativamente ao puro sonho, à impressão não analisada, a arte definida, a arte positiva é uma blasfêmia. Aqui tudo tem suficiente clareza e a deliciosa obscuridade da harmonia.
Um aroma infinitesimal da mais original escolha, ao qual se mistura uma levíssima umidade, flutua nessa atmosfera, onde o espírito sonolento é embalado por uma sensação de estufas aquecidas.
A musselina chora abundantemente diante das janelas e diante do leito; ela se derrama em cascatas de neve. Sobre esse leito está deitado o Ídolo, a soberana dos sonhos. Mas como ela está aqui? Quem a trouxe? Que poder mágico instalou-se nesse trono de devaneios e volúpia? Que importa! Ei-la! Eu a reconheço.
São esses olhos cuja flama atravessa o crepúsculo; esses sutis e terríveis olhares que eu reconheço em sua assustadora malícia! Eles atraem, eles subjugam, eles devoram o olhar do imprudente que os contempla. Já estudei muitas vezes essas estrelas negras que comandam a curiosidade e a admiração.
Por qual demônio benevolente devo eu ter sido envolvido assim de mistério, de silêncio, de paz e de perfumes? Ó beatitude! Isso que nós chamamos geralmente de vida, mesmo em sua expansão mais feliz, nada tem de comum com essa vida suprema que, agora, eu conheço e saboreio minuto a minuto, segundo a segundo.
Não! Não há mais minutos, não há mais segundos! O tempo desapareceu; é a Eternidade que reina, uma eternidade de delícias.
Mas uma pancada terrível, fortíssima, ressoou na porta e, como nos sonhos infernais, pareceu-me que recebia um golpe de uma enxada no estômago.
E depois um Espectro entrou. É um oficial de justiça que vem me torturar, em nome da lei; uma infame concubina que vem exibir sua miséria e juntar as trivialidades de sua vida às dores da minha; ou então um jovem secretário de diretor de jornal que vem reclamar a entrega de um manuscrito.
O quarto paradisíaco, o Ídolo, a soberana dos sonhos, a Sílfide, como dizia o grande René, toda aquela magia desapareceu com o golpe disparado pelo Espectro.
Horror! Eu me lembro! Eu me lembro! Sim! Este chiqueiro, este ambiente de eterno desgosto está bem dentro de mim. Vejam os móveis burros, empoeirados, capengas, a lareira sem chamas e sem brasas, suja de escarros, as tristes janelas onde a chuva traçou seus sulcos na poeira; os manuscritos rasurados ou incompletos; o almanaque onde o lápis marcou as datas sinistras!
E esse perfume de um outro mundo, com o qual eu me embriagava com uma sensibilidade aperfeiçoada, ei-lo substituído por fétido odor de tabaco misturado a um mofo nauseabundo. Respira-se aqui, agora, o ranço da desolação.
Nesse mundo estreito, mas tão repleto de desgostos, um único objeto conhecido me sorri: a garrafinha de láudano; uma velha e terrível amiga, como todas as outras. Oh! fecundas em carinho e traições.
Oh! Sim, o Tempo reapareceu, o Tempo reina soberano agora; e com o horroroso velho voltou todo o demoníaco cortejo de Lembranças, de Arrependimentos, de Espasmos, de Medos, de Angústias, de Pesadelos, de Cóleras e de Neuroses.
Eu vos asseguro que os segundos agora são fortemente e solenemente acentuados e cada um saltando do pêndulo diz:
“Eu sou a Vida, a insuportável, a implacável Vida.”
Só há um Segundo na vida humana com a missão de anunciar uma boa nova, a boa nova que causa em cada um de nós um medo inexplicável.
Sim! O Tempo reina, ele retomou sua brutal ditadura. Ele me empurra, como se eu fosse um boi, com seu duplo aguilhão. “Eia Vamos, então, burrico! Sua então, escravo! vive, então, condenado!

(Pequenos poemas em prosa/Baudelaire, Charles)