O MÁGICO

Confira essa nova animação do diretor de Bicicletas de Belleville.

BALADA DO AMOR E ÓDIO

Confira nossa crítica sobre o mais novo filme do cineasta espanhol Álex de la Iglesia.

FRIDA KAHLO EM SEIS SENTIDOS

O projeto de extensão “cores” nos convida inicialmente a um espetáculo sobre a vida da artista plástica, mexicana, Frida Kahlo.

ARTEROTISMO - UM CONVITE

Gente! Ontem eu fui ao evento #OqueDjaboÉIsso, onde tive o prazer de assistir ao ótimo espetáculo "As cores avessas de Frida Kahlo"...

"A CULPA É DA SOCIEDADE"

A sociedade é culpada: Esse foi um entre outros discursos gritados nesses dias que sucederam a “tragédia do realengo”...

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

ENTREVISTA COM ROTEIRISTAS DE HQS POTIGUARES




EMENTA: O objetivo dessas entrevistas é ressaltar o modo próprio de ser da profissão e trabalho do roteirista/argumentista nas obras de Historias em quadrinhos do RN, procurando mostrar como e o por quê o roteirista faz suas escolhas em detrimento do desenvolvimento de uma historia ao invés de outras. Buscando com isso, responder para o grande público leitor de hqs o que os motiva ou faz optar por contar historias do que ser um mero reprodutor delas. Além de compreender suas reflexões, anseios e opiniões sobre os quadrinhos potiguares e suas especificidades.

Mini biografia:

Formado em Educação Artística: Artes plásticas. Fundou a K-ótica, como revista on line  em 2009 e posteriormente como Loja e curso de quadrinhos. No começo de 2014, lança a Graphic Novel “Evangelho Segundo o Sangue” ( a primeira do Estado do RN). É roteirista e ilustrador de HQs, também exerce a função de editor na equipe K-ótica, além de já ter públicado outras obras em quadrinhos tais como “Titanocracia”, “Condenável vida de Griswold” entre outras públicações.



ENTREVISTA:

1 – Bem agradeço a disponibilidade de tempo, do ilustre roteirista para essa entrevista e já começo perguntando o que o levou a fazer roteiros sobre quadrinhos?

O roteiro e a escrita me aconteceram de forma bem aberta. A prática do RPG, teatro e produção de texto dramático me interesseram desde cedo. Culminá-los no universo dos quadrinhos provavelmente se deu por ser uma área muito querida, que se mistura profundamente com minha formação de leitor e artista visual, pois também ilustro minhas histórias.

2 –Ok, então sabendo de suas motivações gostaria de aprofundar mais o conhecimento sobre as hqs que te influenciaram, despertando você para esse universo dos quadrinhos?

Vejamos... A primeira história que li, do Rei Kull, do Roy Thomas e John Buscema, é a imagem primordial que tenho à cabeça, cheia de mágica e mistério, sem dúvida responsável pelo meu gosto recorrente pela temática medieval. Logo em seguida, aponto a fase de Walt Simonson para o Poderoso Thor, onde o assunto se aprofunda até um raro teor épico ser alcançado! Depois, os quadrinhos adultos me aconteceram! Nessa transição, conhecer o Monstro do Pântano de Moore foi fundamental, e o Sandman de Gaiman, igualmente! Mas foi com Promethea, do Mago Inglês que eu senti que realmente poderia fazer quadrinhos como os que faço hoje em dia. Sinto que o que faltava de experimentalismo em mim, depois desses anteriores, só se tornou seguro depois de ler as obras do mestre Jodorowsky, como A casta dos Metabarões e O Incal.

3 – Então, observando suas motivações e influências quais os gêneros ou tipos de historias você desejaria escrever para os futuros leitores de seus quadrinhos.

Épicos regionais e trabalhos surreais ou poéticos. Tenho uns montes de Quadrinhos ambientados em certos períodos da História da Arte que desejo muito lançar em 2016.

4 – Muito bem, gostaria de saber como é sua forma de escrever roteiros que abordem os mais diversos temas, além de se possível for, me responder qual a sua posição quanto a abordagem de temas delicados que por acaso você venha ou tenha escrito  e que nem sempre são temas muito faceis de serem abordados e aceito pelo grande público leitor?

Pergunta complicada. Meu metódo é imaginar a história primeiro, conversar com alguém e sentir se é animador, se cria ansiedade. Eu desenvolvo o resto a partir dessa energia, como se com um apoio, e eu normalmente busco me animar também! Desenvolvo pesquisa e organizo manuscritos, digitações e arquivos de pesquisa numa pasta bem organizada, de onde vou decupando elementos. Reviso até o último momento, por isso sou eu que faço o baloneamento e letreiramento de todas as minhas histórias, sempre revisando até o instante final. Quanto aos tais assuntos delicados, tento ter liberdade criativa dentro de um argumento no mínimo razoável. Creio que o ser criativo tem que ter preponderância perante o choque entre sua realidade imaginada e a dita verdade consensual caso ele mantenha essa distância no tom da aplicação artistíca como fim.

5 – Você possui alguma pretensão de desenvolver uma a estética própria em sua escrita que tenha como objetivo experimentar através de seus roteiros?

Como disse antes, me interesso exatamente por essa categoria de roteiro, com uma certa fusão entre palavra e imagem que transcenda os balões e narrativa visual linear. Claro que cada história tem sua especificidade, por isso, estou guardando algumas coisas realmente malucas para futuros trabalhos! (risos).

 6 – Essa pergunta é cabciosa, para não dizer sacana, mas necessito fazê-la, você se considera um roteirista de que tipo? Comercial que escreve para vender e divulgar o seu trabalho apenas, Independente que objetiva escrever para um determinado público, desejando uma liberdade maior de criação ou ser Alternativo (underground) que procura a experimentação e a liberdade de expressão, apenas, sendo que o público consumidor seria apenas uma consequência e não o objetivo principal?

Alternativo. Mas eu acredito que essa linha pode trazer interesse de um grande público, porque creio em sua qualidade. Os padrões não servem para enquadrar tudo nem todos. Algo escapa. Creio que nosso público é assim, bem como nossos quadrinhos.

7 – Muito bem, considerando que como quadrinista inserido em uma região do país, a nordestina em que temos a carência de tudo há decadas, qual a perspectiva atual do mercado de Hqs nessa região e especificamente, o quadrinho potiguar?

Não há um mercado relevante, mas há um, digamos, proto mercado. Como não tenho tendência direta ao teor mais comercial em meu trabalho, creio que é esse perfil novo que está se inflando em discurso e prática vai mudar ainda muito do que se entende sobre as possibilidades do Quadrinho potiguar, para melhor, mas dificilmente para uma realidade mercadológica atrelada imediatamente aos moldes pré-prontos do Sudeste.

8 – Nessa perspectiva, gostaria de saber quais as hqs POTIGUARES lhe despertaram alguma curiosidade e lhe surpreenderam em algum sentido esse ou em outros anos?

"Os Notáveis", de Beto Potyguara é divertidíssimo e competente. "O boneco", do projeto primeira edição, me impressionou. A história "Caim e Abel", de Carlos Alberto "Galego", embora mais conhecido como ilustrador, tem um roteiro igualmente inquietante e surpreendente.

9 – Confesso que já fiz uma lista de roteiristas potiguares que gosto, mas serei sacana e restringirei a lista a três roteiristas que você considera nos últimos tempos que produziram historias interessantes e se possivel, fizesse um pequeno comentário sobre sua opinião a cada um deles e suas obras?

A Revista Avoante, de João Antonio e colaboradores, lançada em Currais Novos, tem na assinatura de seu roteiro não só a crítica inteligente, como um senso de humor quase mórbido, assinada pelo mesmo, que indico como número 1 na minha lista. Um segundo a citar seria Mário Rasec, que tem afinado seu texto com uma sensibilidade esquizóide diferenciada, estando ele também explorando novas possibilidades visuais. E cito, em igual patamar de importância, o roteirista Renato Medeiros, pela sua somatória de criatividade com diálogos vivazes e repletos de regionalismo. Sua pesquisa pelo quadrinho regional fez com que se debruçasse sobre personagens de um povo a quem raramente dão voz.

10 – Não precisa dizer que se você esta sendo entrevistado por mim é por que já o considero uma promessa para o panteão dos roteiristas Potiguares e promessa de grandes historias para o futuro, além disso espero muito de você, mas fora essa pressão psicológica qual suas perspectivas de roteiros futuros e qual os outros gêneros de historias gostaria de escrever?


Este ano pretendo fechar os seguintes roteiros: "Quando os Anjos queimaram", uma história de Ficção histórica que trata de um ataque nazista à cidade de Natal, "Ametisto Pó-de-estrela e os escorpiões de júpiter", uma ficção cientifíca surreal livremente inspirada na obra musical de David Bowie, quero produzir meu primeiro trabalho de humor na K-ótica, chamado de "Gogoboy".  

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O QUANTO VOCÊ CONHECE SUA MENTE?




Bem aqui estou tentando inovar e propor a TODOS os leitores de hqs do RN fazer uma pequena ou não RESENHA, estejam a vontade para estabelecer os limites, tendo como objetivo HQs Potiguares lidas por vocês e que causaram algum tipo de sentimento. Inaugurarei essa empreitada, diga-se ousada de passagem, com um também ousado e fantástico leitor e admirador da nona arte e das HQs e dos autores do RN, seu Nome Elinaldo Aurino e o nosso resenhista e autor do texto. Fiquem a vontade para lê-lo por que gostei muito do que li e rêli várias vezes. E ele dizia que não sabia fazer resenhas, ah fala serio Elinaldo!


RESENHA DA HQ TEMPESTADE MENTAL

Desde tempos remotos, temas relacionados a mente humana exercem fascínio e suscitam questionamentos profundos acerca desse território tão pouco mapeado. Paranormalidade, parapsicologia, psicocinese, telepatia, estas são apenas as mais conhecidas e mais pesquisadas temáticas que englobam o imenso cosmos mental da raça humana. Agora imagine esses mistérios a luz da Nona Arte. Esse exercício mental já foi transposto para a Arte Sequencial através dos lápis e pincéis de dois talentosos autores da nova leva de quadrinistas potiguares que tem agradavelmente surgido nos últimos anos. Tempestade Mental: Gênese é essa obra.  Brilhantemente roteirizada por Renato Medeiros e habilmente desenhada por Rodrigo Xavier. O quadrinho nos leva as profundezas da mente de Mateus jovem rapaz cuja morte cerebral, já diagnosticada, é prenúncio para efeitos aterradores lançados sobre Natal na forma de uma brutal tempestade que se avizinha. Cientes da catástrofe dois intrigantes personagens, P.C. e Casio, se elevam para salvar nossa cidade da iminente destruição. Quem são esses misteriosos personagens?? Que destino aguarda Mateus nos recônditos de sua própria mente?? E quais os desdobramentos e consequências para nossa estimada cidade do sol?? Todos esses questionamentos surgem nas quase 35 páginas de Tempestade Mental levando o leitor a um dramático conto ficcional sobre as profundezas de nossas mentes em um texto carregado de referências a cidade de Natal, seus lugares e cotidiano. O traço de Rodrigo Xavier tem um quê de saudosismo remetendo-nos a clássicos do quadrinho nacional, em especial a obra do genial Mozart Couto. Não sei se é de onde o ilustrador tirou sua inspiração, mas está fazendo um fantástico trabalho. Enfim, Tempestade Mental é uma das boas surpresas do nosso quadrinho potiguar (graças a Deus em franco crescimento) e garante ao leitor, fã de uma boa ficção em quadrinhos momentos de muita reflexão e diversão.
Elinaldo A. Silva

(Conhece um pouquinho sobre quadrinhos mas é leitor ávido e incondicional!!!)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

ENTREVISTAS COM ROTEIRISTAS DE HQS POTIGUARES


EMENTA: O objetivo dessas entrevistas é ressaltar o modo próprio de ser da profissão e trabalho do roteirista/argumentista nas obras de Historias em quadrinhos do RN, procurando mostrar como e o por quê o roteirista faz suas escolhas em detrimento do desenvolvimento de uma historia ao invés de outras. Buscando com isso, responder para o grande público leitor de hqs o que os motiva ou faz optar por contar historias do que ser um mero reprodutor delas. Além de compreender suas reflexões, anseios e opiniões sobre os quadrinhos potiguares e suas especificidades.
OBS: Devo fazer notar aqui o meu incomodo e insatisfação íntima que tenho com esse tipo de entrevista, pois para mim é muito mais sincero e natural falar pessoalmente com o entrevistado do que recorrer a perguntas com conotações meramente de “questionário” ou “pesquisa”. Por isso desde já peço desculpas por tal pajorra de minha parte a vocês, ilustres roteiristas por tal ousadia. Além de que sei que muitas das perguntas são questionáveis, talvez tendenciosas ou quem sabe nada haver, mas que devo confessar que tentei sair do comum e apimentar a entrevista e sair do lenga – lenga do formalismo em que tais entrevistas se tornaram e que nada acrescenta a quem lê. Por isso peço parcimônia e compreensão de sua parte e saibam que tenho respeito a todos. Muito agradecido por tudo.

MINI Biografia
Wagner Michael. Nasceu em Natal em 13/10/1973. Aprendeu a ler com os quadrinhos aos quatro anos. É leitor compulsivo. Coleciona quadrinhos desde os dez anos de idade. É formado em História pela UFRN. Começou fazendo fanzines. Publicou duas edições da Depois de Tudo (2011 e 2013).





ENTREVISTA:

1 – Bem agradeço a disponibilidade de tempo, do ilustre roteirista para essa entrevista e já começo perguntando o que o levou a fazer roteiros sobre quadrinhos?

Eu aprendi a ler muito cedo (quatro anos) e foram os quadrinhos que me levaram para despertar minha criatividade. Eu fazia minhas pequenas histórias rabiscando cadernos e todo o papel que encontrava, além disso eu criava aventuras com meus bonecos. Tudo servia para eu ficar horas brincando sozinho. Uma vez minha mãe achou que eu tava ficando doido e me levou para um psicólogo e ela levou uma bronca, o cara disse que aquilo era normal e eu era muito criativo. Então ela deixou eu livre para exercitar minha criatividade. Era ela que comprava minhas revistas e quando eu ainda não sabia ler ela mesma que lia para mim. Eu queria fazer as duas coisas escrever e desenhar as histórias que eu imaginava. Durante toda a minha infância e adolescência eu sempre me vi cercado de amigos que também compartilhavam o interesse por quadrinhos. Quem não curtia acabava cedendo a minha fixação por quadrinhos. O que me levou aos roteiros foram duas situações: o curso de História na faculdade, que me ensinou a desfragmentar o que eu via nos filmes, nos quadrinhos, no teatro, e aí foi fácil colocar no papel. Eu me desafiava a escrever qualquer coisa, teatro, quadrinhos, até mesmo  imitar estilos. Deve ser levado em conta que escrevo poesia desde os meus 14 anos e tenho tudo que escrevi está guardado até hoje. A segunda situação foi ter conhecido Wendell, grande parceiro e um talento nato para desenhar. Nasceu com um dom. nos conhecemos em 1992 e desisti de desenhar e passei a pensar nos roteiros. Surgiu uma parceria em ideias e projetos, muitos não realizados. Juntamos a facilidade dele de desenhar e a minha de escrever. Muita criatividade de ambas as partes. Eu me exilei um pouco dos quadrinhos e ele lembrou da nossa parceria e me trouxe para desenvolver os projetos que venho fazendo desde 2010.

2 – Ok, então sabendo de suas motivações gostaria de aprofundar mais o conhecimento sobre as hqs que te influenciaram, despertando você para esse universo dos quadrinhos?

Como eu disse, eu aprendi a ler com os quadrinhos. Talvez se não existisse quadrinhos eu demorasse mais a aprender a ler. Foi a minha motivação. Então eu li tudo o que saiu em banca na época que eu era criança. Quadrinhos infantis e infanto-juvenis, terror, tudo o que você imaginar. Eu sou viciado em leitura. Fico ‘stressado’ se não tem o que eu ler. Para completar a minha mãe comprou uma banca de revista em 1980 e daí em diante eu praticamente li tudo. Quando eu tinha uns 10 anos, comecei a me interessar mais pelos quadrinhos de superheróis. Comecei a ler a antiga Heróis da Tv da editora Abril. Minha mãe trazia algumas sem capa para eu ler e me deparei com a série do Adam Warlock, do Jim Starlin, aquelas histórias me despertaram para um aprofundamento filosófico. Eram debatidas questões que fugiam do básico de heróis. Aliás os quadrinhos da Marvel trabalhavam os problemas e dramas que qualquer pessoa poderia ter, mas Warlock ia mais além. Na revista do Capitão América, deparei com o traço de John Byrne, numa fase espetacular. Comecei a ficar muito fã da Marvel e logo chegou os outros títulos na Abril e me aprofundei em outros personagens: Demolidor, Frank Miller; Surfista Prateado; Shang Shi desenhado pelo Mike Zeck; e tantos outros. Mas o melhor estava por vir: X-Men de Chris Claremont e Jonh Byrne, a fase da morte da Fênix. Virei fã dos X-Men e as pessoas me confundiam com o Wolverine. Em relação a DC, eu lia muito antes da Abril começar a publicar suas hqs. Eu achava muito tosco o material publicado pelas outras editoras. Vendia muito quadrinho naquela época e só havia preocupação em vender mesmo. Na abril, começou com tudo, mas o que me chamou muita atenção foi Camelot 3000 (Mike Barr e Brian Bolland), história adulta e bem polêmica, mas uma excelente leitura, além dos excelentes desenhos. Os Novos Titãs eram interessantes. O Batman, Cavaleiro das Trevas e Ano Um. Superhomem de John Byrne. A Liga da Justiça sem noção. No final da década veio Watchmen (Alan Moore) e Monstro do Pântano (Alan Moore) que lembrava um pouco os dramas do Surfista e do Warlock. V de Vingança (Alan Moore) ensinando a gente o que é revolução. John Constantine, que era um personagem secundário do Monstro do Pântano. De repente fui fisgado por Sandman (Neil Gaiman), onde me deparei com uma das melhores histórias que já li até hoje: Estação das Brumas. O mais interessante é que ainda não publiquei nenhuma história baseada na minha influência. Segui pelo lado das histórias do cotidiano, que são bem definidas por Marcos Guerra, pergunte e ele vai fazer uma análise profunda. As minhas histórias publicadas são baseadas nas situações que vivi e que algumas pessoas me contaram.

3 – Então, observando suas motivações e influências quais os gêneros ou tipos de historias você desejaria escrever para os futuros leitores de seus quadrinhos.

Eu tenho muitos projetos de roteiros que estão para se tornar realidade. Posso afirmar que eu escrevo aventura, ficção, humor, suspense, terror e qualquer gênero que eu resolver escrever. Eu tento sempre mostrar um pouco de realidade nas histórias. Não tenho um gênero definido, mas as histórias estilo ‘Depois de Tudo’ vou continuar fazendo.

4 – Muito bem, gostaria de saber como é sua forma de escrever roteiros que abordem os mais diversos temas, além de se possível for, me responder qual a sua posição quanto a abordagem de temas delicados que por acaso você venha ou tenha escrito  e que nem sempre são temas muito fáceis de serem abordados e aceito pelo grande público leitor?

Não tenho problema com temas delicados. Toda história contada tem uma mensagem para o leitor. O entendimento dessa mensagem depende do ponto de vista de cada um. Ainda não fui polêmico nas minhas histórias, mas pretendo. Acredito que os temas delicados servem para refletirmos sobre nossas posições. Não podemos é ficar baseando nossas posições na visão dos outros, no que a sociedade chama de politicamente correto ou no senso comum. Acho interessante temas polêmicos mas sem exageros como alguns autores americanos que apelam para violência desnecessária ou toca em assuntos polêmicos porque vendem muito nos mercados. É preciso bom senso para escrever roteiros bons.
Quanto a forma de escrever meus roteiros, faço muitas anotações e saio fazendo um quebra-cabeça até a história ficar pronta. Pode durar uma hora ou até semanas. Depende do grau de inspiração. Como não é uma profissão minha, gostaria que fosse, eu defino os meus prazos. Não me pressiono muito. Se por acaso trabalhasse para uma editora teria outra postura. Tenho facilidade de me adaptar. Quanto a inspiração, as ideias surgem e anoto logo ou conto para alguém. Depois começo a desenvolver o processo de escrever.

5 – Você possui alguma pretensão de desenvolver uma a estética própria em sua escrita que tenha como objetivo experimentar através de seus roteiros?

Nunca parei para pensar sobre isso. Talvez alguém que tenha lido minhas histórias possa observar se tenho uma estética própria. Sei apenas que não tenho nenhum apego com regionalismos. Escrevo uma história que possa ser vivida em qualquer parte do mundo. Posso escrever sobre assuntos locais e históricos, mas não tenho intenção de ser didático. Eu escrevo o que eu gostaria de ler.

 6 – Essa pergunta é cabciosa, para não dizer sacana, mas necessito fazê-la, você se considera um roteirista de que tipo? Comercial que escreve para vender e divulgar o seu trabalho apenas, Independente que objetiva escrever para um determinado público, desejando uma liberdade maior de criação ou ser Alternativo (underground) que procura a experimentação e a liberdade de expressão, apenas, sendo que o público consumidor seria apenas uma consequência e não o objetivo principal?

Eu escrevo para ser  lido. Se consigo fazer alguém ler minhas histórias fico feliz. Se gostou ou não também fico bem. Não podemos agradar a todos. Se o autor pensar em agradar a todos ele corre o risco de perder sua identidade e ficar frustado. Todo mundo quer que seu material seja comprado, se isso for ser comercial todos somos, porque infelizmente precisamos tirar do nosso bolso para poder produzir. Temos pouco apoio e a maioria dos artistas não são bons vendedores. Se ser independente é não seguir nenhuma linha editorial, seguir sua intuição, pode me enquadrar. São poucas pessoas que podem mudar o rumo das minhas histórias. Não tenho um público específico, ou pelo menos não vejo isso. Não sou tão experimentador assim, mas sou underground porque não tenho uma distribuição certa. Quem vende minhas revistas sou eu mesmo. Não sou muito conhecido. Quem me conhece mesmo é quem curte quadrinho local. O máximo que consegui foi uma crítica bem positiva na Mundo dos Superheróis. Mas continuo desconhecido do grande público.

7 – Muito bem, considerando que como quadrinista inserido em uma região do país, a nordestina em que temos a carência de tudo há decadas, qual a perspectiva atual do mercado de Hqs nessa região e especificamente, o quadrinho potiguar?

Se a gente não produzir a coisa desaparece. Vivemos numa região, o que não é muito diferente do país, que não valoriza muita a leitura. O quadrinho é visto com muita indiferença, como coisa de criança ou de alienados. Levando em conta que critica na maioria das vezes não lê nada. Então quem lê quadrinhos sofre um certo preconceito. Aqui no Brasil só é conhecido tudo o que deriva da Turma da Mônica. A fatia do mercado nacional de revistas é muito pequena. Existem poucos leitores. Isso é muito triste porque temos 95% da população alienada e sem entender as coisas que estão acontecendo. Eu aprendi muita coisa com os quadrinhos. Eu li muitos livros importantes porque fui levado pelos quadrinhos. Quadrinho é coisa de gente CULTA, significa que muitos brasileiros estão presos na sua ignorância alienada. A educação não é levada a sério. Os governos estão preocupados apenas com números percentuais para apresentar para uma sociedade que não sabe interpretá-los. Minha visão não é muito otimista. Aqui no RN não é muito diferente do resto do Brasil. Nossas revistas só podem ter a tiragem de no máximo 500 exemplares. Não é uma perspectiva muito animadora. São apenas quinhentos leitores que podemos atingir e a maioria são do meio dos quadrinhos ou amigos. Não sei quanto tempo o quadrinho potiguar dessa geração vai resistir, espero que por muito tempo, mas precisamos de novos leitores e novos divulgadores dos nossos quadrinhos. Outra coisa que precisamos é de roteiristas. Temos um grande número de desenhistas excelentes aqui no RN, mas roteiristas bons são poucos. As histórias não podem ser só imagem. Sem roteiros não temos histórias em quadrinhos. Teremos apenas artbooks. Precisamos de mais roteiristas porque a essência do quadrinho é o roteiro.

8 – Nessa perspectiva, gostaria de saber quais as hqs POTIGUARES lhe despertaram alguma curiosidade e lhe surpreenderam em algum sentido esse ou em outros anos?

O material produzido pela K-Ótica é muito interessante. Gosto do estilo e acho que o barulho feito por eles é oxigênio na produção de quadrinhos local. É muita a linha que eu sigo: posso fazer uma história passada em Natal sem ser uma mera representação didática da História local ou dos personagens históricos. Temos que apostar na ousadia para fugir do mais do mesmo.
Gosto muito do que o Miguel Rude escreveu. Ele tem muitas ideias interessantes que se saíssem do papel seriam marcantes. Ele tem a loucura ideal de um roteirista experimentador e ousado, precisa apenas de disciplina para nos mostrar o que tem naquela cabeça.
O Projeto 1ª Edição, que lançou muitos autores e uma parte desses que eu cito. Foi uma grande chance para alavancar a produção local. E isto foi muito importante. Inclusive a Depois de Tudo foi lançada nesse material.
Tenho que falar dos desenhistas talentosos que conheço como Wendell Cavalcanti, que é parceiro na composição das ideias das histórias que escrevo. Leander Moura, um excelente artista que pretendo fazer umas histórias com ele. O multifacetado Wanderline Freitas que não precisa apresentação. O Brum que agora está fazendo roteiros de humor. O grande incentivador e parceiro Jefferson Dênis que tem muitas ideias interessantes. Enfim tem muita gente que acredito que pode fazer a diferença no futuro.
Por último aposto no Jamal Singh. Conheço suas ideias e acho que ele é muito promissor. vi poucas histórias dele, mas acho que ele ainda vai nos presentear com excelentes histórias.

9 – Confesso que já fiz uma lista de roteiristas potiguares que gosto, mas serei sacana e restringirei a lista a três roteiristas que você considera nos últimos tempos que produziram historias interessantes e se possivel, fizesse um pequeno comentário sobre sua opinião a cada um deles e suas obras?

Marcos Guerra, extremamente culto e bastante ativo. Tenho uma afinidade com as suas ideias e ele é um grande incentivador do quadrinho local. Seus roteiros são complexos e dentro de uma perspectiva mais ampla que o RN. Isso me atrai porque precisamos esperar por textos diferentes. O Guerra consegue ser ousado com seus roteiros.
Renato Medeiros, gostei muito da sua maneira de escrever. Buscando uma leitura metafísica da realidade dentro de complexos enredos. Gostei muito da sua revista e fiquei com um gosto de quero mais. Espero encontrar novo material publicado por ele para diminuir minha curiosidade. Não fiquei muito surpreso com o resultado porque conversamos muito sobre o que ele estava fazendo. Muito bom.
Wanderline Freitas, é muito talentoso. Desenha e escreve suas histórias. Tenho uma grande admiração por esse pequeno gênio. Ele tem muito potencial criativo e gosta das histórias do cotidiano. Ele quando gosta de um roteiro vai em frente e bota para quebrar. Adoro sua capacidade de fazer quadrinhos rápidos. É um grande parceiro nas minhas histórias e sou fã de seus trabalhos.

10 – Não precisa dizer que se você esta sendo entrevistado por mim é por que já o considero uma promessa para o panteão dos roteiristas Potiguares e promessa de grandes historias para o futuro, além disso espero muito de você, mas  fora essa pressão psicológica qual suas perspectivas de roteiros futuros e qual os outros gêneros de historias gostaria de escrever?

Pretendo escrever muitos roteiros. Tenho muitas ideias anotadas que aos poucos vão se tornando realidade. Estou ampliando minhas parcerias e pretendo me adentrar em outros gêneros. Quero mostra minha versatilidade e ver se agrado outros leitores. Quero agradecer pelo convite para participar do seu projeto. Um abraço e desculpa qualquer besteira que eu tenha falado. Rsr

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

ENTREVISTAS COM ROTEIRISTAS POTIGUARES



O objetivo dessas entrevistas é ressaltar o modo próprio de ser da profissão e trabalho do roteirista/argumentista nas obras de Historias em quadrinhos do RN, procurando mostrar como e o por quê o roteirista faz suas escolhas em detrimento do desenvolvimento de uma historia ao invés de outras. Buscando com isso, responder para o grande público leitor de hqs o que os motiva ou faz optar por contar historias do que ser um mero reprodutor delas. Além de compreender suas reflexões, anseios e opiniões sobre os quadrinhos potiguares e suas especificidades.

O nosso quinto convidado para nossa seção de entrevistas de roteiristas potiguares temos a satisfação de conversar um pouco e saber da carreira e pensamentos do grande quadrinista, roteirista e ilustrador Luiz Elson sobre projetos, oficios e a arte de escrever roteiros de HQs. Iniciamos com uma pequena  biografia do entrevistado.

Natural de Angicos, residindo atualmente em Natal. É integrante do grupq, Maturi e foi responsável pelo projeto primeira edição.

ENTREVISTA:

1
Bem agradeço a disponibilidade de tempo, do ilustre roteirista para essa entrevista e já começo perguntando o que o levou a fazer roteiros sobre quadrinhos?

O que me levou a escrever roteiros de quadrinhos foi a necessidade de criar histórias para o tipo de desenho que eu queria publicar, na época meu desejo de desenhar histórias com temática regional e local, histórias do cotidiano, política com critica social e sobre história e a cultura potiguar.

2- Ok, então sabendo de suas motivações gostaria de aprofundar mais o conhecimento sobre as hqs que te influenciaram, despertando você para esse universo dos quadrinhos?

Primeiro veio o gosto pelo desenho, desenhando o universo infantil , com as influências das revistas em quadrinhos da Disney e Mônica, dos heróis de TV e das revistas de faroeste , das ilustrações de enciclopédias e dos bordados feitos por minha tia e a minha mãe,a vontade de  criar roteiros  foi a partir da ideia de se desenhar histórias  de faroeste, que eram criadas a partir da leitura de livros de bolso ,  que comecei a ler pelas capas desenhadas por Benicio, eu lia o livro e depois criava os desenhos , mas a certeza de que dedicaria minha  vida a esse oficio foi quando passei a conviver com outros artistas que já trabalhavam , como Emanoel Amaral  e Aucides Sales.

3-Então, observando suas motivações e influências quais os gêneros ou tipos de historias você desejaria escrever para os futuros leitores de seus quadrinhos.

Os temas de histórias são variados, a historia e a cultura do meu Estado é um dos temas que eu mais  gosto de trabalhar , a política, o cotidiano  e as questões que merecem uma reflexão sobre o comportamento da sociedade também são   temas  importante que gosto de  abordar em quadrinhos.

 4- Muito bem, gostaria de saber como é sua forma de escrever roteiros que abordem os mais diversos temas, além de se possível for, me responder qual a sua posição quanto a abordagem de temas delicados que por acaso você venha ou tenha escrito  e que nem sempre são temas muito fáceis de serem abordados e aceito pelo grande público leitor?

As ideias surgem de diferentes situações , para mim a mais comum é eu ir psicografando as ideias, elas surgem e eu vou anotando e desenhando ao mesmo tempo, tem histórias que nascem prontas, outras sem sentido algum , sem um final, surgem em pedaços, as vezes se concluem outras não são fragmentos  por si só.as historias são também frutos de leituras, pensamentos , vivencias e experiência que a pessoa realiza, e o resultado de um conjunto de coisas que interferem em seu pensamento. Quando se tem um trabalho encomendado, ai se necessita  de  mais planejamento e de se pensar sobre o tema a ser abordado. Temas delicados, devem sim serem objetos de produções , a vida e feita de conflitos , e é papel do artista se posicionar sobre as questões que a sociedade discute, o trabalho de um artista reflete um pouco de quem ele é , de sua forma de pensar, ele não tem obrigação de  seguir o senso comum, de querer parecer bem na foto, mas de expor suas ideias mesmo que elas não sejam o que a maioria pensa, ou o mercado exige, se tem um trabalho autoral deve seguir seu desejo e a verdade de sua arte.

5-Você possui alguma pretensão de desenvolver uma estética própria em sua escrita que tenha como objetivo experimentar através de seus roteiros?

Acho que cada trabalho tem uma escrita diferente , uma estética própria é mais visível quando se trabalha em uma serie, ou com um personagem em varias edições, cada trabalho as vezes exige uma forma nova de se contar uma história, cabe ao roteirista escolher qual a melhor, para isso deve estar  preparado, uma estética pessoal vai surgindo com o tempo.

6-Essa pergunta é capciosa, para não dizer sacana, mas necessito fazê-la, você se considera um roteirista de que tipo? Comercial que escreve para vender e divulgar o seu trabalho apenas, Independente que objetiva escrever para um determinado público, desejando uma liberdade maior de criação ou ser Alternativo (underground) que procura a experimentação e a liberdade de expressão, apenas, sendo que o público consumidor seria apenas uma consequência e não o objetivo principal?

Acho que quem se propõe  a ser roteirista deve esta preparado para trabalhar tanto com roteiros mais comerciais como para alternativo ou independente.deve se estudar para que seu trabalho tenha uma boa aceitação nos diferentes tipos de leitores, um estilo próprio de escreve r e algo que leva muito tempo para se definir, anos de trabalho, então é importante que a pessoa que deseja viver de produzir roteiros se capacite para essa tarefa,que exige muita leitura, conhecimento, percepção sensibilidade e principalmente muito esforço para se escrever diariamente , se praticar constantemente, e isso que se  leva a se realizar obras que provocam no leitor uma emoção e um prazer com sua leitura.
a pratica leva ao escritor realizar experiências com seu texto, a soltar a imaginação, a conhecer e quebrar as regras, a não seguir a mesma formula em seus textos, mesmo que ele tenha sucesso em um determinado trabalho, aquela solução pode não ser a ideal para outro, o roteirista deve estar preparado para lidar com reações diferentes dos leitores pois as vezes textos que eles nem levavam muita fé fazem sucessos em detrimentos s outros que ele cria grandes expectativas e não tem grande aceitação.
Por isso o sucesso deve ser visto com cautela, pois com diz cascudo os ventos de ontem não movem os moinhos de hoje, e na indústria cultural se observa o sucesso de muita produção ruim , fraca,de péssimo gosto de um valor literário ou artístico  de uma qualidade   sofrível , mais que fazem enorme sucesso, sendo só o  fruto de uma forte campanha de mídia publicitária e de valores impostos pela industria do mercado  cultural  .
Cabe ao artista escolher o que ele quer, o sucesso fazendo qualquer coisa que o mercado diz que é boa, e que vende ou fazer tiragens menores , mas dedicados a um público mais exigente , que hoje tem crescido bastante , mais trabalhos que revelam um pouco do que ele pensa, da sua verdade, se sua visão de mundo que ele quer compartilhar.
Fazer trabalhos mais experimentais,com mais liberdade estética e gráfica  mais lúdicos tem seu valor e seus problemas ,os trabalhos comerciais rendem dinheiro mais rápido e fácil, embora hoje tenha mais concorrentes no mercado, o autoral tem menos visibilidade, e muitos que optam por essa forma de trabalhar  acabam ate desistindo do oficio de desenhista ou roteirista diante das dificuldades , por isso é importante se esta preparado para em determinados momentos se realizar os diferentes tipos de trabalhos, pois com a pratica ate em trabalhos comerciais um bom roteirista coloca sua visão de mundo, sua ótica, o algo diferente que toca as pessoas que as fazer ver aquilo que ele já conhece de uma forma diferente, essa é a verdadeira arte do escritor.

7 – Muito bem, considerando que como quadrinista inserido em uma região do país, a nordestina, em que temos a carência de tudo há décadas, qual a perspectiva atual do mercado de Hqs nessa região e especificamente, o quadrinho potiguar?

Discordo um pouco da citação que diz que há uma carência em tudo , há décadas , acho um exagero, o  nosso estado tem suas limitações  financeiras, educacionais, culturais e quanto ao seu parque gráfico, porém há muito se produz quadrinhos , com tiragens maiores que as produzidas atualmente, pois a revista Maturi  já teve uma edição de dez mil exemplares, e nos anos oitenta chegou a ter circulação bimensal. Outro exemplo  a Jesuino brilhante teve na sua  primeira edição editadas  cinco mil exemplares,já foram feitas 4 edições,  e a a História do RN  já em 8 edições somam mais de dez mil exemplares, coisas realizadas apesar do parque gráfico da cidade na época não oferecer as condições de hoje, bem melhores em preços e qualidade  gráfica .
As perspectivas  hoje são as melhores possíveis, pois temos um publico consumidor crescente, que valorizam os diferentes temas e gêneros de quadrinhos, lojas especializadas , grupos de artistas atuantes produzindo seu próprio trabalho e realizando parcerias com editoras, espero que chegue a ter vendedores ambulantes como se vende cd.
No nordeste acho que se deva ter um maior intercambio entre as produções e os artistas, lançamentos coletivos em diferentes estados e encontros são hoje uma realidade que pode ser ampliada como também a circulação da revistas em quadrinhos pelas cidades do interior do nosso estado  , ate em diferentes bairros da cidade falta uma maior divulgação, nesse sentido ainda existe uma carência a ser suprida e um espaço a ser conquistado.

8 – Nessa perspectiva, gostaria de saber quais as hqs POTIGUARES lhe despertaram alguma curiosidade e lhe surpreenderam em algum sentido esse ou em outros anos?

Na nova geração de quadrinistas os trabalhos que me chamaram a atenção, que despertaram a minha curiosidade  foram os desenhos de Gabriel Andrade, a poética de Marcos Guerra e a ironia de Mario Rasec, na geração mais antiga o trabalho de Aucides Sales é sempre supreendente , seja na sua produção ainda inédita de quadrinhos underground , histórica ou cômica.


9 – Confesso que já fiz uma lista de roteiristas potiguares que gosto, mas serei sacana e restringirei a lista a três roteiristas que você considera nos últimos tempos que produziram historias interessantes e se possível, fizesse um pequeno comentário sobre sua opinião a cada um deles e suas obras?

O trabalho de parceria de Beto potiguara e Wolclenes rendeu belos trabalhos, o melhor na minha opinião uma adaptação de um conto publicada na revista Maturi numero 3, o bem com o bem se paga, gosto também dos roteiros  de Joseniz , principalmente quando ele utiliza fotografia e desenho  em histórias que reflete sobre seu universo urbano, apesar de ainda se exceder nos textos, mesmo sendo um estilo  da sua produção, acredito que com o tempo ele encontrara o equilíbrio entre imagem e texto , e por fim os textos de Marcos Guerra e sua poética onde ele brinca com as palavras entre os diálogos hora expressos pelos  seus personagens, as vezes   pelo narrador,e sempre exigindo uma leitura cuidadosa do leitor , também gostaria de ver como ele se sai escrevendo em diferentes gêneros , também vem se destacando em seus roteiros para animação  o Lula Borges e o Carlos Alberto em quadrinhos voltados a fins publicitários .

10 – Não precisa dizer que se você esta sendo entrevistado por mim é por que já o considero uma promessa para o panteão dos roteiristas Potiguares e promessa de grandes historias para o futuro, além disso espero muito de você, mas  fora essa pressão psicológica qual suas perspectivas de roteiros futuros e qual os outros gêneros de historias gostaria de escrever?


Tenho me dedicado a três trabalhos , que já há um bom tempo tenho protelado, são 3 roteiros bem distintos e com temáticas  bem diferentes, um sobre o passado , outro o presente e um terceiro sobre o futuro . O primeiro é um tema histórico, mas com linguagem poética , é sobre Henrique Castriciano, poeta potiguar, uma historia sobre os conflitos e as angustias de um começo de século,  como agora vivenciamos, o segundo e sobre a atualidade, a cidade de natal, as pessoas comuns  e seus personagens folclóricos , sua paisagem urbana e locais que constroem a identidade da cidade e o terceiro roteiro  e uma ficção sobre as transformações que a tecnologia, a genética e as mudanças climáticas provocaram na forma de se  viver neste planeta .

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

ENTREVISTAS COM OS ROTEIRISTAS POTIGUARES DE HQS


          




Temos a grande satisfação de trazer para vocês mais um entrevistado, desta vez nossa Vitima, ops, entrevistado é o chargista e quadrinista Rodrigo Brum que nos da a honra de  conceder um dedo de proza com a gente sobre o que pensa e o que faz elaborar roteiros divertida e prazeirosa, sendo ainda um ótimo passa tempo para a cuca. Valeu Brum pela força, vamos em frente que tem muita conversa para pôr em dia ...... 
       


MINI BIOGRAFIA:

Natural de Maricá (RJ), reside há nove anos em Natal. Conhecido entre os chargistas e admiradores de quadrinhos como Brum. Responsável pelas tirinhas com o mesmo sobrenome BRUMMMMM!!!, publicadas semanalmente no jornal O Mossoroense e O MENINO DA LAJE 8, publicada no jornal Expresso (do grupo O Globo-RJ). Formado em publicidade com especialização em redação e direção de arte pela ESPM-RIO. Atualmente trabalha como ilustrador e diagramador free-lancer, além de assinar as charges diárias do jornal TRIBUNA DO NORTE e ser um dos redatores/ilustradores da revista MAD. Junto com Milena Azevedo, criou o selo de quadrinho MBP, com diversos livros lançados, dentre eles suas coletâneas (BRUMMMMM!!! 1 e 2), o Vizualizando Citações (finalista do HQMIX 2014) e o Fonteira Livre (que ficou entre as 30 coletâneas de banda desenhada do festival de Angouleme – França)



ENTREVISTA:

1 – Bem agradeço a disponibilidade de tempo, do ilustre roteirista para essa entrevista e já começo perguntando o que o levou a fazer roteiros sobre quadrinhos?
A necessidade. Sempre trabalhei com ilustrações e direção de arte, e um serviço muito pedido era pra fazer quadrinhos institucionais para empresas, e simplesmente não encontrava ninguém que pegasse um texto sério ou com uma linguagem didática e o transformasse em um roteiro de hq. E pra completar, do nada fui surpreendido com um pedido de fazer o lançamento dos quadrinhos com as Aventuras do Didizinho, e novamente não tinha roteirista. Daí, como eu já tinha uma certa paixão pelo gênero, e pra não ficar sem dinheiro, meti as caras e tô nessa de roteirizar até hoje.
2 – Ok, então sabendo de suas motivações gostaria de aprofundar mais o conhecimento sobre as hqs que te influenciaram, despertando você para esse universo dos quadrinhos?
Sempre preferi quadrinhos brasileiros e de humor, raramente comprava herois da Marvel e DC, sempre fui mais de colecionar a MAD, Chilete com Banana, Geraldão... Minhas influencias foram Laerte, Ota, Ed, Angeli, Glauco, e outros cartunistas. Esse  pessoal de textos curtos mais super afiados. Tanto que se me perguntar o nome de um roteirista que não seja desse grupo, eu nem saberei te responder.
3 – Então, observando suas motivações e influências quais os gêneros ou tipos de historias você desejaria escrever para os futuros leitores de seus quadrinhos.
O que eu faço hoje: humor. Apesar de que, meu maior projeto atualmente não é humorístico, é um texto mais cotidiano, que tô super envolvido e curtindo bastante a experiência. Tanto que antes mesmo de sair o primeiro número, eu já tenho anotado em papéis perdidos pelo estúdio rascunhos de mais dois números que darão continuidade a este projeto. O lado mais sério eu deixo pra quando as empresas pedem pros seus materias de marketing.
4 – Muito bem,  você poderia falar um pouco sobre a forma de escrever roteiros e suas preferências, além de se possível for, me responder qual a sua posição quanto a abordagem de temas delicados que por acaso você venha ou tenha escrito  e que nem sempre são temas muito faceis de serem abordados e aceitos pelo grande público leitor?
Uma coisa importante que procuro ver, é onde esse roteiro será publicado, qual é a forma de linguágem do veículo, pra poder fazer que este texto, tenha a cara de onde será impresso, facilitando assim o entendimento do leitor. Geralmente pego o assunto pedido pelo meu editor e passo horas pesquisando na internet sobre o assunto. Depois, crio um rascunho, onde jogo tópicos soltos sobre tudo o que eu quero que esteja presente no roteiro, frases soltas mesmo. Depois procuro organizar a ordem que esses tópicos serão apresentados aos leitores de maneira que eles tenham uma lógica, com início, meio e fim. E no fim, é só colocar a cabeça pra funcionar e tranformar cada tópico desses num texto criativo e atrativo. Claro que antes de ser desenhado, passa pelo pente fino do editor que algumas vezes pede uma alteração aqui ou acolá. A preferencia já respondi acima, procuro sempre que possível colocar o bom humor em meus textos. Com relação a temas delicados, acho um grande hipocrisia rotular determinados assuntos como intocáveis. Por que é que eu posso fazer uma crítica sobre uma religião e não posso fazer sobre outra? Porque posso fazer uma piada com uma etinia e não com outra? O tempo todo lutamos por direitos iguais, e acredito, claro, somos iguais. Preto, branco, amarelo, hetero, homo, bi, vasco, flamengo, pobre, rico, maioria, minoria... mas na hora de criticar, as diferenças aparecem. Por que? Acredito que criticar e tocar num assunto delicado só pra aparecer é uma grande bobagem. Tem gente que pega esse tipo de assunto só pra ofender, que muitos casos pode ate ser considerado um crime. Mas se existe um embasamento por trás, um conhecimento e um motivo pra aquilo ser debatido, por que se calar? Se vai ser pesado, leve, bom ou ruim, é outra história.  O que não pode é ser considerado um bicho de sete cabeças falar de A ou B. Lutamos tanto por liberdade e agora parece que estamos retrocedendo. Isso é o que não pode. Como chargista, as vezes aparece esses tipos de temas pra serem abordados. É meio complicado? Sim, não nego, tem que ter um certo cuidado ao falar, pra não ser grosseiro e nem ofender ninguém gratuitamente. Mas deixar de falar é que não pode. E com relação ao que o leitor vai achar, sempre vai ter alguém do contra, ainda mais hoje, no mundo que vivemos, o mundo virtual, onde (infelizmente) todos acham ser os donos da verdade, onde todos se acham no direito de invadir a privacidade do outro só pra ofender, onde não existe mais o meio termo, ou você é a favor ou contra. Então, essas criticas não me afetam, pelo contrário, no caso das charges, se eu agradar a todos, parece que elas não funcionaram. Criticas e assuntos delicados fazem parte da vida de todo mundo que tem um trabalho a expor.
5 – Você possui alguma pretensão de desenvolver uma a estética própria em sua escrita que tenha como objetivo experimentar através de seus roteiros?
Não. Roteirizar pra mim é um grande prazer. Sem pretensão nenhuma. Na verdade eu nem curto muito este lado mais “estudado”, “pensado” dos roteiros/desenhos. Respeito que vai por este caminho, mas no meu caso o intuito é unicamente agradar o leitor (e o editor, é claro). Sem regras.
 6 – Essa pergunta é cabciosa, para não dizer sacana, mas necessito fazê-la, você se considera um roteirista de que tipo? Comercial que escreve para vender e divulgar o seu trabalho apenas, Independente que objetiva escrever para um determinado público, desejando uma liberdade maior de criação ou ser Alternativo (underground) que procura a experimentação e a liberdade de expressão, apenas, sendo que o público consumidor seria apenas uma consequência e não o objetivo principal?
Cara, é uma grande mistura dos três. Comercial, é claro, afinal roteirizar é uma das coisas que garante a grana aqui de casa, então se não for pra ter um lucro, eu não escrevo, vou fazer outra coisa. Independente, não no sentido de atingir um “determinado” público, afinal, eu quero atingir todo mundo, mas se enquadra muito bem nesse perfil, devido a liberdade de criação que tenho, principalmente em minhas tiras. E alternativo (talvez esse seja o que menos me enquadre) no sentido de não ter medo de experimentar, de me expressar. Outro dia mesmo criei um roteiro pra Mad que pra facilitar o entendimento a pessoa tinha que ter um leitor de Qr-Code (que inseri no meio do texto), se deu certo ou não, ainda não sei, mas arrisquei, experimentei.
7 – Muito bem, considerando que como quadrinista inserido em uma região do país, a nordestina em que temos a carência de tudo há decadas, qual a perspectiva atual do mercado de Hqs nessa região e especificamente, o quadrinho potiguar?
Eu acho que esse papo de carência é um pouco de desculpa pra quem é acomodado. Vivemos na era digital. Não existem mais barreiras. Existe sim o bom e o ruim, eu acho que é isso que determina o futuro do profissional atualmente. Se ele é do Nordeste e não do Sudeste, isso é uma barreira tão facil de ser quebrada quando se tem talento que acho que nem pode ser vista como algo negativo. Até poque o nordeste é berço de talentosos nomes em várias áreas com destaque não só no Brasil, mas mundial. O Gabriel, lá de Macáu e o Mike Deodato, de João Pessoa, são excelentes exemplos de que se pode sim ser um grande vencedor vivendo no nordeste. Com relação ao quadrinho potiguar, acho que temos exelentes nomes por aqui, com a capacidade de ganharem o mundo. Só acho (aí é uma opinião pessoal) que ainda falta um pouco mais de união. Quadrinhos potiguares só se unem em ano de FIQ e próximo a FLIQ. Infeliezmente, por mais que a gente fale que não, ainda estamos subdivididos em grupos que em muitas situações (nem sempre) tomam uma posição de que o outro profissional é um concorrente. Somos super amigos na hora do “chope” mas na hora do “papel” ainda rola uma distancia. Distancia essa, que na minha opinião é a maior barreira pros quadrinhos potiguares ganharem força. Pois se um determinado quadrinista local fizer sucesso, isso vai aumentar o numero de gente conhecendo esta arte, e indiretamente, acaba beneficiando a todos os outros que estão por aqui. Mas ainda vivemos na cultura de preferir deixar de ganhar mil só pra que o outro não ganhe cem.
8 – Nessa perspectiva, gostaria de saber quais as hqs POTIGUARES que lhe despertaram alguma curiosidade e lhe surpreenderam em algum sentido nesse ou em outros anos?
Algo que me surpreendeu foi o quadrinho que fizeram sobre a história de Parnamirim. Confesso que coisas mais didáticas não me atraem, mas aquele trabalho tava bem amarradinho: roteiro, desenhos, cores, finalização, acabamento... tudo perfeito. Gostei bastante. E sou super fã de três quadrinistas locais, o Geraldo, o Wendell e o Gabriel, se eu tivesse o talento desses caras e a cara de pau que tenho, eu tava desenhando em Marte, pro universo todo ver.
9 – Confesso que já fiz uma lista de roteiristas potiguares que gosto, mas serei sacana e restringirei a lista a três roteiristas que você considera nos últimos tempos que produziram historias interessantes e se possivel, fizesse um pequeno comentário sobre sua opinião a cada um deles e suas obras?
Jamal Sing: Tudo o que eu li dele eu gostei. Textos bacanas que prendem o leitor do início ao fim.  Só acho que falta um pouco de continuidade, sei lá, talvez esperar pra lançar uma hq quando já tiver a certeza da publicação do outro número ou que em um único exemplar tenha a história completa. Tem duas histórias dele que li, e tô curioso pra ver a continuação há mais de ano, que é a do Cajun e a que saiu no Máquina Zero. Dê uma prensa aí em Wendell e coloca esse material na rua, Jamal.
Milena Azevedo: Dona de um conhecimento na área sensacional. Querida pelos profissionais da área em qualquer parte do Brasil. Super “certinha” e cuidadosa no que escreve. Quem já desenhou pra ela, sabe que ela entrega o roteiro super detalhado, facilitando muito o trabalho do artista. Acho que tá na hora de dar uma parada momentanea nas coletâneas e se dedicar ao seu trabalho autoral (que o pouco que vi, vai vir com tudo).
Beto Potyguara: O roteiro que ele fez para “Os Notáveis” e “Carcará” me agradaram muito. É o típico quadrinho que gosto de ler. Apesar de ter um embasamento (no caso dos Notáveis), é totalmente descompromissado e de fácil entendimento, visa apenas divertir. Quaquer um, de qualquer idade e com qualquer carga de conhecimento,  pode ler que vai sair satisfeito. Não é um roteiro pra determinado grupo, e sim pra todos. É o típico quadrinho que gosto de pegar quando vou ao banheiro ou pego um ônibus (acredite, esses dois lugares me renderam excelentes leituras).
10 – Não precisa dizer que se você esta sendo entrevistado por mim é por que já o considero uma promessa para o panteão dos roteiristas Potiguares e promessa de grandes historias para o futuro, além disso espero muito de você, mas  fora essa pressão psicológica qual suas perspectivas de roteiros futuros e qual os outros gêneros de historias gostaria de escrever?

Pretendo continuar roteirizando e desenhando pra MAD, com minhas tiras e as charges. E é claro, colocar o CHANCE na rua, que pretendo tranformar numa série de livros. Outros gêneros? Nada em mente ainda, mas quem sabe no futuro.

Agradeço imensamente ao Rodrigo Brum e a todos os entrevistados que cedem e dispensam o pouco tempo que têm para responder essas perguntas, mas que sei que como todos nós que acompanhamos sua trajetoria como roteirista e quadrinista, profissão tão dificil e pouco valorizada é sempre bom conhecer os “outros” herois que fazem parte dessa mesma busca de contar boas historias e narrar suas aventuras em forma dessa mídia.