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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O QUE FAZER PARA A ARTE SEQUENCIAL SER CONSIDERADA UMA ATIVIDADE SÉRIA

 


Desde os primordios do século vinte que a feitura das comics (gibis ou HQ), era considerada uma arte de segunda  classe, coisa para crianças e pessoas ingênuas. Um mero passatempo descompromissado que não influênciava em nada a opinião dos cidadão e pessoas comuns. Igualmente, não exerciam nenhuma poder de influênciar mercado, meios de comunicação, sociedade ou contribuir para o desenvolvimento e divulgação de conhecimento. Entretanto, com o passar dos tempos, as comics começaram a ganhar terreno, começou-se a influênciar cada vez mais jovens. Na segunda Guerra, os soldados americanos para aliviar suas mentes da guerra mormente recorriam a esse meio de comunicação para entreter e passar o seu tempo.  Já nos Estados Unidos, em contrapartida, começou-se a proliferar fanzines e admiradores dessa espécie de novela gráfica que a princípio abordava todos os assuntos que iam desde os temas de gênero sobre a Guerra, ficção cientifica, Terror, polícial, relatos historicos, super herois e etc. Seus limites pareciam não ter fim e sua narrativa representava uma inovação em termos de narrativa.

O motivo para essa inovação residiria na forma como a narrativa era traçada na mente do Leitor, em que de um quadrinho para outro  as "Lacunas" eram preenchidas por sua imaginação,  que através da narrativa era capaz de preencher as brechas narrativas que não se apresentavam explícito. Não era necessário que o ilustrador fizesse inumeros quadros (o que seria praticamente impossível, se considerarmos algo parecido com o cinema), era o próprio leitor que em uma simbiose com os autores da historia, participava da narrativa e que tornava-se, desse modo, parte da mesma.  Essa inovação tornou possível a criação de um público e abertura de mercado para as comics. Por conseguinte, não era de esperar que a influência dos produtores dessa midia se tornaria cada vez mais presente. De fato, os produtores de Comics começaram a ingressar nos mais diversos meios de comunicação, ádios, tvs, cinema, jornais, política, policia e etc. Tornaram-se a principal fonte de informação, divulgação e atualidades do adolescente, imigrantes e do homem comum americano. Sua relevância era cada vez mais importante e isso tornou-se motivo de muitas disputas e preocupações por parte dos políticos,  princípalmente, por que o que preocupava realmente aqueles politicos era quem manipulava e vivia desse meio "popular" de entreterimento. Como Gerard Jones mostra em seu livro "Homens do Amanhã" essa preocupação em certo sentido tinha suas razões por que grande parte dos que viviam dessa mídia eram formada por gangsters, traficantes de bebidas e contraventores, ou seja, a nata da bandidagem que começava a se infiltrar nas mais diversas camadas da sociedade americana.

Isso era o primordio das Comics, que mesmo sendo algo tido como ingênuo (talvez por causa dos herois que com seus colantes coloridos não inspiravam credibilidade do público adulto), ainda em seu meio possuia "herois" que destituidos de poderes poderiamos, seguramente, dizer que sua temática prendia mais a atenção dos leitores por suas historias mais elaboradas e que evocava o humano, a reflexão e a complexidade da relação existêncial e humana; o que poderia nos levar a pensar que essas comics anteciparam em duas ou três decadas, o que nos chamamos hoje em dia de quadrinhos adultos. De fato, os principais icones dessa leva de "herois" e, devo enfatizar, não "super-herois" por que não possuiam poderes miraculosos mas dependiam somente de suas habilidades ditas "humanas" poderiam ser encontrados, como por exemplo, em Tarzam, Flash Gordon, Buck Rogers, Dick Trace e etc. Entretanto, existima aqueles que descendiam de um nicho bastante forte que era o gênero de Guerra, como por exemplo, As inimigo, Sargento Rock, Soldado desconhecido, o Tanque fantasma entre outros que também mostravam sua força em termos de roteiro e de reflexão. Essas historias por não evocar o fantasioso e o espetacular, restringindo-se a apropria ação humana. Evocava, antes, a emoção e o sentimentalismo do que mesmo buscar descrever as façanhas super poderosas de seus personagens. Encontramos nesses personagens o humano em seu estado mais legitimo, em que ele sofre, duvida, erra, sangra, reflete, pensa e etc. Enfim, o humano é o centro da historia e não seus super poderes. Talvez por isso que o mundo dos super herois esteja tão estagnado e estereo no século vinte e um. Entretanto, os herois humanos e suas complexidades eram apenas uma pequena parte, quase insignificante, diante da avassaladora maioria de super herois que dominava o mercado.

Contudo, o mercado de quadrinhos de  herois humanos e os super herois estavam relativamente ameaçados por uma especie de caça as bruxas as comics. O motivo para isso, era considerarem que a arte sequencial ou comics era nociva a adolescentes e crianças pelo contéudo contido em suas páginas.  Os quadrinhos na decada de 40, 50 e 60 já dominavam muitos meios de comunicação estando, praticamente em todos os meios de comunicação e influênciava milhões de americanos, principalmente, crianças e adolescentes. Como dissemos acima o problema, acredito, não era as comics, mas quem estava por trás delas.  E por isso tornou-se o princípal foco de controversia e disputas por sua sobrevivência no mercado americano. De fato, para uma midia que era tida como ingênua e sem nenhum atrático intelectual, é admirável haver tanta obsessão para por limites ou mesmo acabar com sua influência sobre o jovem americano. Por isso, todo o ataque exagerado as comics feitas por parte de falsos moralistas americanos quando na realidade o que estava sendo disputado era a influência das comics na formação e instrução do jovem e adolescente americanos. Esse ataque veio direto de uma leitura, por parte de políticos e moralistas americanos do psiquiatra Fredric Wertham no seu livro  Sedução do Inocente (Seduction of innocente: the influence of comics books on today´s youth), que segundo Wertham as comics eram nocivas a formação intelectual dos jovens além de incentivar o comportamento violento e homossexuais. Segundo Wertham, as comics eram uma forma degenerada de insuflar determinados sentimento nos jovens e influênciar no comportamenteo moral e sexual das crianças.  Desse modo, as comics tornaram-se o principal motivo de campanha difamatória mais desleal da historia já escrita até agora. Essa repercussão extrapolou os limites do EUA e chegou a nós no Brasil, creio que até mesmo na Europa.

Seus reflexos foram sentidos em termos da inbecilização ou idiotização dos Gibis no Brasil, como formador de um público leitor.  Além do mais, contribuiu para a estigmatização e demeritorização da novela gráfica na formação do Jovem brasileiro. O Gibi é, e continua sendo reflexo dessa campanha de idiotização dos quadrinhos, pois até mesmo agora a sociedade como um todo considera ainda, os Quadrinhos (Gibis ou arte sequencial) como apenas uma forma ingênua e sem pretensões de antreterimento. Não obstante, apesar dos pesares, os quadrinhos mesmo com a demeritorização de seu contéudo, ainda participam da formação literária, intelectual, moral e educacional de milhões de brasileiros, mesmo que muitos deles não admitam!

Além de se sentir hoje em dia sua influência cada vez maior, seja na televisão como observamos com Smallvill, Walking death, Mulher Maravilha e etc. Seja no cinema, como por exemplo, em Vingadores, Thor, Superman, Batman, Constantine, Hulk e etc. Também podemos encontrar livros a respeito da temática e vários estudiosos vem trabalhando com temas que tenham os super herois ou os herois comuns oriundos das páginas dos quadrinhos como tema. Os estudos que tem como centro as comics são cada vez mais recorrente e todos eles apontam para a revolução estética que esta mídia, tão marginalizada e vitima de preconceito exerce sobre a sociedade e sobre a divulgação de conhecimento. Contudo, ainda existe muito preconceito hoje em dia a respeito de quem trabalha com Arte sequencial. Experimente mencionar a alguém que você trabalha com arte sequencial e que ganha a vida trabalhando com Historias em quadrinhos ou Gibis para que logo a cara de incredulidade e desdém chegue a essa pessoa.
De fato, acredito que temos de trabalhar em favor de estirpar essa estigmatização que dura até hoje iniciada com o psiquiatra Fredric Wertham sobre a desvalorização do quadrinho como forma de instrução de informação e de formador de opinião. A partir do seu livro as editoras de Comics passaram a seguir um código de conduta para a sua elaboração as "Comic´s Code" . Tenho uma teória que essa desqualificação, na realidade nada mais é do que um ataque a força que essa mídia possui na capacidade de instrução e propagação do conhecimento do ser humano e que, percebendo essa incrivel "força" propós extirpá-la antes que crescesse além dos limites e se transformasse em um monstro incontrolável na formação dos jovens e agora adultos. Isso se deve, penso, devido a incrivel versatilidade com que o quadrinho atinge as camadas mais pobres e desfavoráveis das nações sejam elas Norte Americanas ou Sul Americanas e que serviriam de denuncia dos desmandos de seus governantes e de desveladora dos falsos moralistas que existem até hoje e que igual a uma cascavel aguarda apenas o incalto passar para que o atinja com o seu veneno.  Os quadrinhos, por sua versatilidade tornou-se o principal foco de disputa, seja ela política, comunicacional, filosofica ou social, hoje em dia ainda, Não se enganem continuamos lutando dia a dia para quebrar esse estigma por que existem uma disputa de micro poderes, como diz foucaut, que insistem em resguardar a sua imagem do ataque demolidor que poderia advir de uma mídia tão poderosa como a dos quadrinhos.  Seja como for a tentativa de amordaçá-la já demonstra que a arte sequencial possui uma relevância sem par na formação do individuo pensante além de incentivar a reflexação filosófica dos pressupostos ideologicos por trás das páginas de quem produz as hqs ou mesmo das historias que denunciam esse tema especifíco. Creio que o nascedouro das HQs não esta resumida a apenas ao entreterimento por que sua proposta desde o inicio não esta circunscrita aos estreitos dominios da diversão, mas distende-se para a denuncia e reflexão do ser humano, que imerso em um mundo de ignominia e de esterelidade refletiva busca compreendê-lo e nesse movimento do pensamento, pode decodificá-lo e deixar de ser apenas mais um espectador conformado e ser por que não dizer "picado" pela critica e pelo inconformismo em um mundo cheio de tantas dificuldades e desonestidades como este que nos apresenta.

Por fim, insisto em dizer que arte sequencial deve ser encarado com seriedade e estudo. Ela não é uma midia inocente e desvinculado de qualquer proposito, haja vista ser tão atacada e sofrer ao longo da medernidade uma campanha tão ferrenha contra sua integridade que nos apresenta como um tema bastante sério de estudo. Quais os motivos que se escondem por trás desse ataque? Um mero formalismo, a busca de peitar o avanço de seus proprietarios no mundo da informação, é um problema de dominio de mercado, sua influência na sociedade através das crianças, jovens e adultos por bem mostra Gonçalo Junio em seu excelente livro "A Guerra dos Gibis" que mostra claramente essa capanha difamatória em que a imprensa brasileira tratou as comics. Seja como for, há muito Gibis deixaram de ser uma mídia inocente e apenas um entreterimento. Ela tornou-se terreno fertil de divulgação e critica de ideologias que são muitas vezes divulgadas aleatoriamente pelas demais mídias "serias" e que o cidadão comum considera com toda a reverência e esquecem-se que as mesmas também são meios de entreterimento. Seja de qualquer forma, devemos nos alertar para o conteúdo existente nas páginas das comics sejam elas on line, sejam elas impressas. Por que podemos em uma hora ou outra nos deparamos com uma informação que não encontramos em nenhuma lugar, nem mesmo nas pseudo midias existentes. 



Agradeço a todos na esperança de que a partir desse pequeno artigo (?), quem a ler encare as Historias em quadrinhos como uma mídia séria a ser encarada com atenção redobrada, pois muito do que se escreve e é mostrada em suas páginas traduzem um mundo não explicito que só podemos experimentar através da experiência estética que essa pode nos proporcionar. E que muitas vezes apresentam-se tão sutis ou explicitamente que por ainda ser tida como ingênua e destituida de compromisso sociologico ou filosófico não deve ser encarada seriamente. Nesse sentido, recomendo uma materia incrivel  da Professora Dra. Carol L. Tilley, da University of Illinois Graduate School of Library and Information Science, afirma que o psiquiatra Fredric Wertham manipulou os dados usados no livro A Sedução do Inocente que se tornou o principal fundamento para a perseguição e criação dos Comic´s Code as historias em quadrinhos. Segue, então, o site: http://universohq.com/quadrinhos/2013/n20022013_07.cfm. Espero com isso, que essa leitura acrescente a defesa da novela gráfica (se por acaso ela precisasse!) a oportunidade para os noviços de conferir as opiniões aqui expostas.


Por 

R.M.J