O MÁGICO

Confira essa nova animação do diretor de Bicicletas de Belleville.

BALADA DO AMOR E ÓDIO

Confira nossa crítica sobre o mais novo filme do cineasta espanhol Álex de la Iglesia.

FRIDA KAHLO EM SEIS SENTIDOS

O projeto de extensão “cores” nos convida inicialmente a um espetáculo sobre a vida da artista plástica, mexicana, Frida Kahlo.

ARTEROTISMO - UM CONVITE

Gente! Ontem eu fui ao evento #OqueDjaboÉIsso, onde tive o prazer de assistir ao ótimo espetáculo "As cores avessas de Frida Kahlo"...

"A CULPA É DA SOCIEDADE"

A sociedade é culpada: Esse foi um entre outros discursos gritados nesses dias que sucederam a “tragédia do realengo”...

quarta-feira, 28 de março de 2012

OS CRIADORES E SUA CRIATURA - KÓTICA NO CAMINHO DA CONTRA CULTURA

 
Difícil encontrar em um universo hostil como o de produtor de HQ neste país um quadrinho que reúna arte e historia com a medida certa de genialidade no roteiro e ótimas imagens na diagramação. Nesse sentido a revista on line Kótica vem ganhando destaque não só no Estado do Rio Grande do Norte como no cenário nacional. Por conseguinte, uma pergunta se faz pertinente de ser feita. Qual o motivo disso acontecer agora e não antes, mesmo com a tentativa de outros empreendimentos passados como a Maturi ou a Reverbo não ter tido uma revolução tão grande na forma de narrar uma historia e de abordar o conteúdo cultural, artístico e histórico de nosso Estado.

De fato, a revista on line Kótica diferencia-se por sua proposta de mostrar que é possível contar historias inteligentes com boas ilustrações assim como buscar mostrar outras formas estéticas experimentalmente, abrindo seu espaço a poesia e a outras formas de culturas que possam ser traduzidas para o casamento de imagem e linguagem em uma simbiose perfeita. Não obstante, o que torna a revista Kótica interessante é sua capacidade de reunir artistas e ilustradores das mais variadas tendências e que possuam uma forma poética de contar uma boa historia em seu núcleo. Deve-se ressaltar que não busca-se através de seu roteiro elaborado uma conversão ou propagação de uma ideologia ou forma de pensamento, mas visa-se, antes, a liberdade criativa em detrimento a ferrenha vontade do mercado editorial a qual tantos autores estão presos criativamente e portanto submissos a seus "cascos". É triste notar que esta tendência é quase uma doença crônica nos quadrinistas natalenses haja vista seus heróis falarem inglês e seus ídolos serem atrizes ou atores de países que não tem nenhum vinculo emocional e histórico conosco. 

Além disso, a proposta dessa nova geração é de natureza mais artística-filosófica do que propriamente seguir uma estrutura já sedimentada e caduca de se fazer quadrinhos.  Os autores Marcos Guerra, Leandro Moura, Paulo Sérgio, Renoir, Cristal, Renato, Israel entre outros propõem-se a remover o veu da ignomia e ignorância em que esta fixado a mente tacanha e mofina dos quadrinhos no país. E que parecem vislumbrar unidimensionalmente o universo dos super heróis sem levar em consideração o que realmente importa, contar uma boa historia sem necessariamente ser sobre um mundo em que homens de capa flutuante e heróis milionários pululam a mente tacanha e sonolenta dos leitores brasileiros. Me pergunto se estas pessoas nunca leram Avenida Dropsie ou o Contrato com Deus do grande mestre Will Eisner e suspeito que menos ainda tenham lido AS INIMIGO de Kubert e Knigleth, SANDMAN de Neil Gaiman, V de Vingança, From Hell, A liga extraordinaria, estes últimos de Alan Moore.

Como visto as influências dessa turma é de qualidade, mas a qualidade não se baseia em uma formula caduca e ultrapassada de se contar historia. Eles também, tampouco escolhem chutar o pau da barraca e aderir a contar uma historia do tipo Gore que prime pela perversão e demais masoquismos com o intuito de despertar antes a repugnação das pessoas do que incultir algum sentimento mais elevado nelas. Sua intensão, portanto, objetiva resgatar a beleza de uma historia bem contada, de  preferência com pessoas humanas capazes de serem emocionadas e emocionar pelas ações dos personagens. Por isso suas influências serem fruto de leituras de autores como Maupassant, Marcel Proust, Kafka, Oscar Wilde, Edgar Alan Poe, Harold Philliphe Lovecraft, Homero, Carlos Drummond de Andrande, Augusto dos Anjos, Machado de Assis, Jorge Luis Borges e outros. Alista é grande pois grandes são suas intensões. 

Os temas das historias na revista on line Kótica visam compreender uma vasta gama de assuntos, não possuindo assim um tema específico como linha demarcatoria e limitrofe. O objetivo através dessa ausência de um tema especifico é a liberdade criativa e a busca pela melhor historia a ser contada. Constatamos em suas páginas diversos assuntos tratados, alguns são pura abstração, como a rosa artificial, outros mais complexos e intrigantes como concreto. Isso é claro, não fecha as possibilidades de existir séries, aliás o carro chefe da kótica são duas ótimas séries chamadas de O Evangelho Segundo o Sangue e a outra chamada de A Condenável Vida de Greenwold que serão publicadas como impresso. O Evangelho já esta na segunda impressão enquanto A Condenável vai ganhar a sua em meados de Julho.

De qualquer forma, já é um grande feito para o nosso Estado a existência de uma revista on line regular que tragam criações de artistas locais e que abordem especificamente historias que tenham haver conosco, com nossa cultura, nosso estado, nosso país e nosso povo. A mera tentativa de resistir a invasão ianque dos quadrinhos americanos e buscar criar uma Hq com a linguagem e o jeito de nosso povo que valorize nossa cultura, historia e linguagem já é válido. Os esforços dos quadrinistas, roteiristas, letristas, coloristas da Kótica nos faz sentir que existe a esperança de reformulação da maneira como a arte sequencial é tratada no País. Devemos, antes, dá importância ao que é nosso para depois verificarmos o que de bom pode vir do outro e não fazer o caminho contrário. Seja como form Guerra, Leandro, Paulo Sergio e os demais membros que compõem este fantástico grupo e faz esta incrível revista on line estão de parabéns e espero muitos e muitos números dessa revista que vem se tornando pouco a pouco um dos focos de resistência e liberdade da expressão do quadrinho do Brasil. Parabéns a todos.

Por fim quero agradecer a todos os que foram ao evento de sábado passado prestigiar o lançamento da HQ o Evangelho Segundo o Sangue, faz tempo que não vi tanta gente reunida para prestigiar um impresso de quadrinhos. Parabéns a todos pelo ótimo gosto. Esperemos que venham mais.

AVE EST KÓTICA.


RENATO DE MEDEIROS JOTA


terça-feira, 27 de março de 2012

A ROMPIMENTO E CRIAÇÃO - AS ORIGENS DE UMA GERAÇÃO KÓTICA

 

Dizem que Homero foi o primeiro Grego a escrever sobre a cultura Grega, além de instituir uma interpretação mitologica baseada na poiesis narrativa que definitivamente viria a romper com uma herança oral de seus antepassados. Nesse instante, Homero se institui como o novo educador de seu povo. Entretanto, esta transição não deve ter ocorrido de forma tão simples e muito menos sem alguma dificuldade, pois deve-se sempre para se afirmar uma nova forma de interpretar o mundo, entrar muitas vezes em confronto com ele, haja vista que somente através deste confronte é que uma geração calga outro patamar de evolução cultural e intelectual. Sem rompimento com as antigas amarras não há inovação ou liberdade criativa. As imagens antes sedimentadas na crosta do conformismo devem ceder espaço a nova forma de pensar e acolher o novo em seu tenro bojo, não como inimigo mas como aliado na transmissão de saber e de comunicação. Para isso se faz necessário a formulação de uma nova linguagem que seja a sintese atualizada da decodificação dos novos dados interpretativos que já não conseguem ser entendidos pela geração anterior, neste momento se faz necessário o rompimento, a busca de uma nova linguagem interpretativa que venha a traduzir todo o conhecimento para uma nova forma de reconhecer o mundo e de se possível criticá-lo. 

Neste contexto de entendimento do mundo, surge uma nova geração de individuos que tencionam reinterpretá-lo a luz de uma analise de seu tempo e seu momento. Destituidos de velhas formulas caducas que por terem se mostrado seguras e por conter algum sucesso imediato deixam de nutrir a criatividade e passa a destituí-la e enfraquecê-la em todos os sentidos. A lição que Homero nos trás é do heroi rebelde que mesmo sabendo do seu vaticinio, promulgado pelos lábios das moiras, mesmo assim, vão contra este destino préestabelecido abraçando toda a consequência má que possa vir de encontro a seus atos. Nesse sentido, Homero mostra que a criatividade deve ser o principio (arché) da criatividade e por ela, apenas, deve sua subserviência.

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Esta lição de Homero pode ser interpretada através do presente momento em que vive a Arte Sequêncial norte riograndese. Pois semelhante ao grande autor da Odisseia, nosso tempo exige uma nova postura de interpretação do mundo...nosso mundo seja ele o Estado do Rio Grande do Norte ou de nosso País Brasil, exige uma nova postura diante da cultura e da formação de uma nova estética do mundo. Para o Homem Grego o seu mundo se restringia até os muros limitrofes da Polis, enquanto em um mundo globalizado como o nosso esses limites são mais elásticos e se distendem para muito além das fronteiras do Estado e do País.

Nesse contexto surge aquilo que de uns tempos para cá vem sendo chamado de geração kótica. Mas o que seria esta geração kótica? Talvez o nome derive de caos aquilo que não tem ordem, mas pela terminologia e pela forma simbolica com que se escreve, remete ao caos primordial aquele caldo de ideias que pululavam nos labirintos infinitos da criação que aparentemente incoerentes eram cheios de significados ocultos que logo se mostrariam constituintes do mundo e de todas as coisas. Nesse sentido, o selo Kótica remete a incrivel abrangência de idéias e convite a criatividade estética. formando uma nova proposta de se fazer Arte Sequêncial. Os formentadores dessa liga de idéias são Marcos Guerra, Leander Moura, Paulo Sergio, Cristal, Israel, Sandro pseudoor, Weynna e muitos outros autores e intusiastas que queiram ou não estão ligados a um verdadeiro esfoço sissífico de reinterpretar e decodificar os signos do mundo estético e da cultura de seu tempo. A arte sequêncial é o carro chefe e guia dessa contracultural que cresce subrepticiamente nos porões do Underground do Estado. Não porque tenha mais importãncia do que as outras, mas porque em sua gênese trás este quê de resistência e desafio a todo e qualquer tentativa de limite e de comodismo por parte da cultura de seu tempo. 

A proposta da arte sequêncial  pela geração kótica é estabelecer uma revolução estética em todos os sentidos nessa arte e se possível em todos aqueles que queiram produzir algo diferente e inovador. Seus membros buscam o exercício estético e primam pela originalidade em seus trabalhos. Seus quadrinhos são autorais e buscam falar de coisas profundas do cotidiano ou em suas abordagens  ficcionais e filosóficas. Entender o humano e sua relação consigo mesmo e com o mundo é o grande desafio desses autores, mas existe margem em suas historias para a poesia e para o experimentalismo através de imagens. 

Neste último sabado dia 24 de Março de 2012 tivemos uma amostra dessa atmosfera de revolução estética e cultural. No Lançamento do Evangelho Segundo o Sangue. Com uma plateia curiosa por entender a proposta desta geração "kótica", constatou-se que este impresso é um verdadeiro "sacode" no meio literário e costumeiro deste Estado provincial e que certamente mexeu com os brios de quem esta lendo-o agora. Entretanto, a intenção deste artigo é menos fazer uma resenha do impresso e mais buscar mostrar sua relevância para aqueles que objetivam produzir um quadrinho autoral e teligivel para um publico carente de algo que vá além  da mesmisse dos impressos locais e on line. Busca-se ventilar novas brisas com odor de novidade e criatividade, mostrando que é possível sim, ser imaginátivo e criar algo novo sem necessáriamente perder o prumo e direção no raciocínio. Pois toda arte objetiva necessariamente ser compreendida e não fazer parte de uma forma egoísta e maniqueista do autor que somente ele seja o único a entendê-la e não outros.

Por fim este humilde escritor agradece a todos os envolvidos no evento, mais especialmente ao pessoal da Kótica e  a Livraria Nobel por abrir este espaço para a publicação de literatura autoral e de suma qualidade. Esperamos outros impressos como a também historica HQ A CONDENAVEL VIDA DE GRINSWOOD, acho que é assim que se escreve, caso contrário peço desculpas para os autores por este lapso. Também agradecemos a Weynna Dória por abrilhantar uma noite já tão cheia de estrelas e como uma supernova quase eclipsar nossos olhos com sua simpatia. Igualmente agradeço a Sandro e a todo o público que lá esteve e prestigiou os autores, eles realmente merecem. Gostaria de fazer um apendice aqui e dizer que aguardo ansiosamente o assombroso e inquietante lançamento do Impresso de Sandro Pseudoor, para os meados de dezembro, acho que será uma edição extremamente inquietante e que deve ser lido com um olhar estremamente desinibido de dogmas e preconceitos estéticos. Felicito por fim, a todos estes membros que fazem parte da chmada geração kótica por sua intenção e empenho por mudar um estatus quase estático e imutável de mesmice em termos de arte sequêncial e de cultura em geral. Que seus ventos se transformem em tornado que espalhe a cultura e a mudança por nosso Estado. Ave est Kótica.



Ass;


Renato de Medeiros.


segunda-feira, 26 de março de 2012

Era K-ótica


Mesmo atrasado, vale a pena contar pra vocês o que anda acontecendo em termos de iniciativa artística em arte sequencial na nossa cidade.
Nesse sábado, dia 24 de março, tivemos na livraria Nobel, o lançamento da revista “O evangelho segundo o sangue”, um trabalho desenvolvido pelo intitulado "coletivo artístico criativo" K-ótica assinado por Marcos Guerra e Leander Moura. 
Apenas por esse cenário independete que vemos crescer em meio a resistência cultural que permanece em Natal, já tornaria o evento importantíssimo. Mas serviu ainda para reunir uma geração criativa e atrevida, pois de acordo com Guerra “sem atrevimento não há arte”, desse modo se articulando afim de traçar novos horizontes para o destino desse mercado amplo e fascinante que são os Quadrinhos. Os rótulos de cômico, infantil e super heróis por tantos anos cultivados e difundidos na nona arte é apenas uma pequena vertente em meio as inúmeras possibilidades que se abrem à arte sequencial. Temas e formatos variados permitem trabalhar desde Filosofia à Ficção científica nos dando um leque de leituras tão variados quanto a tradicional literatura. 


Por trás do trabalho de quadrinhista, existe toda uma pesquisa histórico/antropologica que fundamentam as histórias em quadrinhos, a geração k-ótica trás ao mundo da arte um poder argumentativo inédito e provocador, usando de elementos genuinamente locais, temática regional (sem cair no cliché) produzindo um conteúdo autoral e de qualidade. A quem pense que esses artistas vivem de suas artes e exclusivamente para elas, até pelo complexo trabalho que encontramos em suas produções, mas não é esse o cenário que se configura na realidade. Todos tem seus trabalhos paralelos e dedicam suas horas “vagas” para alimentar a alma criadora. Incentivos culturais e artísticos deixaram de ser a pauta em questão, onde iniciativa independente é o motor que movimenta e aquece a produção. 
Articulando novos projetos

Voltando ao evento, tivemos um público curisoso, e acredite mesmo conhecendo a qualidade do trabalho da revista, me pareceu inesperado ver tanta gente por lá. A final, infelizmente não é de costume na nossa provinciana cidade se prestigiar eventos dessa natureza. O que só confirma o crescimento da busca por novas alternativas artisticas e material original. Ainda no estande da K-ótica podíamos encontrar o livro de poemas em prosa do também artista plástico potiguar Mario Rasec, "O corpo de Cristo & os Apócrifos da Serpente" que ousa em temas entre o sagrado e o profano, mostra originalidade dentro das fronteiras do nosso estado. No mais, encontrei pessoas inteligentes, discussões sobre arte, cultura, estética, próximos trabalhos e muita inspiração. Ao final os anfitriões fizeram seus discursos sobre ambições e motivações e nos presentearam com a surpresa do fabuloso quarteto Propagamus para encerrar maestrosamente a noite. 
Antecipo, desde já, que a K-ótica em breve fará o lançamento da revista “Condenável” desenhada por Paulo Silva, que tive o prazer de conhecer no evento me dando a honra de folhear o original. Deu pra sentir a “aura da obra de arte” da qual Benjamin falava. O que posso dizer a respeito, por enquanto, é que a arte está simplesmente incrível e a história envolvente e original, já estou contando os dias para ter a minha versão impressa.
Esse lançamento, parece ser o primeiro passo de uma caminhada rumo ao sucesso, um passo atrevido, firme e pioneiro ao mesmo tempo. Estarei sempre na fila dos autógrafos! Parabéns a todos que fazem a K-ótica pela iniciativa. 

Leander Moura  
 


Marcos Guerra  
 








Mario Rasec  
 




































domingo, 25 de março de 2012

Intervenção artística


Olá pessoas!
Anteontem foi o evento divulgado por Weynna aqui no blog, que teve a exibição do documentário sobre a banda The Doors, uma intervenção artística e mais o show de duas bandas locais. O evento foi ótimo: o filme é excelente, com uma boa dose de música, poesia e arte; as bandas agradaram e animaram o público; a intervenção artística... bem, é sobre isso que quero me manifestar!
É sabido que intervenção é a ação de intervir, e que intervir é, segundo o dicionário, interferir em algo, modificar, participar, tomar parte voluntariamente, etc. É assim que acontece com a intervenção artística: ela vem como uma interferência; uma modificação do cotidiano a que estamos acostumados. Eu acrescentaria (ou sugeriria) uma outra palavra para esse sentido: provocação.
Inesperado: é assim que a intervenção artística chega.  Pessoas caminhando de forma diferente, usando roupas diferentes, pinturas no corpo, atitudes... atraem olhares de todos. A intervenção é mal-intencionada, ela não quer ser agradável. Eu na minha ignorância, recorro ao Google e encontro as seguintes afirmações:
"Embora a intervenção, por sua própria natureza, tenha um caráter subversivo, atualmente é tida como legítima manifestação artística, muitas vezes patrocinada pelo Poder Público. Mas, quando não autorizada, quase certamente será considerada como vandalismo e não como arte. Intervenções não autorizadas ou ilegais frequentemente alimentam o debate sobre os limites entre a arte e o simples vandalismo.
Essa forma de manifestação também expande os conceitos de arte pois, afinal, se uma pedra pintada de vermelho, uma ilha encoberta por um pano e um homem andando de saia numa avenida movimentada de São Paulo são exemplos de manifestações artísticas, então o que (não) seria arte?".
Essa arte não vem para ser "apreciada", no sentido clássico da palavra, mas sim, para incomodar. É a arte da "não-indiferença", porque é realmente impossível ficar indiferente. Aos que gostam, é um estímulo às diversas interpretações; aos que não gostam, é uma fonte para discussões, para (mais) manifestações. É uma oportunidade de ser público e de ser artista ao mesmo tempo. Mais uma chance de abrir as portas da percepção e de gerar opinião sobre a arte pela arte.
Bom início de semana!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Transponha as portas da percepção


Um castelo de cartas se constrói em pouco mais de 80 min de som no palco do longa-metragem documental sobre a banda americana The Doors. Com uma certa frieza misteriosamente envolvente, Dicillo apresenta um Morisson humano e artístico, com todas as polêmicas ligadas à banda vistas de um ângulo ao mesmo tempo muito próprio e impessoal. As polêmicas construídas em volta da figura única que foi o líder da banda The Doors, acabaram se tornando indissociáveis da ascensão da banda, mas não causalidade de seu sucesso. A música estranha, sem baixo, misturando Rock, Jazz e Blues, com músicos sem formação profissional e com vontade de fazer música deram aos Doors a originalidade dos ícones da geração psicodélica.
Sutilmente o contexto da época e a influência da banda é reconstruída por Dicillo: os movimentos sociais, a Guerra Fria e a Guerra do Vietnã, a morte do presidente Kennedy e todo o culto americano à violência abominado por Morrison. Esse plano de fundo deu não só um teor crítico às letras da banda mas também uma consistencia madura ao filme que lhe permite fugir dos clichês sobre astros de rock drogados e inconsequentes. Essa cena na qual Morrison vivia se refletia em suas atitudes, transformando sua revolta em poesia. A sensibilidade, a profundidade de suas palavras e a aparente irracionalidade de suas ações instigavam seus companheiros de banda a explorar a música de forma inédita e experimental.
É impossível tratar dessa banda sem se referir aos acontecimentos da década de 60, marcada por manifestações civis, protestos juvenis e a revolução sexual ‒ o auge da contracultura. Batendo de frente com o moralismo, essa geração abriu horizontes para novos caminhos. E a arte foi a bandeira dessa revolução. Esse olhar politizado sobre a banda é apenas uma das faces apresentada pelo diretor. Valendo-se de imagens de arquivo do cotidiano de ensaios e turnês, desprendendo-se da estética documental de entrevistas ‒ com narração de Johnny Depp ‒ os editores fazem uma brilhante colagem de momentos únicos e preciosos.
Uma espécie de road movie mescla-se às sequências de arquivo dando um ar ficcional ao filme. São os fragmentos de uma produção não concluída estrelada por Jim, “HWY – An Americal Pastoral”, um curta-metragem experimental no qual o astro interpreta um ladrão de carros. Em sua juventude, Morrison estudou cinema, mas para nossa sorte percebeu a tempo que seu lugar era na frente das câmeras, não atrás delas. Criando a banda “The Doors”, viveu sua própria ficção.
As imagens em sua maioria são nostálgicas até mesmo para os que não viveram a geração “sexo, drogas e rock’n'roll”. A trilha sonora impõe seu aspecto universal, fazendo do documentário um musical fabuloso. O misto de som e imagem traz aos espectadores a grandeza do “The Doors” em seus intensos 6 anos de existência e também os mistérios por trás do mito Jim Morrison.
Sem dúvida, muitos dos maiores astros do rock tiveram contato com drogas e talvez por esse motivo tudo tenha sido tudo tão breve, tão excêntrico e intenso em suas carreiras. Com “The Doors” não foi diferente. A aura de ácido e álcool paira até hoje sobre cada nota de suas músicas, e os cruéis 10.000 days (27 anos) que assombram os ícones dessa geração não falharam com seu líder. De modo que, quando se fala de Jim Morisson e “The Doors”, não se trata apenas de uma banda, e sim de uma cultura, de uma geração.
When you’re Strange é emocionante para os nostálgicos da era “paz e amor”, instigante para os apreciadores da boa música e uma história intrigante para todos. O filme nos leva ao questionamento sobre a “alma” coletiva que se alimenta do corpo de ícones como Jim Morrison. Mas também sobre um mundo decadente, contaminado de mediocridade, e para o qual a transcendência parecia ser a única alternativa.
A esse mundo do “The Doors”, Dicillo nos abre as portas. A um espaço e um tempo idos. Não se trata de um olhar retrospectivo, mas de uma perspectiva de mudança.
______________________
Rock e Psicodelia: As portas dos fazedores abrem essa semana no Deart com o filme de Tom DiCillo sobre «The doors» e a apresentação das bandas «Flamming Dogs» e «Ex-isto».
No Anfiteatro do Deart (UFRN)
Sexta-feira, 23 de Março, a partir das 18h.
Entrada Franca.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Arte Poética

Olá pessoas!
Ontem foi o dia da poesia. Apesar disso, eu acredito que a poesia deve estar presente em nossas vidas em todos os momentos (ou na maioria deles), e que o filtro para percebê-la são os sentidos de cada pessoa. Usei esse dia como uma lembrança para minha percepção.
Apesar de sentí-la, a inspiração para escrever não veio, então quero postar um poema de Jorge Luis Borges, a quem sempre retorno quando em momentos de reflexão ou mesmo de apreciação da boa literatura. Aos que conhecem, relê-lo sempre nos permite descobrir novas interpretações; aos novatos, Borges é um mago das palavras e consegue, algumas vezes com simplicidade, converter os sentimentos, o tempo, a morte, os sonhos, a arte, em poesia. Enjoy!



ARTE POÉTICA
                    Tradução de Rolando Roque da Silva

Mirar o rio, que é de tempo e água,
E recordar que o tempo é outro rio,
Saber que nos perdemos como o rio
E que passam os rostos como a água.

E sentir que a vigília é outro sonho
Que sonha não sonhar, sentir que a morte,
Que a nossa carne teme, é essa morte
De cada noite, que se chama sonho.

E ver no dia ou ver no ano um símbolo
Desses dias do homem, de seus anos,
E converter o ultraje desses anos
Em uma música, um rumor e um símbolo.

E ver na morte o sonho, e ver no ocaso
Um triste ouro, e assim é a poesia,
Que é imortal e pobre. A poesia
Retorna como a aurora e o ocaso.

Às vezes, pelas tardes, uma face
Nos observa do fundo de um espelho;
A arte deve ser como esse espelho
Que nos revela nossa própria face.

Contam que Ulisses, farto de prodígios,
Chorou de amor ao avistar sua Ítaca
Humilde e verde. A arte é essa Ítaca
De um eterno verdor, não de prodígios.

Também é como o rio interminável
Que passa e fica e que é cristal de um mesmo
Heráclito inconstante que é o mesmo
E é outro, como o rio interminável.


Jorge Luis Borges, 1960.

Até a próxima (espero que em breve)!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Feliz Dia da Mulher



Hoje é 8 de março, mais um dia da mulher que chega!
E em homenagem às mulheres, principalmente às leitoras do blog, quero oferecer um poema:

Mulher

Quero propor um brinde
Começando por Eva, pela serpente e pela maçã;
seguindo às filhas: as que geram umas às outras.
Um brinde à beleza e à dor,
um brinde à doçura e à força - por que não?
Façamos um brinde aos sutiãs queimados,
às que usam saias, calças,
às que cobrem com um véu a cabeça.

Quero propor um brinde
às que mentem, às que choram 
Um brinde às mães, Marias e Madalenas,
um brinde às que se prostituem.
Façamos um brinde às líderes
e às submissas, Cadijas e
Fátimas, seu legado, seus filhos.
Brindemos à rosa, à vaidade, à fé,
às que amam e às que odeiam,
brindemos à mulher.


Que o dia da mulher nos lembre das lutas mas também nos resgate a memória da mulher que é mãe, pai, filha e menina de si mesma. Que o feminismo não nos faça perder a magia e beleza que nos diferencia dos homens e ao mesmo tempo nos permita os mesmos direitos.
Parabéns a todas!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Carnaval em Guaramiranga


Olá pessoas!
Desculpem o sumiço, mas cá estou eu para uma postagem - um pouco atrasada, mas tá valendo.
Esse ano resolvi fugir da folia do carnaval (e de certa forma, da calmaria de Natal) indo passar os quatro dias de folga na cidade de Guaramiranga, no Ceará.
Guaramiranga localiza-se na serra de Baturité, e é uma cidade pequenininha que está a quase 1000 m de altitude, o que faz com que as temperaturas sejam mais baixas. No carnaval, Guaramiranga abriga o Festival de Jazz e Blues, que tem música boa todos os dias.

A primeira impressão que tive ao chegar lá foi "estou muito cansada!" - a viagem de Natal para Guaramiranga de ônibus é longa, a cidade fica a 110 km da capital Fortaleza, e a subida da serra não é fácil, mas ao chegar lá a gente percebe o quanto valeu a pena.
A mudança do clima é logo notada, com um friozinho gostoso que o ventro traz; a mudança da vegetação também: o que antes era caatinga, vira uma floresta linda e agradável, e nas áreas mais urbanas, vê-se flores por todos os lados.

Durante o dia, Guaramiranga oferece opções para os que gostam de ecoturismo e turismo rural: cachoeiras e trilhas na mata. Vale a pena visitar, e até tomar um banho, se o sol aparecer - senão o frio é grande! As paisagens são lindas. Também são boas pedidas visitar o mirante e o Pico Alto, de onde a vista da serra e dos arredores é linda, e o frio fica mais evidente.
A programação do Festival se estendia desde as 10 até às 03, com filmes, palestras e oficinas durante o dia e shows durante a noite, que era mesmo quando a cidade esquentava! Num palco montado exclusivamente para os artistas do festival, subiram grandes nomes mundiais do Jazz e Blues e também artistas locais (não menos bons!). A programação estava muito bem organizada, os shows foram pontuais e animadíssimos. Quem não quisesse ir até lá também curtia boa música: nos restaurantes havia sempre shows ao vivo num clima mais intimista.
Outra coisa boa de Guaramiranga são as comidas: pato ao molho de laranja, coelho aos 5 funghi, excelentes pedidas para acompanhar um bom vinho e para serem apreciadas com uma boa companhia! Destino aprovado e recomendado!


sexta-feira, 2 de março de 2012

Cibersocialidade


Gente, como diz Crô: Congela! O BlogFases tá com mais de 20.000 acessos (botei os zeros pra fazer mais volume) em dois anos, isso quer dizer uma média de 27,3972602739726 acessos por dia (fiz as contas na calculadora). É babado hein. Antes de criar o espaço virtual eu pensava, o povo lê cada besteira, aff. Aqui estou eu falando besteira na internet! Vão procurar uma lavagem de roupa. :P
Brincadeirinha, a intenção mesmo era poder me expressar de alguma maneira, um Blog é como um diário público, foi o que fiz, falei sobre o que me interessava. Ultimamente é cinema, já foi outras coisas, depende da minha fase. É por isso que o Blog se chama Fases!!!!
Engraçado como o particular, não é tão particular assim... Todos temos fases, foi o que acabei percebendo com um tempo. Me sentia uma estranha no ninho, o que não deixei sentir, é fato! Mas hoje sou uma estranha que escreve em um Blog lido por gente tão estranha quanto. (Alívio) 

Agradeço os acessos e espero junto com nossa equipe, Renato Medeiros, Ceres Dantas, Sandro Pseudoord,   possamos contribuir com algo interessante pra vida de vocês. 

Um xêru grande!
:)

quinta-feira, 1 de março de 2012

Março Negro!

 Em nome da nossa boa memória, a pesar da amnésia 

coletiva que parece assolar o mundo, estamos de LUTO por

todos os links que foram deletados da 

rede mundial de computadores.