O MÁGICO

Confira essa nova animação do diretor de Bicicletas de Belleville.

BALADA DO AMOR E ÓDIO

Confira nossa crítica sobre o mais novo filme do cineasta espanhol Álex de la Iglesia.

FRIDA KAHLO EM SEIS SENTIDOS

O projeto de extensão “cores” nos convida inicialmente a um espetáculo sobre a vida da artista plástica, mexicana, Frida Kahlo.

ARTEROTISMO - UM CONVITE

Gente! Ontem eu fui ao evento #OqueDjaboÉIsso, onde tive o prazer de assistir ao ótimo espetáculo "As cores avessas de Frida Kahlo"...

"A CULPA É DA SOCIEDADE"

A sociedade é culpada: Esse foi um entre outros discursos gritados nesses dias que sucederam a “tragédia do realengo”...

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

UM TIJOLO DE HUMOR E ALEGRIA

Depois de muito tempo sendo gestado por seus criadores, Rodrigo Brum , roteirista e o fantástico ilustrador Luiz Meira, o Tijolo é uma hq magnifica e sentimental que será lançado na CCXP. Nesse breve volume, notaremos uma visão de mundo impar e poético que representa a inocência e ao mesmo tempo a grandeza de um argumento maduro. De fato, um lançamento que certamente será um destaque no evento de São Paulo e que poderá ser conferido lá.

Realmente, com tantas obras independentes sendo lançadas, algo que consegue aliar simplicidade e complexidade é bem vindo a esse mundo tão cinza e árido que mostra uma visão maniqueísta e as
vezes fragmentária da realidade, Brum, com seu argumento que alia humor e alegria com uma pitada de critica ao mundo dito adulto, mostra que somos todos parte daquele barro que em nada nos faz diferentes um dos outros. Já a arte do Luiz Meira é uma mistura de simplicidade e complexidade que dá vida e luz ao personagem. Poucos, aliás, ilustradores conseguem aliar a inocência e a critica social em um mesmo traço, ponto para o Luiz.

Aliás, a analogia que faz de pessoas e tijolos é fantástica, mostrando que apesar de cada tijolo parecer diferente, todos nós somos constituídos da mesma matéria e que deveríamos, antes, nos olharmos na diferença, procurarmos as convergências que nos fazem iguais. E então, seguirmos adiante com alegria e esperança.

A dupla Brum e Luiz conseguem transformar uma história em quadrinhos que fala de uma realidade difícil e cheia de dificuldades que é viver em uma favela, em um maravilhoso conto de otimismo e de uma perspectiva positiva da vida que muitas vezes nos esquecemos que é a ideia de pertencimento a um lugar. Afinal, morar em um lugar é mais do que habitar ou ocupar um espaço qualquer, é a sensação própria de saber que fazemos parte e nos sentimos bem de está lá naquele lugar, naquela região e com pessoas que admiramos e amamos. Nessa Hq encontraremos tudo isso e das mais variadas formas, pois Brum e Luiz nos dão uma perspectiva de pertencimento a essas páginas e que nos leva a nos identificarmos com essa hq logo de cara. Parabéns a ambos pelo trabalho maravilhoso que fizeram. Certamente será um sucesso!

De fato, aguardo o lançamento esperançoso de que o Xulê e a sua turma, que são apresentados nessa pequena obra, o Tijolo, os contagiem com sua alegria como o fez comigo. A necessidade de encontrar obras que tenham teor tão positivo e para frente diante de tantas obras que parecem nos desejar fazer sofrer é um oásis no meio do deserto, por isso parabéns pela magnifica empreitada de contar uma historia tão sincera e sensível.


Recomento a todos a sua leitura e compra, vale a pena, pelo texto, cores e principalmente para conferir o talento do roteirista Rodrigo Brum que mostra que possui bem mais surpresas a nos mostrar no futuro.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

UMA AULA DE ESCRITA DE HQ POR QUEM ESCREVE




   

   
Escrever qualquer coisa por mais simples que seja  parece a princípio algo natural e fácil....parece? Quem já se aventurou pelo mundo da escrita sabe a dificuldade que existe em passar para o papel todas as idéias criadas, mesmo sabendo técnicas e artificios os mais variados que nos ensinam no colegio ou lemos nos manuais de redação, a sensação que fica é que a afirmativa acima descrita parece não se verificar quando examinada mais detidamente. A grande verdade que se constata tristemente é que escrever qualquer coisa por si mesma é trabalhoso e complicado. Os bons escritores tem mil e um artificios para descrever o que pensam os seus personagens, como também tem vasto conhecimento e determinado uso de "artificios" para aguçar a imaginação do leitor e facilitar a transmissão do real para o imaginário. O Escritor em suma trabalha sempre no domínio do "SE" em seus romances e contos, até mesmo nas resenhas ou artigo de opinião. E essa capacidade de criar "mundos", situações complexas em que os personagens são envolvidos passam a ingenua impressão de ser algo bastante fácil.  Mas o sentimento que temos, qualquer diante da folha em branco parece dizer o contrário e mostra como é complexo a produção de um texto escrito, mostrando inclusive como, em um primeiro momento, se mostra uma barreira intransponível entre o que se pensa e o que se pode escrever.

     Agora, some-se a isso uma linguagem inovadora e de vanguarda por que não dizer, que subverte todos os gêneros literários e que não só inaugura uma nova forma de linguagem que podemos até chamar de meta linguagem, como aquela que contribui para a complexidade da escrita como o que podemos encontrar na "narrativa gráfica" como bem o chamou o mestre Will Eisner. Me lembro como hoje quando li Narrativas gráficas do mestre Eisner e fiquei a princípio mais apaixonado ainda pelo universo das Historias em Quadrinhos pela forma como ele explicava a sua produção de maneira agil e elegante. Aquele livro, ráro na época nos primordios da decada de oitenta mudou completamente a forma como era feita os quadrinhos para mim. Naquele momento a idéia que tinha, não muito clara ainda, de que os quadrinhos de fato não apareciam simplesmente do nada, não era um ilustrador agraciado pelas pitonisas ou pelas ninfas da inspiração divina que sussuravam em seus ouvidos histórias incriveis e fantásticas que muitas vezes pareciam uma magnifica ode a alma. Na verdade escrever HQs era uma simbiose entre inspiração - técnica e trabalho duro por parte do escritor, ou como nós das hqs chamamos ROTEIRISTA. Claro que isso não inviabilizaria de um ilustrador talentoso também ser um escritor, um grande escritor como o foi o Will Eisner, o Frank Miller, Jim Starlin entre outros magnificos e fantásticos artesãos da narrativa gráfica, mas diga-se de passagem que a maioria que fazem parte do grande corpo de ESCRITORES de hqs, os roteiristas se centram e trabalham objetivamente com a escrita e exclusicamente vivem para ela.
     De fato, lembro-me nesse instante de nomes de peso que nos idos anos oitenta foram, pelo menos para mim grandes escritores de Hqs e são basicamente escritores e que merecem serem mencionados e relembrados com grande honra e interesse sem par. Autores como Alan Moore, Neil Gaiman, Grant Morriso, Chris Claremont, Len Wein entre outros magnificos roteiristas lá dos idos anos 80 e 90 pareciam estarem deslocados desse mundo insensível, imagina só a emoção de constatar que no pais em que moro também poderia falar com orgulho de que temos ROTEIRISTAS fantásticos que também eram capazes de nos surpreender com historias fantásticas. Só para não correr o risco de esquecer algum, pois eram muitos fico aqui com os nomes do grandes e fantásticos Júlio Emilio Brás, Sebastião Seabra, Deodato Borges pai,  como exemplo de autores dessa época que marcou uma geração. No meu caso quando comecei a fazer roteiros tenho que dizer que o culpado unicamente por isso atende pelo nome de Júlio Emilio Brás que me mostrou a possibilidade de que nós brasileiro podemos sim contar nossas historias e poder criar personagens interessantes me convenceu que eu poderia tambem seguir esse caminho. Mais pra frente quando tentava através de fanzines e da prática do desenho, já que não conhecia tantos desenhistas e os poucos que tinham eram preguiçosos o bastante ou talvez vissem minhas ditas historias muito pobres para chamar sua atenção e convencê-lo a ilustrar  (vai saber o que passa na cabeça dos seres humanos ou de ilustradores nessas horas). Me levaram a estudar desenho, anatomia e linguagem narrativa, lembrar sempre que não havia nenhum livro fora as da extinta Ediouro que ensinava isso e como não tinha dinheiro tinha de ser no olho e em publicações empretadas do Ivo Rocha que era um ótimo desenhista ao mesmo tempo que servia de inspiração para os iniciantes do lapis e me levou a aprender algo de desenho e consequentemente a fazer minhas próprias historias já que não havia quem apostasse nelas. Até esse momento, em minha cidade (Natal/RN) o predominio da maioria das hqs significativas estava centralizadas sobre a égide da Maturi e ocasionais fanzines de xeroz e publicações pobres e sem qualidade, que muito pouco me atraiam.
     Lembro-me que produzi algumas poucas hqs de forma comica em que era uma pobre versão de crise nas infinitas terras só com cachorros e distribui com amigos e familiares na ocasião. Houve outras criações como o do super heroi "Eterium" uma versão tosca do supla com o superman que também fiz uma hq e se perdeu no tempo (ainda bem"). Houve muitas outras coisas que fiz, mas sem o devido cuidado e esmero que só teria conhecimento de um roteiro mais técnico através de um pequeno exemplo de roteiro, na realidade uma ou duas páginas datilografado fornecido pelo próprio Ivo Rocha de como deveria ser feito um roteiro de hq. Me lembro que era do Júlio Emilio Brás o tal guia e atravez dessas duas ou três páginas pude começar a iniciar minha carreira (?) como um principiante ou mesmo aspirante a ROTEIRISTA. 

     Como mencionei acima, lá para a metade da decada de oitenta soube do livro Narrativas gráficas escrita pelo mestre Will Eisner e procurei encontrar algo dele que pudesse usar. Infelizmente as coisas naquela época não eram como agora que basta ir no Google e aparece o livro em pdf para baixar e tornar sua vida menos sectaria. Pois bem, foi novamente através de um conhecido que trocava quadrinhos na época que tinha umas páginas antigas que me emprestou as mesmas para poder ler e estudar como era possível conciliar imagem e texto em uma historia em quadrinho. Como podia descrever e expressar situações, passar emoções e estabelecer conexões com pensamentos do personagem principal com os dos personagens secundários. Aquelas dez ou doze páginas me deram uma noção que não tinha sobre a magia de escrever hqs até então. Realmente passei a prestar mais atenção a aqueles artifices do roteiro e como eles eram capazes de produzir algo tão fantástico como aquelas historias de super herois, detetives, de horror e até mesmo de sexo. Mas o que notei na época era que na realidade o livro mostrava como podemos produzir uma hq, explicava tudo do processo de elaboração até a formulação do personagem. Explicava tudo que era possível saber sobre a narrativa gráfica, mas um incomodo ainda me pertubava no intimo, sempre que via o livro do Eisner o que predominava era a narrativa visual, mesmo descrevendo como a melhor maneira de escrever uma historia sempre me deparava admirando mais a forma do que o conteúdo. Não estou querendo dizer que não havia conteúdo na narrativa do Eisner, mas que sentia que faltava a explicação de como ele chegava a idéia daquela narrativa especifica, parecia que ela estava pressuposta o tempo todo e mais ainda, partia de uma idéia que parecia estar circulando por ali próxima e a mão, cabendo ao escritor só pegá-la. Outras perguntas vinham, como aquelas historias eram feitas sem haver uma ligação com o mundo real, eram criadas a partir do nada ou tinham uma referência paupavel com exemplos externos? Eram muitas perguntas que só fui pensar e solucioná-las depois de muito estudo e leitura de obras que abordassem o tema, muitas vezes livros de roteiros de cinema e que não tinham uma relação direta com o mundo das comics, diga-se que tais livros eram ráros no Brasil, por que a maioria que ensinava minimamente a escrever roteiros eram de fora, mais precisamente nos EUA, a terra das comics.

    Contudo, esse limbo de publicações que pleiteassem a investigação da produção e explicação do conteúdo da narrativa gráfica começou a mudar timidamente mas só ficou mais efetivo na última decada do século 21 quando começou a aparecer obras que tinham o fim especifico de estudar e explicar como eram feitas os roteiros das Hqs. Nesse ponto é que desejaria chegar, especificamente os manuais que explicavam de forma fácil e descomplicada por assim dizer a produção de hqs. Começava a surgir livros de vários autores estrangeiros como por exemplo, dos americanos Will Eisner "Narrativas gráficas" que já mencionei e Scott Mccloud "Desvendando os Quadrinhos" e dos autores espanhois José M. Parramón e Jesús Blasco "Como dibujar historietas" (particularmente este último livro era do inicio da decada de 80 um dos pouquissimos livros que tinam como finalidade mostrar como construir um roteiro e foi ele que me salvou da ignorância total de como elaborar um "bom" roteiro). Contudo, faltava obras de autores brasileiros que tivessem como foco justamente a explicação da construção de  um roteiro de HQ e que no decorrer dessa decada começou a surgir obras como  Nobu Chinen "Linguagem HQ", Humberto Avelar "Quadrinhos guia prático"  e de Gian Danton o magnifico livro "O roteiro nas Histórias em quadrinhos" pela marca de fantasia que são livros técnicos mostrando passo a passo de como elaborar um bom roteiro ajudando assim os pretendentes a roteiristas de hqs a se orientarem nessa estética. Entretanto, para mim particularmente  sentia que faltava algo que acrescentasse a parte técnica uma explicação que evidenciasse a própria produção de uma HQ, a vivência, o relato, os problemas e soluções encontradas pelo roteirista e que os manuais de como construir roteiros de hqs esquecem que apesar de mostrar a parte técnica, não mencionam a vivencia com situações que fogem ao escopo do canone da técnica e que a primeira vista parece mostrar-se algo automático a produção de hq. Em resposta a isso nesse ano o Fantástico roteirista Gian Danton nos presenteia com um livro magnifico e que é a resposta a todas essas questões.

     Esse texto enorme é proposital, já que serve para mostrar a importância de tal obra para quem inicia, se podemos falar isso, a carreira de escritor de Historias em quadrinhos. A sua relevância mostra devido expor a carreira de um roteirista de hqs, onde podemos encontrar um relato da experiência pessoal como também mostra as saidas e formas (macetes por assim dizer) de solucionar possíveis dificuldades que foram aparecendo ao longo do tempo e nisso a gente vai começando a ver nossas principais dúvidas sendo respondidas no decorrer da leitura. A obra que expõe tão grata surpresa chama-se belamente "COMO ESCREVER QUADRINHOS" do Gian Danton a qual gostei muito de ler e de saber que as dificuldades que ele passou são as mesmas que passei e ainda passo de certa forma, e ajuda bastante para a elaboração e solução de possiveis dificuldades com a construção de um roteiro, principalmente aqueles mais complexos.

     Os anos de experiência escrevendo quadrinho de Gian Danton, acompanhado de sua escrita fácil e agil oriunda justamente da forma sintética e sucinta de quem escreve HQ mostra sem rodeios os percaussos que levam alguém a contar uma historia, além de discutir e mostrar por que a figura do Roteirista é tão importante para a arte sequencial. De fato, não há dúvidas de que o roteirista profissional, aquele que não sabe desenhar tão bem, mas tem de pelo menos ser o melhor no que faz escrevendo e imaginando aventuras, historias, isso leva tempo e leitura, é um eterno exercício em busca da perfeição se é que ela existe. O escritor de HQ não deve ser, apenas o leitor de hq, mas deve ler tudo de preferência. Isso que dizer que se o roteirista deseja dá profundidade psicologica ao personagem, retratar situações e ambientes com determinada veracidade, fazer experimentações com design de página, procurar utilizar o máximo que a nona arte tem a oferecer é necessário acima de tudo, pesquisa, estudo, leitura, esforço, ruminar por assim dizer idéias, escrever e apagar, avançar e voltar atrás, em suma, tem de haver comunhão com aquilo que se escreve, um pacto indissociável entre escrita e leitura de várias formas possiveis. Nesse sentido, o livro de Gian Danton mostra de forma fácil ao mesmo tempo profunda o processo mesmo de elaboração do texto de uma hq, e o próprio autor conversa com o leitor sobre o processo, não uma conversa chata e didatica, mas simplesmente uma conversa de alguém que já conheceu todo o percurso e deseja abreviar possiveis obstaculos aos noviço na profissão para que não cometam os mesmo erros no decorrer do processo objetivando mostrar os nuances de se escrever numa arte que envolve escrita e imagem e que não parece ser fácil de fazê-la.

    O livro descreve todo o percurso na elaboração de um texto de HQ desde a idéia inicial, a produção do Plot ( que seria uma especie de sintese da historia inicial contando de maneira geral os princípais pontos a serem abordados), depois o decalque (seria uma descrição um pouco mais aprofundada e explicativa de capitulos e dos personagens em si) e finalmente o roteiro propriamente dito. Cada etapa é discutido e mostrado com inumeros exemplos de hqs que o próprio Gian Danton roteirizou, com belissimas imagens, onde o autor mostra as dificuldades e alguns recursos que aconselha para que o novato no ramo possa seguir e não errar tanto no decorrer da construção do seu texto. A leitura do Livro de Gian Danton realmente é muito boa, flui, sai fácil e é claro o que ajuda bastante para aqueles que leitores que não estão habituados a livros extremamente profundos. Obviamente que isso não quer dizer que o COMO ESCREVER QUADRINHOS não seja profundo, ele é e muito. Principalmente a parte em que o Gian Danton faz uma critica a alguns ilustradores que desenham/roteirizam que nem se dão o trabalho de estudar sobre como se faz um roteiro antes e faz os piores erros possíveis, ráros são os desenhistas que conseguem fazer as duas coisas desenhar/roteirizar bem. Isso quando se preocupam com isso. Na realidade a critica do Gian faz sentido e isso sinto hoje em dia com vários conhecidos que ilustram e roteirizam suas historias e percebe-se logo diante de uma primeira leitura erros crasos de narrativa e de português, mas isso pode-se relevar, para mim o pior problema é recair no mais do mesmo, a saber, fazer uma versão deslavada de uma historia que nada mais é do que uma forma rala e sem conteúde de narrativa, por que o ilustrador/desenhista não tem a habilidade necessaria para traduzir o que tem em mente para o papel, isso deveria ser uma tarefa de alguém que treina unica e exclusivamente para isso ou que estude o mesmo para fazer tal empreendimento. Seja como for, no meu ponto de vista fico muito agradecido pelo envio e pela leitura do Livro COMO ESCREVER QUADRINOS do Gian Danton que recomendo mesmo a todos aqueles que tem a VONTADE e o DESEJO de contar e produzir suas historias para a arte sequencial ou HISTORIAS EM QUADRINHOS saibam que estão em boas mãos.

     Boa leitura e fica a dica. Até uma próxima.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

ENTREVISTAS COM ROTEIRISTAS DE HQS POTIGUARES

ENTREVISTAS COM ROTEIRISTAS DE HQS SOBRE SUAS CRIAÇÕES, INFLUÊNCIAS E PERSPECTIVAS.


EMENTA: O objetivo dessas entrevistas é ressaltar o modo próprio de ser da profissão e trabalho do roteirista/argumentista nas obras de Historias em quadrinhos do RN, procurando mostrar como e o por quê o roteirista faz suas escolhas em detrimento do desenvolvimento de uma historia ao invés de outras. Buscando com isso, responder para o grande público leitor de hqs o que os motiva ou faz optar por contar historias do que ser um mero reprodutor delas. Além de compreender suas reflexões, anseios e opiniões sobre os quadrinhos potiguares e suas especificidades.

Mini biografia Wagner de Oliveira


Wagner de Oliveira nasceu em Assu no dia 09 de maio de 1976, filho de pintor, Barrinha. Desenha desde os 6 anos de idade, cresceu lendo os mestres, Mozart Couto, Eugênio Colonesse, Flávio Colin, Emir Ribeiro e outros. Sob convite de Luiz Elson, fez seu primeiro trabalho em quadrinhos, que na verdade, servirá como um storyboard, de um roteiro desenvolvido por ele, de um filme homônimo que esta sendo desenvolvido pela equipe de cinema de Assu, na qual faz parte. Wagner de Oliveira é artista plástico, desenhista, poeta, escultor, chargista e escreve nas horas vagas. Trabalha à 8 anos como oficineiro com crianças e adolescentes na sua cidade natal. Para maiores contatos www. fotolog.terra.com.br/acaverna.
    
ENTREVISTA:

1 – Bem agradeço a disponibilidade de tempo, do ilustre roteirista para essa entrevista e já começo perguntando o que o levou a fazer roteiros sobre quadrinhos?

Antes de mais nada, obrigado pelo convite de participar, de ser um dos alvos dessa série de entrevistas, O que sinceramente me deixou muito honrado, ser inserido no meio de tantos feras. Posso me definir como alguém que curtiu muito ler quadrinhos na sua adolescência, e por possuir uma certa habilidade no desenho, resolveu brincar de fazer quadrinhos. Comecei aos nove anos de idade fazendo gibis usando canetas esferográficas com personagens “próprios”, clones de He-man e demais desenhos animados da época. 

E histórias “próprias”, por exemplo como o personagem guerreiro que vem de um lugarejo para cidade grande, vingar a morte do pai... Clichês de uma época. Depois de um tempo, tinha um acervo de desenhos e ideias mais aperfeiçoados que me rendiam alguns elogios. Cheguei a participar de uma reunião com o Grupeq, seria uma oportunidade de realizar o sonho de se enturmar com profissionais da área que eu almejava em meus sonhos, mas infelizmente nada aconteceu. Até os 18 anos fiz alguns trabalhos como hobbies. Então veio o casamento, trabalho, e eu me afastei de tudo isso. Seguindo meus instintos, ou a falta deles, enveredei por um caminho tão difícil quanto o dos quadrinhos, o das artes plásticas. O luiz Elson, de alguma forma, sabia sobre esses trabalhos que eu fazia e me convidou para colocar uma dessas histórias que eu tinha, no seu projeto Primeira edição. Achei não ter nada á perder e resolvi participar usando uma de minhas histórias. O Boneco foi descoberto pelos caras da K-ótica, e aqui estou eu sendo entrevistado em meio de tanta gente boa.

2 –Ok, então sabendo de suas motivações gostaria de aprofundar mais o conhecimento sobre as hqs que te influenciaram, despertando você para esse universo dos quadrinhos?

O quadrinho Nacional dos anos 80, foram o primeiro passo, Mozart Couto, Eugênio Colonesse, Rodoufo Zalla, Flavio Colin, Edmundo Rodrigues, foram os primeiros idolos. A revista mais incrível, logo de cara, o primeiro nome que vem à cabeça, Transubstanciação do gênio Lourênço Mutarelli. A possibilidade de unir poesia, beleza, feiura, amor, ódio, personagens fortes e caricatos, e um texto de uma sensibilidade arrepiante, mudou minha visão dos limites do que o quadrinho poderia ultrapassar.

3 – Então, observando suas motivações e influências quais os gêneros ou tipos de historias você desejaria escrever para os futuros leitores de seus quadrinhos?

Tenho a vontade de escrever algo que não seja descartável. Algo que tenha alma, que possa ser lido por você em diferentes fases de sua vida e que te dê diferentes significados para o que você leu. Que signifique algo como Transubstanciação de Mutarelli significou para mim. Em relação ao gênero, gosto de histórias que envolvam várias pitadas de temperos característicos de cada gênero. Lovecraft por exemplo, usa com maestria pitadas de ficção cientifica nos seus contos de terror. Sinto que existe um certo preconceito no erótico. Acho o erotismo um tempero muito bacana a ser usado em minhas histórias, O Boneco era uma história erótica, a força motriz que desencadeava todo o resto da história eram os desejos sexuais e afetivos em uma menina especial desaflorando e modificando o seu cotidiano. Tanto que na primeira versão, no primeiro quadrinho, uma mão liga um rádio velho, e enquanto o ambiente de sua casa é mostrado, toca a música do Luiz: “Mandacaru quando fulôra na seca, é sinal que a chuva chega no sertão, moça bonita quando enjoa da boneca é sinal que o amor já chegou no coração.”

4 – Muito bem, você poderia falar um pouco sobre a forma de escrever roteiros e suas preferências, além de se possível for, me responder qual a sua posição quanto a abordagem de temas delicados que por acaso você venha ou tenha escrito e que nem sempre são temas muito faceis de serem abordados e aceitos pelo grande público leitor?

Gosto de temas fantásticos e surreais. A história precisa formar vários caminhos e saidas mas não necessariamente conclui-las da forma que todos esperavam.Criar dúvidas Ter vilões que horas teem atitudes heróicas, e heróis que horas teem atitudes duvidosas.Escrevi uma história onde as pessoas acordavam com uma pedra enorme em cima da terra, nela, descrevo unicamente sobre a reação das pessoas, e o que isso mudaria em suas vidas, sem me preocupar o que era essa bendita era, fui assim até 90% do texto de 60 páginas, até hoje as pesoas me perguntam o que realmente ea a “pedra”.

5 – Você possui alguma pretensão de desenvolver uma a estética própria em sua escrita que tenha como objetivo experimentar através de seus roteiros?

O desenvolvimento de uma técnica é algo que eu acho que vem com a prática. Você pode observar nos trabalhos iniciais de qualquer grande artista, você vai notar suas influencias, com o tempo ele vai tornando o seu trabalho uma mistura homogênea e pessoal, e quando podemos ver a sua maturidade. Eu deixo a coisa ir se formando livremente.

6 – Essa pergunta é cabciosa, para não dizer sacana, mas necessito fazê-la, você se considera um roteirista de que tipo? Comercial que escreve para vender e divulgar o seu trabalho apenas, Independente que objetiva escrever para um determinado público, desejando uma liberdade maior de criação ou ser Alternativo (underground) que procura a experimentação e a liberdade de expressão, apenas, sendo que o público consumidor seria apenas uma consequência e não o objetivo principal?


Sempre fui o Alternativo, mas no meu ponto de vista não vejo problema em ser o independente. Vai depender muito da situação.

7 – Muito bem, considerando que como quadrinista inserido em uma região do país, a nordestina em que temos a carência de tudo há decadas, qual a perspectiva atual do mercado de Hqs nessa região e especificamente, o quadrinho potiguar?

Não especificamente o dos quadrinhos, mas o das artes em geral, considero quadrinho uma arte, existe todo um universo de dificuldades, da mesa de desenho até ao consumidor final. Uma realidade desmotivadora que não incentiva o surgimento de sangue novo. Dava aulas de desenho em projetos sociais, e em uma das aulas levei um monte de revistas do Projeto Primeira Edição que o Luiz Elson me conseguiu, para as crianças lerem, seria legal que as prefeituras comprassem essas revistas para incentivar a leitura das crianças e aos desenhistas á produzir. Nas bancas de revistas poderiam ter expositores especiais para revistas produzidas aqui, espositores patrocinados por algum tipo de lei ou edital, não sei. Os profissionais estão ai, precisam só de visibilidade, foco, e de um jeito atual de divulgar o seu trabalho. Lógico, posso até está falando besteira, mas é o meu ponto de vista.

8 – Nessa perspectiva, gostaria de saber quais as hqs POTIGUARES que lhe despertaram alguma curiosidade e lhe surpreenderam em algum sentidonesse ou em outros anos?

As ultimas revistas que tive a oportunidade de ler foram as publicações do projeto “Primeira Edição”, Nesses gostei do trabalho de Beto Potyguara, Luiz Elson e Marcos Guerra.

9 – Confesso que já fiz uma lista de roteiristas potiguares que gosto, mas serei sacana e restringirei a lista a três roteiristas que você considera nos últimos tempos que produziram historias interessantes e se possivel, fizesse um pequeno comentário sobre sua opinião a cada um deles e suas obras?

Gosto muito do Luis Elson com seu trabalho sobre o cangaço (Labareda). Gilvan lira é um artista que sempre tenho a oportunidade de observar o seu trabalho, e notar sua evolução ao longo dos anos. Marcos Guerra, como desenhista é um cara versatil gostei de “O Homem da Ilha de Lixo” de sua autoria fez me lembrar das coisas boas dos anos oitenta.

10 – Não precisa dizer que se você esta sendo entrevistado por mim é por que já o considero uma promessa para o panteão dos roteiristas Potiguares e promessa de grandes historias para o futuro, além disso espero muito de você, mas fora essa pressão psicológica qual suas perspectivas de roteiros futuros e qual os outros gêneros de historias gostaria de escrever?



Obrigado,Pretendo fazer uma versãocompleta de “O Boneco” em quadrinhos, com desenhos mais bem trabalhados, nela serão mostradas as três partesda história juntas.Pretendo também concluir o meu livro A Pedra, e quem sabe, lança-lo. Quanto ao gênero,qualquer um, Sinceramente tenho minhas preferencias mas acho que dá pra desenrolar nos outros, vai depender da inspiração e um pouco de pesquisa para poder me adaptar a cada um.

domingo, 10 de maio de 2015

ENTREVISTAS COM ROTEIRISTAS DE HQS POTIGUARES



EMENTA: O objetivo dessas entrevistas é ressaltar o modo próprio de ser da profissão e trabalho do roteirista/argumentista nas obras de Historias em quadrinhos do RN, procurando mostrar como e o por quê o roteirista faz suas escolhas em detrimento do desenvolvimento de uma historia ao invés de outras. Buscando com isso, responder para o grande público leitor de hqs o que os motiva ou faz optar por contar historias do que ser um mero reprodutor delas. Além de compreender suas reflexões, anseios e opiniões sobre os quadrinhos potiguares e suas especificidades.



Mini biografia.


Dickson de Oliveira Tavares Nascido em Natal/RN, Desenhista por vocação, Designer por profissão e Jornalista por formação. Desde os cinco anos de idade dividia o fascínio pelos desenhos animados como He-man, Thundercats, Super Amigos com as histórias em quadrinhos do Batman, Superman e Liga da Justiça. Registrava com desenhos tudo a sua volta, mais tarde aos 13 anos focou no aprendizado dos desenhos de super-heróis. Fez cursos de Histórias em Quadrinhos com os Mestres Evaldo Oliveira e Watson Portela. Lançou sua primeira revista em parceria com o amigo e ilustrador Napoleão Nunes, apresentando ilustrações e histórias curtas em 2011 - a revista Núcleo Base Quadrinhos pelo projeto Primeira Edição, pela Fundação José Augusto. Atualmente é mestrando em Estudos da Mídia (2015), especialista em Propaganda e Marketing na Gestão de Marcas pela UFRN (2014), bacharel em Jornalismo no Curso de Comunicação Social pela UFRN (2012) e licenciado em Educação Artística com Habilitação em Desenho pela UFRN (2003) . Co-autor do jornal laboratório O Periódico do Curso de Jornalismo. Atuou como ilustrador, cartunista, webdesigner, arte-finalista no mercado publicitário natalense entre os anos de 1999 a 2008. Exerceu o cargo de Arte-educador na condição de servidor público, integrando a equipe multidisciplinar de educadores sociais da Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social - SEMTAS, na cidade do Natal/RN, de 2007 a 2010. Na condição de servidor público cedido, atuou como designer na Seção de Editoração e Publicações do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte, de 2009 a 2010. Seu vínculo atual, desde 2010, é de servidor público, do quadro efetivo, no cargo de Programador Visual na Secretaria de Educação a Distância SEDIS, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.





ENTREVISTA:
1 – Bem agradeço a disponibilidade de tempo, do ilustre roteirista para essa entrevista  e já começo perguntando o que o levou a fazer roteiros sobre quadrinhos?

Posso dizer que foi o desejo natural de contar minhas próprias histórias, de maneira  livre,  para  que  eu  mesmo  pudesse  desenhá‐las.  Creio  que  o  jeito  de  fazer  dos  quadrinhistas autoriais tenha me influenciado.

2  –  Ok,  então  sabendo  de  suas  motivações,  gostaria  de  aprofundar  mais  o  conhecimento sobre as hqs que te influenciaram, despertando você para esse universo  dos quadrinhos?

Minha formação basicamente vem da televisão. Assistia e assisto muito TV, e sempre gostei de analisar a forma como as histórias se desenvolvem, nos diferentes modos narrativos, como telenovelas, seriados, filmes e animações. O contato com a narrativa gráfica das HQ´s se deu em minha adolescência no contato com as revistas dos personagens da DC e da Marcel Comics. O universo do Batman e suas conexões com super heróis do Universo DC me influenciaram como leitor. Posso destacar a hq Reino do Amanhã como a mais marcante para mim; sem menosprezar os clássicos como o Retorno do Cavaleiro das Trevas e Watchmen.

3 – Então, observando suas motivações e influências quais os gêneros ou tipos de histórias você desejaria escrever para os futuros leitores de seus quadrinhos.

Contrariando a lógica de minha preferência pelo universo do Batman/Liga da Justiça como leitor; as histórias que gosto de escrever encontram-se dentro do gênero Aventura Fantástica. Gosto da atmosfera que mistura tecnologia com o medieval. Conan, Flash Gordon, He-man e os Mestres do Universo, Star Wars, Thundercats, Senhor dos Anéis e atualmente a série de televisão Game of Thrones são o que gosto de identificar minha linha criativa.

4 – Muito, bem você poderia falar um pouco sobre a forma de escrever roteiros e suas preferências, além de se possível for, me responder qual a sua posição quanto a abordagem de temas delicaso que por acaso você venha ou tenha escrito e que nem sempre são temas muito fáceis de serem abordados e aceitos pelo grande público leitor?

Não acredito em tema delicado a ser trabalhado, mas em falta de habilidade para trabalhar com um tema e contar uma boa história. Contar histórias é algo nato do ser humano. Desde os primórdios o saber e o conhecimento forma transmitidos de indivíduo para seu (s) semelhante (s) por meio de narrativas orais, ilustradas e escritas.
O cinema, o jornal, o Rádio, a TV e as HQ´s são meios; com linguagens específicas. O conhecimento da linguagem e seus sinais e códigos permitem uma maior fluidez na adaptação e contação de uma história.
O mercado editorial atual é segmentado, voc~e tem a liberdade de alcançar um público específico, sem o compromisso de agradar a todos. Há muitas coisas sendo produzidas, liberdade de produção e escolha. Se existe uma dificuldade hoje, é a de se destacar diante de tanta oferta.

5 – Você possui alguma pretensão de desenvolver uma estética própria em sua escrita que tenha como objetivo experimentar através de seus roteiros?

            Não pensei sobre isso. Acredito que um pouco do jornalismo acaba influenciando na escrita do roteiro.

6 – Essa pergunta é cabciosa, para não dizer sacana, mas necessito fazê-la, você se considera um roteirista de que tipo? Comercial que escreve para vender e divulgar o seu trabalho apenas, Independent que objetica escrever para um determinado público, desejando uma liberdade maior de criação ou ser Alternativo (Underground) que procura a experimentação e a liberdade de expressão, apenas, sendo que o público consumidor seria apenas uma consequência e não o objetivo principal?

            Por mais que ame a liberdade, tenho a convicção de que as histórias em quadrinhos são comerciais. E devem ser encaradas com profissionalismo. O exemplo de sucesso e modelo a ser seguido são os quadrinhos norte-americanos, sem dúvida. Os quadrinistas brasileiros deveriam pensar as narrativas gráficas além da arte e mais como um canal potencial de massificação de nossa cultura.  Sem ser nacionalista, mas encarando que nós sabemos muito pouco sobre raízes, e me incluo no bolo, e deveríamos usar as HQ´s como canal de divulgação e identidade de nosso país. Já pensou em contar a história do Brasil Colônia com um quê de Game of Thrones?
            Somos muito talentosos e criativos e podemos contar nossa história com o melhor da narrativa e linguagem gráfica que abosorvemos e tanto admiramos em nossos ídolos gringos. Precisamos falar nossas verdades. Não importa se será Comercial, Independente ou Alternativo.

7 – Muito bem, considerando que como quadrinista inserido em uma região do país, a nordestina em que temos a carência de tudo há décadas, qual a perspectiva atual do mercado de Hqs nessa região e especificamente, o quadrinho potiguar?

            Primeiramente, não existe Mercado Potiguar de Quadrinhos. Existe público potiguar leitor de quadrinhos; histórias em quadrinhos contemplam também as produzidas por autores locais. A carência em nossa região é em educação, o canal de contato com a cultura em geral. Se a criança não recebe em sua formação o estímulo à leitura, certamente apresentará deficiência no interesse por obter informação/conhecimento/entretenimento através da leitura.
            As histórias em quadrinhos potiguares como qualquer outra HQ produzida mundialmente, estão num mercado que requer amadurecimento em se reconhecer como um produto cultural.  A produção das revistas em quadrinhos deve ser planejada e executada como um negócio. Temáticas livres, sem obrigatoriedade de ser patriota ou nacionalista, mas com qualidade técnica e artística que se destaquem das demais publicações do gênero. Só assim, com uma maior qualidade, maior produção e maior alcance de leitores/consumidores, é que teremos volume suficiente para afirmar a existência de um Mercado Potiguar de Quadrinhos.

8 – Nessa perspectiva, gostaria de saber quais as hqs POTIGUARES que lhe despertaram alguma curiosidade e lhe surpreenderam em algum sentido nesse ou em outros anos?

Na verdade, conheço muito mais os autores que suas HQs. É uma característica do quadrinho autoral nacional. Posso citar quadrinistas que admiro, como: Márcio Coelho, Emanoel Amaral, Luiz Elso, Wanderline Freitas, Wendell Cavalcanti, Gabriel Andrade, entre outros mestres potiguares.

9 – Confesso que já fiz uma lista de roteiristas potiguares que gosto, mas serei sacana e restringirei a lista a três roteiristas que você considera nos últimos tempos que produziram histórias interessantes e se possível, fizesse um pequeno comentário sobre a opinião de cada um deles e suas obras?

            Posso destacar a Milena Azevedo, o Wagner Michael e Jamal Singh. Criatividade, qualidade da narrativa e talento em contar boas histórias.

10 – Não precisa dizer que se você esta sendo entrevistado por mim é por que já o considero uma promessa para o panteão dos roteiristas Potiguares e promessa de grandes histórias para o futuro, além disso espero muito de você, mas fora essa pressão psicológica, qual suas perspectivas de roteiros futuros e qual os outros gêneros de histórias gostaria de escrever?

            No momento estou afastado do universo dos quadrinhos. Tenho algumas anotações, rascunhos e um roteiro inacabado. Por enquanto, só reunindo referências escritas e visuais para dar continuidade aos projetos. Nada definitivo, assim que terminar meus estudos do mestrado, pretendo 

COMO ESCREVER QUADRINHOS UM LIVRO ESCRITO POR QUEM SABE

Gian Danton está lançando mais um livro sobre roteiro para HQ. Trata-se do volume “Como escrever quadrinhos” (editora Marca de Fantasia, 108 páginas, 25 reais).
O autor é roteirista desde 1989, quando publicou a história Floresta Negra na revista Calafrio, em parceria com Bené Nascimento (Joe Bennett). Desde então participou de diversos projetos entre eles a premiada graphic Manticore ou o álbum MSP+50.

Quando começou a escrever HQs, não havia nenhuma referência sobre o processo de produção de quadrinhos ou mesmo sobre a formatação do roteiro. “Com esse início tão pedregoso, sempre fui muito solícito com novos roteiristas que me procuravam com dúvidas”, explica o roteirista, no texto de abertura do volume. Essas orientações deram origem ao primeiro livro, O roteiro nas histórias em quadrinhos, lançado também pela Marca de Fantasia, em 2010. Entretanto, mesmo com o livro, as questões continuaram a chegar, o que levou à ideia de produzir um segundo volume.
Um acaso contribuiu também para a produção do segundo livro. Convidado para o evento Muiraquicon, em Belém, em 2012, foi-lhe pedido que preparasse duas palestras diferentes sobre roteiro. “A saída foi produzir uma palestra auto-biográfica, explicando como escrever quadrinhos a partir da minha própria trajetória. Os problemas que enfrentei e como os resolvi”, conta o roteirista. Assim, além das técnicas de roteiro, o livro se debruça sobre o processo criativo a partir da experiência do próprio autor.
Como escrever quadrinhos será vendido por 25 reais, mas está em promoção de pré-venda até o dia 14 de maio, ao preço de 18 reais, com frete já incluso (os livros serão enviados a partir do dia 15 de maio). O livro pode ser adquirido através do e-mailprofivancarlo@gmail.com


sábado, 2 de maio de 2015

ENTREVISTAS COM ROTEIRISTAS POTIGUARES DE HQS


EMENTA: O objetivo dessas entrevistas é ressaltar o modo próprio de ser da profissão e trabalho do roteirista/argumentista nas obras de Historias em quadrinhos do RN, procurando mostrar como e o por quê o roteirista faz suas escolhas em detrimento do desenvolvimento de uma historia ao invés de outras. Buscando com isso, responder para o grande público leitor de hqs o que os motiva ou faz optar por contar historias do que ser um mero reprodutor delas. Além de compreender suas reflexões, anseios e opiniões sobre os quadrinhos potiguares e suas especificidades.


Mini biográfia:

Desenha desde a infância e procura desenvolver seu traço há vários anos.  Por meio dessa busca desenvolveu  a técnica de desenho visual, sensitivo, assim como caricaturas, quadrinhos, charges e tirinhas. Também trabalha como tatuador. Além disso abriu sua mente para outras possibilidades artísticas como pintura, escultura, teatro e etc, que mantém como hobby. 




ENTREVISTA:

1 – Bem agradeço a disponibilidade de tempo, do ilustre roteirista para essa entrevista e já começo perguntando o que o levou a fazer roteiros sobre quadrinhos?

Eu é que agradeço pelo seu interesse nesse assunto. Fazer quadrinhos foi uma forma que encontrei de testar minhas aptidões artisticas, e criar experiência que servisse de dado sobre o mercado de quadrimhos no RN, e dessa forma ter uma visão sobre o rumo do quadrinhos Potiguar.

2 – Ok, então sabendo de suas motivações gostaria de aprofundar mais o conhecimento sobre as hqs que te influenciaram, despertando você para esse universo dos quadrinhos?

Sempre gostei da liberdade nos traços de Jin Lee, sem ele eu não teria me despertado pelo universo da Marvel, e dos quadrinhos em geral se não fosse por ele. Somados a isso os diversos artistas de mangás, que me mostraram que atitude é uma qualidade vendável nesse mercado, e que desenho estiloso é que põe a obra do artista nas bancas, o roteiro só será analisado depois da compra, e determinará o retorno do cliente. Essas nuances devem ser conhecidas pelos artistas.

3 – Então, observando suas motivações e influências quais os gêneros ou tipos de historias você desejaria escrever para os futuros leitores de seus quadrinhos.

O público de qualquer segmento comercial é extenso demais para ser generalisado, existem gostos diversos entre a população que consome quadrinhos, e é quase impossível agradar a todos. Eu não sou adepto de gêneros, nem tipos de quadrinhos, não me limito, apenas observo a cultura local, e dou para as pessoas aquilo que elas já possuem, só que sob minha ótica artística.

4 – Muito bem,  você poderia falar um pouco sobre a forma de escrever roteiros e suas preferências, além de se possível for, me responder qual a sua posição quanto a abordagem de temas delicados que por acaso você venha ou tenha escrito  e que nem sempre são temas muito faceis de serem abordados e aceitos pelo grande público leitor?

Só abordo temas atrelados a realidade social. Não há necessidade de escrever sobre temas que não tenham aceitação entre a sociedade, o roteirista precisa partir de uma análise social sobre o tema pretendido, buscar nas mídias informações pertinentes, e conhecer situações que sirvam como base explanatória. E focar o que o grade público quer, que é o que importa.

5 – Você possui alguma pretensão de desenvolver uma a estética própria em sua escrita que tenha como objetivo experimentar através de seus roteiros?

Sim. Agregar valores culturais e nacionais geralmente aceitos aos roteiros que faço.

 6 – Essa pergunta é cabciosa, para não dizer sacana, mas necessito fazê-la, você se considera um roteirista de que tipo? Comercial que escreve para vender e divulgar o seu trabalho apenas, Independente que objetiva escrever para um determinado público, desejando uma liberdade maior de criação ou ser Alternativo (underground) que procura a experimentação e a liberdade de expressão, apenas, sendo que o público consumidor seria apenas uma consequência e não o objetivo principal?

As três alternativas caracterizam um bom roteirista, pois todo o sucesso depende do quanto ele conhece seu público alvo. E , uma vez conhecendo o público alvo, é imprescindível atender suas exigências.

7 – Muito bem, considerando que como quadrinista inserido em uma região do país, a nordestina em que temos a carência de tudo há decadas, qual a perspectiva atual do mercado de Hqs nessa região e especificamente, o quadrinho potiguar?

Carência existe em qualquer setor econômico, Cabe a política potiguar criar perspectivas, através da lei de incentivo a cultura, para qualquer manifestação artistica em nossa cidade. Tal privilégio depende dos nossos impostos.

8 – Nessa perspectiva, gostaria de saber quais as hqs POTIGUARES que lhe despertaram alguma curiosidade e lhe surpreenderam em algum sentido nesse ou em outros anos?

Várias hqs do nosso estado são interessantes, mas prefiro não citar os nomes, pois a lista é imensa, temo que algum título fique de fora. E quero salientar o potencial do projeto primeira edição, que do meu ponto de vista deveria voltar com força total. Todos os artista que participaram estão de parabéns.

9 – Confesso que já fiz uma lista de roteiristas potiguares que gosto, mas serei sacana e restringirei a lista a três roteiristas que você considera nos últimos tempos que produziram historias interessantes e se possivel, fizesse um pequeno comentário sobre sua opinião a cada um deles e suas obras?

Não posso cometer essa garfe, todos os artistas do nosso Rio Grande do Norte estão entre os melhores do Brasil, e competem entre os melhores do mundo por reconhecimento no mercado, todos merecem sua porção de fãs.

10 – Não precisa dizer que se você esta sendo entrevistado por mim é por que já o considero uma promessa para o panteão dos roteiristas Potiguares e promessa de grandes historias para o futuro, além disso espero muito de você, mas  fora essa pressão psicológica qual suas perspectivas de roteiros futuros e qual os outros gêneros de historias gostaria de escrever?


Ícone culturais do nordeste, lendas do nordeste, adaptações de mitos populares, e contos que divulguem nosso estado Rio Grande do Norte. Se o roteiro for a nível nacional, recomendo uma boa releitura das nossas raízes, para trazer a tona nossos mitos, tradições, reforçando a cultura nacional.

sábado, 25 de abril de 2015

ENTREVISTAS COM ROTEIRISTAS POTIGUARES




EMENTA: O objetivo dessas entrevistas é ressaltar o modo próprio de ser da profissão e trabalho do roteirista/argumentista nas obras de Historias em quadrinhos do RN, procurando mostrar como e o por quê o roteirista faz suas escolhas em detrimento do desenvolvimento de uma historia ao invés de outras. Buscando com isso, responder para o grande público leitor de hqs o que os motiva ou faz optar por contar historias do que ser um mero reprodutor delas. Além de compreender suas reflexões, anseios e opiniões sobre os quadrinhos potiguares e suas especificidades.

Mini biográfia de Leonardo Feitoza:

O Contador de Lorotas é uma revista em quadrinhos composta por duas histórias contendo humor, aventura e um ligeiro acréscimo de sensualidade, além de incluir elementos estéticos e narrativos inspirados nos quadrinhos japoneses, os mangás. Esta HQ também é a primeira publicação de Leo Feitoza, que já foi técnico em informática e arte-finalista para agências de propaganda em Natal, Rio Grande do Norte. Atualmente, ele é um historiador não-praticante e ilustrador em tempo integral contratado pela Fundação Norte-Riograndense de Pesquisa e Cultura (FUNPEC) para o setor de editoração de materiais didáticos da Secretaria de Educação a Distância - SEDIS-UFRN. Quando consegue abrir mão de algumas horas de sono, Leo Feitoza encontra tempo para fazer suas histórias em quadrinhos.

fonte: http://4stand.blogspot.com.br/2011/11/essa-nao-e-lorota-leo-feitosa-e-o.html

ENTREVISTA 

1 – Bem agradeço a disponibilidade de tempo, do ilustre roteirista para essa entrevista e já começo perguntando o que o levou a fazer roteiros sobre quadrinhos?

Leio quadrinhos desde criança, então, desde aquela época, eu já escrevia e desenhava minhas próprias HQs, geralmente inspiradas (quando não decalcadas mesmo) em minhas obras preferidas.

2 – Ok, então sabendo de suas motivações gostaria de aprofundar mais o conhecimento sobre as hqs que te influenciaram, despertando você para esse universo dos quadrinhos?

Comecei a ler quadrinhos com revistas da Turma da Mônica e da Disney (minhas preferidas então). Por influência de meu irmão mais velho, conheci o mundo dos comics de super herois, como Batman, Graphic Novels diversas e X-Men (a franquia dos personagens mutantes se tornariam a minha preferida nas HQs por vários anos). Apenas no final da adolescência foi que eu pude ter contato com os quadrinhos japoneses, os mangás, o que não impediu que eles viessem a se transformar nas minhas principais influências na escrita e no desenho.

3 – Então, observando suas motivações e influências quais os gêneros ou tipos de historias você desejaria escrever para os futuros leitores de seus quadrinhos.

Quadrinhos de aventura e humor, que são os gêneros com os quais possuo maior familiaridade.

4 – Muito bem,  você poderia falar um pouco sobre a forma de escrever roteiros e suas preferências, além de se possível for, me responder qual a sua posição quanto a abordagem de temas delicados que por acaso você venha ou tenha escrito  e que nem sempre são temas muito faceis de serem abordados e aceitos pelo grande público leitor?

Desenvolvo uma ideia básica, com começo, meio e fim compreendidos em um páragrafo. A partir daí, desenvolvo o roteiro mais detalhado, com descrições de situações e acontecimentos alternadas aos diálogos, de modo semelhante a um roteiro elaborado para encenações em teatro. Minha terceira e última etapa de roteirização envolve a elaboração de um storyboard a fim de delimitar a narrativa visual, mesmo nas ocasiões em que eu próprio faço os desenhos.
Não creio ter abordado algum tema muito polêmico em minha única HQ publicada há alguns anos (O Contador de Lorotas), mas atualmente eu seria bem mais duro em descrever condutas negativas.

5 – Você possui alguma pretensão de desenvolver uma a estética própria em sua escrita que tenha como objetivo experimentar através de seus roteiros?

Quando eu voltar a roteirizar HQs regularmente, gostaria de desenvolver gradualmente uma narrativa textual que fizesse com que o leitor, mesmo sem saber de minha autoria, pudesse identificar o meu estilo em poucas páginas.

 6 – Essa pergunta é capciosa, para não dizer sacana, mas necessito fazê-la, você se considera um roteirista de que tipo? Comercial que escreve para vender e divulgar o seu trabalho apenas, Independente que objetiva escrever para um determinado público, desejando uma liberdade maior de criação ou ser Alternativo (underground) que procura a experimentação e a liberdade de expressão, apenas, sendo que o público consumidor seria apenas uma consequência e não o objetivo principal?

Independente, pois ainda que eu nunca tenha tido um ritmo de produção digno de um profissional das HQs (o autor comercial), não chego a ter como objetivo a exploração dos limites da linguagem quadrinística, como ocorre com os autores alternativos.

7 – Muito bem, considerando que como quadrinista inserido em uma região do país, a nordestina, em que temos a carência de tudo há decadas, qual a perspectiva atual do mercado de Hqs nessa região e especificamente, o quadrinho potiguar?

Vejo um cenário promissor. No final dos anos 1990, não havia publicação regular de quadrinhos potiguares. Mas, nessa época, houve uma profusão de novos artistas que vieram a se conhecer em espaços culturais e através de eventos de cultura pop. A troca de ideias que surgiu desses encontros fez aparecer uma nova geração de quadrinistas que conseguiram publicar suas revistas durante alguns anos, conforme ocorreu com o selo Reverbo de quadrinhos.
 Após um novo hiato em meados dos anos 2000, iniciativas culturais como a revista Maturi e o projeto Nona Arte trouxeram às bancas e livrarias uma gama bastante diversificada de roteiros e desenhos para quadrinhos. Ao mesmo tempo, sites como a República dos Quadrinhos e a GHQ realizavam a divulgação dos autores locais e suas HQs.
O cenário do quadrinho potiguar vem melhorando continuamente desde então: o retorno de lojas especializadas, selos de quadrinhos como a K-Ótica e a MBP com um ritmo constante de lançamentos, divulgação das HQs em eventos nacionais e internacionais... Acredito que a tendência é sempre termos publicações de autores potiguares a cada ano, sem contar com os quadrinistas locais que publicam online e/ou no exterior.

8 – Nessa perspectiva, gostaria de saber quais as hqs POTIGUARES que lhe despertaram alguma curiosidade e lhe surpreenderam em algum sentido nesse ou em outros anos?

O Evangelho segundo o sangue, de Marcos Guerra e Leander Moura; Natal Terra de Ninguém, de Wendell Cavalcanti e Miguel Rude; A Jornada de Julia, de Gabriel Andrade Jr.; Mapinguari, de Deuslir U. Cabral; e Cajun o bom franjou, de DiorgeTrindade e Wendell Cavalcanti.

9 – Confesso que já fiz uma lista de roteiristas potiguares que gosto, mas serei sacana e restringirei a lista a três roteiristas que você considera nos últimos tempos que produziram historias interessantes e se possivel, fizesse um pequeno comentário sobre sua opinião a cada um deles e suas obras?

Deuslir U. Cabral – conseguiu aliar com habilidade temas folclóricos a uma história infantil de aventura como poucos autores conseguem fazer;

Marcos Guerra – seu texto, em conjunto com as imagens lúgubres de Leander Moura, produziu um cenário de horror inédito em terras potiguares;

Miguel Rude – os cenários de seus roteiros de aventura retratam uma extrapolação dos problemas urbanos que os habitantes das maiores cidades do RN conhecem bem.

10 – Não precisa dizer que se você esta sendo entrevistado por mim é por que já o considero uma promessa para o panteão dos roteiristas Potiguares e promessa de grandes historias para o futuro, além disso espero muito de você, mas  fora essa pressão psicológica qual suas perspectivas de roteiros futuros e qual os outros gêneros de historias gostaria de escrever?


Por força de compromissos de minha profissão e formação acadêmica, não prossegui com a produção de quadrinhos. Como ainda não realizei a transição exitosa que alguns dos meus colegas quadrinistas fizeram para viver exclusivamente de sua produção de HQs, acho que devem se passar uns cinco anos até que eu volte a roteirizar e, quem sabe, desenhar quadrinhos. Mas parar de ler HQs, isso nunca passou pela minha cabeça.