sábado, 25 de abril de 2015

ENTREVISTAS COM ROTEIRISTAS POTIGUARES




EMENTA: O objetivo dessas entrevistas é ressaltar o modo próprio de ser da profissão e trabalho do roteirista/argumentista nas obras de Historias em quadrinhos do RN, procurando mostrar como e o por quê o roteirista faz suas escolhas em detrimento do desenvolvimento de uma historia ao invés de outras. Buscando com isso, responder para o grande público leitor de hqs o que os motiva ou faz optar por contar historias do que ser um mero reprodutor delas. Além de compreender suas reflexões, anseios e opiniões sobre os quadrinhos potiguares e suas especificidades.

Mini biográfia de Leonardo Feitoza:

O Contador de Lorotas é uma revista em quadrinhos composta por duas histórias contendo humor, aventura e um ligeiro acréscimo de sensualidade, além de incluir elementos estéticos e narrativos inspirados nos quadrinhos japoneses, os mangás. Esta HQ também é a primeira publicação de Leo Feitoza, que já foi técnico em informática e arte-finalista para agências de propaganda em Natal, Rio Grande do Norte. Atualmente, ele é um historiador não-praticante e ilustrador em tempo integral contratado pela Fundação Norte-Riograndense de Pesquisa e Cultura (FUNPEC) para o setor de editoração de materiais didáticos da Secretaria de Educação a Distância - SEDIS-UFRN. Quando consegue abrir mão de algumas horas de sono, Leo Feitoza encontra tempo para fazer suas histórias em quadrinhos.

fonte: http://4stand.blogspot.com.br/2011/11/essa-nao-e-lorota-leo-feitosa-e-o.html

ENTREVISTA 

1 – Bem agradeço a disponibilidade de tempo, do ilustre roteirista para essa entrevista e já começo perguntando o que o levou a fazer roteiros sobre quadrinhos?

Leio quadrinhos desde criança, então, desde aquela época, eu já escrevia e desenhava minhas próprias HQs, geralmente inspiradas (quando não decalcadas mesmo) em minhas obras preferidas.

2 – Ok, então sabendo de suas motivações gostaria de aprofundar mais o conhecimento sobre as hqs que te influenciaram, despertando você para esse universo dos quadrinhos?

Comecei a ler quadrinhos com revistas da Turma da Mônica e da Disney (minhas preferidas então). Por influência de meu irmão mais velho, conheci o mundo dos comics de super herois, como Batman, Graphic Novels diversas e X-Men (a franquia dos personagens mutantes se tornariam a minha preferida nas HQs por vários anos). Apenas no final da adolescência foi que eu pude ter contato com os quadrinhos japoneses, os mangás, o que não impediu que eles viessem a se transformar nas minhas principais influências na escrita e no desenho.

3 – Então, observando suas motivações e influências quais os gêneros ou tipos de historias você desejaria escrever para os futuros leitores de seus quadrinhos.

Quadrinhos de aventura e humor, que são os gêneros com os quais possuo maior familiaridade.

4 – Muito bem,  você poderia falar um pouco sobre a forma de escrever roteiros e suas preferências, além de se possível for, me responder qual a sua posição quanto a abordagem de temas delicados que por acaso você venha ou tenha escrito  e que nem sempre são temas muito faceis de serem abordados e aceitos pelo grande público leitor?

Desenvolvo uma ideia básica, com começo, meio e fim compreendidos em um páragrafo. A partir daí, desenvolvo o roteiro mais detalhado, com descrições de situações e acontecimentos alternadas aos diálogos, de modo semelhante a um roteiro elaborado para encenações em teatro. Minha terceira e última etapa de roteirização envolve a elaboração de um storyboard a fim de delimitar a narrativa visual, mesmo nas ocasiões em que eu próprio faço os desenhos.
Não creio ter abordado algum tema muito polêmico em minha única HQ publicada há alguns anos (O Contador de Lorotas), mas atualmente eu seria bem mais duro em descrever condutas negativas.

5 – Você possui alguma pretensão de desenvolver uma a estética própria em sua escrita que tenha como objetivo experimentar através de seus roteiros?

Quando eu voltar a roteirizar HQs regularmente, gostaria de desenvolver gradualmente uma narrativa textual que fizesse com que o leitor, mesmo sem saber de minha autoria, pudesse identificar o meu estilo em poucas páginas.

 6 – Essa pergunta é capciosa, para não dizer sacana, mas necessito fazê-la, você se considera um roteirista de que tipo? Comercial que escreve para vender e divulgar o seu trabalho apenas, Independente que objetiva escrever para um determinado público, desejando uma liberdade maior de criação ou ser Alternativo (underground) que procura a experimentação e a liberdade de expressão, apenas, sendo que o público consumidor seria apenas uma consequência e não o objetivo principal?

Independente, pois ainda que eu nunca tenha tido um ritmo de produção digno de um profissional das HQs (o autor comercial), não chego a ter como objetivo a exploração dos limites da linguagem quadrinística, como ocorre com os autores alternativos.

7 – Muito bem, considerando que como quadrinista inserido em uma região do país, a nordestina, em que temos a carência de tudo há decadas, qual a perspectiva atual do mercado de Hqs nessa região e especificamente, o quadrinho potiguar?

Vejo um cenário promissor. No final dos anos 1990, não havia publicação regular de quadrinhos potiguares. Mas, nessa época, houve uma profusão de novos artistas que vieram a se conhecer em espaços culturais e através de eventos de cultura pop. A troca de ideias que surgiu desses encontros fez aparecer uma nova geração de quadrinistas que conseguiram publicar suas revistas durante alguns anos, conforme ocorreu com o selo Reverbo de quadrinhos.
 Após um novo hiato em meados dos anos 2000, iniciativas culturais como a revista Maturi e o projeto Nona Arte trouxeram às bancas e livrarias uma gama bastante diversificada de roteiros e desenhos para quadrinhos. Ao mesmo tempo, sites como a República dos Quadrinhos e a GHQ realizavam a divulgação dos autores locais e suas HQs.
O cenário do quadrinho potiguar vem melhorando continuamente desde então: o retorno de lojas especializadas, selos de quadrinhos como a K-Ótica e a MBP com um ritmo constante de lançamentos, divulgação das HQs em eventos nacionais e internacionais... Acredito que a tendência é sempre termos publicações de autores potiguares a cada ano, sem contar com os quadrinistas locais que publicam online e/ou no exterior.

8 – Nessa perspectiva, gostaria de saber quais as hqs POTIGUARES que lhe despertaram alguma curiosidade e lhe surpreenderam em algum sentido nesse ou em outros anos?

O Evangelho segundo o sangue, de Marcos Guerra e Leander Moura; Natal Terra de Ninguém, de Wendell Cavalcanti e Miguel Rude; A Jornada de Julia, de Gabriel Andrade Jr.; Mapinguari, de Deuslir U. Cabral; e Cajun o bom franjou, de DiorgeTrindade e Wendell Cavalcanti.

9 – Confesso que já fiz uma lista de roteiristas potiguares que gosto, mas serei sacana e restringirei a lista a três roteiristas que você considera nos últimos tempos que produziram historias interessantes e se possivel, fizesse um pequeno comentário sobre sua opinião a cada um deles e suas obras?

Deuslir U. Cabral – conseguiu aliar com habilidade temas folclóricos a uma história infantil de aventura como poucos autores conseguem fazer;

Marcos Guerra – seu texto, em conjunto com as imagens lúgubres de Leander Moura, produziu um cenário de horror inédito em terras potiguares;

Miguel Rude – os cenários de seus roteiros de aventura retratam uma extrapolação dos problemas urbanos que os habitantes das maiores cidades do RN conhecem bem.

10 – Não precisa dizer que se você esta sendo entrevistado por mim é por que já o considero uma promessa para o panteão dos roteiristas Potiguares e promessa de grandes historias para o futuro, além disso espero muito de você, mas  fora essa pressão psicológica qual suas perspectivas de roteiros futuros e qual os outros gêneros de historias gostaria de escrever?


Por força de compromissos de minha profissão e formação acadêmica, não prossegui com a produção de quadrinhos. Como ainda não realizei a transição exitosa que alguns dos meus colegas quadrinistas fizeram para viver exclusivamente de sua produção de HQs, acho que devem se passar uns cinco anos até que eu volte a roteirizar e, quem sabe, desenhar quadrinhos. Mas parar de ler HQs, isso nunca passou pela minha cabeça.

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