O MÁGICO

Confira essa nova animação do diretor de Bicicletas de Belleville.

BALADA DO AMOR E ÓDIO

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FRIDA KAHLO EM SEIS SENTIDOS

O projeto de extensão “cores” nos convida inicialmente a um espetáculo sobre a vida da artista plástica, mexicana, Frida Kahlo.

ARTEROTISMO - UM CONVITE

Gente! Ontem eu fui ao evento #OqueDjaboÉIsso, onde tive o prazer de assistir ao ótimo espetáculo "As cores avessas de Frida Kahlo"...

"A CULPA É DA SOCIEDADE"

A sociedade é culpada: Esse foi um entre outros discursos gritados nesses dias que sucederam a “tragédia do realengo”...

domingo, 27 de outubro de 2013

O Não Lugar ou A vila das árvores (título provisório) - Parte 1

Deveria me apresentar e justificar antes de tudo os motivos que me puseram o desejo de tentar narrar os dias que se sucederam durante minha passagem por Não Lugar, que hoje chamo carinhosamente da Vila das árvores. Mas permita-me adentrar na história descrevendo os personagens desse lugar que habita atmosferas onde a palavra não chegou com prioridade discursiva. Por esse motivo, tive eu mesma que nomear todas as coisas ainda desconhecidas por minha curta e reles experiência, e dar sentidos possíveis aos desacontecimentos. Estudando através da metodologia de observação os processos desses seres tão abastados (para não dizer autossuficientes) que são as arvores. Acredito que sou uma das poucas almas humanas que cruzou essa cidade, por isso, me sinto no dever atrevido de usar do meu arcaico instrumento de linguagem para trazer para vocês; a dimensão do silêncio e de uma existência tão complexa e misteriosa quanto as extra-terrestres. 
Todas elas serão devidamente nomeadas e um A. no início do nome abreviará a palavra arvore, condição dos seres que descrevo. Será necessário fazer referência e comparações com algumas coisas, para que consigam visualizar mentalmente as descrições, peço desculpas se isso parecer cansativo, mas tenho objetivo de ser o mais fiel possível nesse trabalho. 

O primeiro personagem que pretendo apresentá-los batizei de Arvore Toni Ramos, também conhecida hoje por Arvore Que Chora. O apelido parece ficar óbvio aos que viveram na era das telenovelas nas quais o galã peludo enchia de suspiros os corações das senhoras donas de casa. Observei pela primeira vez com atenção, A. Toni Ramos, em derradeiros dias de outono, era além de tudo uma habitante comum, de grande porte na cidade, mas que tinha a aparência curiosa por ser coberta por folhas e ramos em seu caule, lhe dando um aspecto "peludo" e justificando o batismo. Ainda possuía folhas pequenas nas extremidades dos galhos, comum a maioria. Mas, o curioso é que acompanhei ela durante as mudanças de estação até a primavera, onde o calor por lá era insuportável. E a nossa personagem além de exibir sua aparência peluda, agora também desenvolveu também o estranho hábito de chorar... Explico. 
Passeava pela rua quando me deparei com poças d'água no chão, e pingos me molhando os ombros e braços. O que era estranho, já que a dias que não chovia e o céu estava tão azul quanto nunca. Mesmo assim, olhei para cima e não entendia. Continuei o caminho, e sempre que avistava uma Toni Ramos, havia poças embaixo dela, a sensação de chuva. Enfim, parei e observei atentamente, A. Toni Ramos não parava de verter uma substância liquida, aparentemente inodora dos seus galhos mais altos. Ela suava, constatei, devido o calor quase insuportável daquela primavera. Fiquei emocionada, mas minhas lágrimas evaporaram no calor.
Outro personagem curioso, cuja a constituição é de porte médio e folhas compridas e espaçadas, cultivava uma característica interessante, seu fruto, que inicialmente aparecia com uma forma cilíndrica como uma banana e verde como um abacate, desabrochava em uma espécie de chumaço flocado com aparência de algodão bruto. Visto que já conhecia um "pé" de algodão, sabia que não se tratava disso. A Arvore de Pompom, como a nomeei, ficava repleta de tufos fofinhos nas extremidades dos seus galhos, e com vento eles se desmanchavam, fazendo do chão ao redor um fofo tapete que lembrava pelagem de ovelha. 


Continua... 

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Réquiem à lucidez

Carrego as dores do mundo nesse corpo. Não há nada que cure essa dor nas costas, essa azia no estomago vazio, esse nó na goela. Por não ter a que me prender, escrevo... E essa escrita acabou sendo meu carrasco mais fiel. Se estende além das palavras que nunca dizem nada. Nada permanece. Nas dores enfim sinto algo, sinto vida, e sinto muito, não me orgulho. Não sentir é a morte, por certo. Reconhecer isso é muito cruel. No sono encontrava alívio outro, nas fantasias do inconsciente caótico, brilhante. Meu lar. Onde nunca precisei de óculos escuros. 
Várias noites que vejo passar, dias que não durmo um sono justo... Pesadelos despertos e dormidos. Não adianta. Esse sono que era morrer em vida, meu descanso  (da minha intensidade), hoje também é meu algoz, o mais cruel de todos eles. Exceto o que mora na minha cabeça "lúcida" e que agora invade meus sonhos. Algo se rompeu. 
Dormi com um sapo que lambuzou minha cara. No dia seguinte pari seres monstruosos num banheiro antigo da casa de minha mãe. O que de mais puro há em mim. Eu agradeço.