O MÁGICO

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BALADA DO AMOR E ÓDIO

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FRIDA KAHLO EM SEIS SENTIDOS

O projeto de extensão “cores” nos convida inicialmente a um espetáculo sobre a vida da artista plástica, mexicana, Frida Kahlo.

ARTEROTISMO - UM CONVITE

Gente! Ontem eu fui ao evento #OqueDjaboÉIsso, onde tive o prazer de assistir ao ótimo espetáculo "As cores avessas de Frida Kahlo"...

"A CULPA É DA SOCIEDADE"

A sociedade é culpada: Esse foi um entre outros discursos gritados nesses dias que sucederam a “tragédia do realengo”...

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

ENTREVISTAS COM ROTEIRISTAS POTIGUARES


MINI BIOGRAFIA:

Wanderline Freitas, artista plástico, ilustrador, caricaturista, quadrinista, nasceu em Assu-RN, em 1973, mas muito cedo foi morar em São Rafael. Aos 12 anos, observando seu irmão Wolclenes desenhar, despertou nele o desejo de aprender aquela arte. Sua base inicial foram as revistas em quadrinhos.
Em 2001 vem morar em Natal e conhece o artista Mário Sérgio, seu primeiro professor e amigo, que o apresenta à novas técnicas do desenho e da pintura. Com o amigo, começa a trabalhar como professor de desenho e pintura no espaço cultural Van Gogh.
Do ano de 2006 até o primeiro semestre de 2008 ministrou aulas de desenho e pintura a óleo e acrílica para a terceira idade na Unati/UNP.
Para os quadrinhos, no estilo caricato, criou o detetive Eni Guimá e o herói Urubu Man. O 1º teve uma publicação independente, em 2006 (edições esgotadas).
Em um estilo mais sério, publicou em 2007 a história WinBlack, pela revista Brado Retumbante nº5. Ultimamente vem produzindo bastante histórias sobre o cotidiano (uma delas publicada pela revista SUBVERSOS nº2, de São Paulo, em novembro de 2008).
Em 2 de julho de 2009 estréia uma série de tiras on line (Os Cabeças) para o portal nominuto.com, logo depois, passa para o blog tiranduma.com, da Republica dos Quadrinhos (ao qual é um dos membros fundadores) e onde começa a publicar varias de suas criações, PUP, CÃOversando, Um héroi chamado Urubu Man, Eni Guimá um detetive bom de faro e Rude em dose homeopáticas (essa criada e escrita por Miguel Rude).


FONTE: http://www.filmesonlinegratis.net/assistir-marvels-agents-of-s-h-i-e-l-d-todas-as-temporadas-dublado-legendado-online.html


ENTREVISTA:

1 – Bem agradeço a disponibilidade de tempo, do ilustre roteirista para essa entrevista e já começo perguntando o que o levou a fazer roteiros sobre quadrinhos?

O que me levou a desenhar foi os quadrinhos, então, também quiz fazer minhas próprias estórias, escrever aquilo que gostaria de ler em uma hq.


2 – Ok, então sabendo de suas motivações gostaria de aprofundar mais o conhecimento sobre as hqs que te influenciaram, despertando você para esse universo dos quadrinhos?

No início lia tudo, depois fiquei só super herois, misterio, cotidiano e por último os quadrinhos de humor.

3 – Então, observando suas motivações e influências quais os gêneros ou tipos de historias você desejaria escrever para os futuros leitores de seus quadrinhos.

Gosto de misterios, estorias com detetives e mulheres (a unica hq que acompanho é "as aventuras de uma criminologa" de Berardi) e o preto e branco de Frank Miller em Sin City acho o máximo e sobre cotidiano.

4 – Muito bem,  você poderia falar um pouco sobre a forma de escrever roteiros e suas preferências, além de se possível for, me responder qual a sua posição quanto a abordagem de temas delicados que por acaso você venha ou tenha escrito  e que nem sempre são temas muito faceis de serem abordados e aceitos pelo grande público leitor?

Como disse anteriormente, curto aventuras com detetives e as "desventuras" que ocorre no cotidiano, então, escrevo aquilo que eu gostaria de ler e ver em uma hq do gênero, tento não entrar em assuntos polêmicos ou delicados, acredito que cada pessoa tenha sua opinião sobre determinado assunto, algumas gostam de escrever sobre, mas eu prefiro ter minhas opiniões para mim e respeitar aqueles que gosta de colocá-las numa estória.

5 – Você possui alguma pretensão de desenvolver uma a estética própria em sua escrita que tenha como objetivo experimentar através de seus roteiros?

Não tenho pretensão nenhuma, gosto de ter a idéia e ir escrevendo e desenhando pra ver no que dar.

 6 – Essa pergunta é cabciosa, para não dizer sacana, mas necessito fazê-la, você se considera um roteirista de que tipo? Comercial que escreve para vender e divulgar o seu trabalho apenas, Independente que objetiva escrever para um determinado público, desejando uma liberdade maior de criação ou ser Alternativo (underground) que procura a experimentação e a liberdade de expressão, apenas, sendo que o público consumidor seria apenas uma consequência e não o objetivo principal?

Alternativo, costumo dizer que escrevo e desenho pra mim, o que vinher depois é por que outras pessoas tem o mesmo gosto.

7 – Muito bem, considerando que como quadrinista inserido em uma região do país, a nordestina em que temos a carência de tudo há decadas, qual a perspectiva atual do mercado de Hqs nessa região e especificamente, o quadrinho potiguar?

O quadrinho potiguar está muito bom (k-otica e mbp produzindo bastante) fora varios outros que fazem hq por aqui, o que é ruim é a questão da distribuição, o público que temos ainda é pouco justamente por não existir uma distribuição, essa é minha opinião.

8 – Nessa perspectiva, gostaria de saber quais as hqs POTIGUARES que lhes despertaram alguma curiosidade e lhe surpreenderam em algum sentido nesse ou em outros anos?

Ultimamente o que vem me surpreendendo bastante nas hqs potiguares, é a questão da qualidade, antes apenas a maturi tinha como fazer algo de qualidade, mas isso mudou, as hqs da k-otica, mbp e alguns independentes como Wendell (Cajun) e Wagner Michael (Depois de Tudo vol 2) fizeram quadrinhos que gostei muito.

9 – Confesso que já fiz uma lista de roteiristas potiguares que gosto, mas serei sacana e restringirei a lista a três roteiristas que você considera nos últimos tempos que produziram historias interessantes e se possivel, fizesse um pequeno comentário sobre sua opinião a cada um deles e suas obras?

Temos ótimos roteiristas de quadrinhos, mas eu vou ficar com aqueles aos quais mais me indentifico. Gosto muito de Milena Azevedo pela diversidade de estórias que ela cria. De Wagner Michael por escrever tão bem sobre o cotidiano. O outro é Beto Potyguara, pois escreve estorias hilariantes.

10 – Não precisa dizer que se você esta sendo entrevistado por mim é por que já o considero uma promessa para o panteão dos roteiristas Potiguares e promessa de grandes historias para o futuro, além disso espero muito de você, mas  fora essa pressão psicológica qual suas perspectivas de roteiros futuros e qual os outros gêneros de historias gostaria de escrever?


Não crio perspectivas, gosto de desenhar hqs sobre o cotidiano, tenho feito otimas parceria nesse sentido com a Milena Azevedo e Wagner Michael, algumas já certa de serem publicadas nesse ano, como também uma hq minha no estilo cômico com meu personagem Eni Guimá e Urubu Man depois o que vir é consequência.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

ENTREVISTAS COM ROTEIRISTAS DE HQS POTIGUARES

EMENTA: O objetivo dessas entrevistas é ressaltar o modo próprio de ser da profissão e trabalho do roteirista/argumentista nas obras de Historias em quadrinhos do RN, procurando mostrar como e o por quê o roteirista faz suas escolhas em detrimento do desenvolvimento de uma historia ao invés de outras. Buscando com isso, responder para o grande público leitor de hqs o que os motiva ou faz optar por contar historias do que ser um mero reprodutor delas. Além de compreender suas reflexões, anseios e opiniões sobre os quadrinhos potiguares e suas especificidades.

Para o nossa segunda seção de entrevistas sobre os roteiristas potiguares temos a satisfação de conversar um pouco e saber da carreira e pensamentos do grande  poeta, contista, autor de novela gráfica, roteirista e ilustrador Mário Rasec sobre projetos, ofícios e a arte de escrever roteiros de HQs. Iniciamos com uma pequena e resumida biografia do entrevistado.

Biografia:
Designer gráfico, artista visual, cartunista e escritor com dois livros publicados.








ENTREVISTA:

1 – Bem agradeço a disponibilidade de tempo, do ilustre roteirista para essa entrevista e já começo perguntando o que o levou a fazer roteiros sobre quadrinhos?

Pode parecer clichê, mas, em primeiro lugar, foi o desejo de se expressar de uma forma que pudesse unir o meu lado literário com as artes visuais. Contar uma história original utilizando recursos visuais e literários. E, o mais clichê de todos: eu não poderia suportar esse mundo se não encontrasse na arte uma maneira de transubstanciar todas as minhas frustrações e tédios diante de uma realidade tão cheia de absurdos e sem sentido.

2 – Ok, então sabendo de suas motivações gostaria de aprofundar mais o conhecimento sobre as hqs que te influenciaram, despertando você para esse universo dos quadrinhos?

Como provavelmente a maioria dos quadrinistas, comecei lendo quadrinhos de super-heróis, Marvel, DC, esse tipo de coisa. Li coisas do tipo que me fascinaram, como a fase dos X-Men de Claremont e Byrne, e Demolidor de Frank Miller, assim como Adam Warlock de Jim Starlim. Entretanto a grande “evolução” chegou quando conheci as obras de Alan Moore e Neil Gaiman, e agora consumo publicações do selo Vertigo como Hellblazer e coisas como Planetary e os Invisíveis. Mas também sempre fui chegado numa boa história de terror e de ficção cientifica.

3 – Então, observando suas motivações e influências quais os gêneros ou tipos de historias você desejaria escrever para os futuros leitores de seus quadrinhos.

Algo dentro do gênero de ficção cientifica ou terror, mas, quando possível, com fortes elementos filosóficos e poéticos. Tenho a pretensão de tornar minhas histórias com abordagens mais filosóficas, existencialistas. Que não sejam um simples quadrinho de entretenimento, mas que façam questionar a porra do mundo que o cerca, que exponha sem pudor toda a merda que cerca um individuo a cada dia mais consciente da sua fragilidade e insignificância, cercado pelo exibicionismo dos poderes religiosos, políticos e econômicos que controlam e influenciam sua existência.

4 – Muito bem, gostaria de saber como é sua forma de escrever roteiros que abordem os mais diversos temas, além de se possível for, me responder qual a sua posição quanto a abordagem de temas delicados que por acaso você venha ou tenha escrito  e que nem sempre são temas muito fáceis de serem abordados e aceito pelo grande público leitor?

Acho que o roteirista de quadrinhos não deve ter medo dos assuntos. Ele pode até ter um pouco de medo de não deixar claro sua verdadeira opinião sobre algo polêmico. Ele deve ter medo da covardia. Mas se for tocar em algum assunto delicado, que ele saiba o que está falando, que ele leia bastante sobre o assunto, e não jogue simplesmente a esmo somente para provocar. Mas que não tenha medo de perder o público, nem tenha medo de explorar algum tema pouco usual, simplesmente porque ninguém tentou antes.

5 – Você possui alguma pretensão de desenvolver uma estética própria em sua escrita que tenha como objetivo experimentar através de seus roteiros?

Sim. Mas ainda não tenho ideia de quando começar a fazer isso.

 6 – Essa pergunta é capciosa, para não dizer sacana, mas necessito fazê-la, você se considera um roteirista de que tipo? Comercial que escreve para vender e divulgar o seu trabalho apenas, Independente que objetiva escrever para um determinado público, desejando uma liberdade maior de criação ou ser Alternativo (underground) que procura a experimentação e a liberdade de expressão, apenas, sendo que o público consumidor seria apenas uma consequência e não o objetivo principal?

Não vamos ser bobos em querer desenhar de graça a vida inteira, somente pela arte. A não ser que o cara tenha outra forma de ganho financeiro que não lhe impede de produzir sua arte. Mas se puder fazer algo que agrade a si mesmo e conseguir vender isso ao mesmo tempo, sem que se submeter ao encarceramento da criatividade pelo marcado... melhor ainda.

7 – Muito bem, considerando que como quadrinista inserido em uma região do país, a nordestina, em que temos a carência de tudo há décadas, qual a perspectiva atual do mercado de Hqs nessa região e especificamente, o quadrinho potiguar?

Acho que nunca estivemos numa fase tão boa e com tantas facilidades de publicação. Porem ainda falta, e muito, uma forma mais eficaz de distribuição. Lançar é fácil, difícil é vender. Não é que não tenha consumidores, mas eles estão espalhados pelo país e não sabem o que estamos fazendo aqui.

8 – Nessa perspectiva, gostaria de saber quais as hqs POTIGUARES lhe despertaram alguma curiosidade e lhe surpreenderam em algum sentido esse ou em outros anos?

O Evangelho Segundo o Sangue de Marcos Guerra e Leander Moura é ainda, para mim, a obra mais importante, mais robusta, e mais inteligente e criativa produzida em Natal. Um marco na história das histórias de quadrinhos potiguares, tanto por sua quebra de paradigma em termos de formato como de tema.

9 – Confesso que já fiz uma lista de roteiristas potiguares que gosto, mas serei sacana e restringirei a lista a três roteiristas que você considera nos últimos tempos que produziram historias interessantes e se possível, fizesse um pequeno comentário sobre sua opinião a cada um deles e suas obras?

Marcos Guerra, Renato Medeiros, e gosto também do estilo narrativo de Jamal (?). Falando resumidamente de cada um, eu diria que de Guerra eu gosto da poética; de Renato, a trama e de Jamal, da ação (embora eu só tenha lido uma obra deste).

10 – Não precisa dizer que se você esta sendo entrevistado por mim é por que já o considero uma promessa para o panteão dos roteiristas Potiguares e promessa de grandes historias para o futuro, além disso espero muito de você, mas  fora essa pressão psicológica qual suas perspectivas de roteiros futuros e qual os outros gêneros de historias gostaria de escrever?


Rs. Como disse anteriormente, pretendo explorar a ficção e o terror com uma forte carga poética, filosófica e existencialista. Além de tentar evitar os clichês do gênero, o lugar comum em que muitos roteiristas de quadrinhos caem. Esta é minha pretensão. Se eu conseguir fazer algo original, honesto e bom de ler, tá valendo!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

ENTREVISTAS COM ROTEIRISTAS DE HQS POTIGUARES

ENTREVISTA:


O objetivo dessas entrevistas é ressaltar o modo próprio de ser da profissão e trabalho do roteirista/argumentista nas obras de Historias em quadrinhos do RN, procurando mostrar como e o por quê o roteirista faz suas escolhas em detrimento do desenvolvimento de uma historia ao invés de outras. Buscando com isso, responder para o grande público leitor de hqs o que os motiva ou faz optar por contar historias do que ser um mero reprodutor delas. Além de compreender suas reflexões, anseios e opiniões sobre os quadrinhos potiguares e suas especificidades.

Inaugurando nossa seção de entrevistas de roteiristas potiguares temos a satisfação de conversar um pouco e saber da carreira e pensamentos do grande quadrinista e ilustrador Beto Potyguara sobre projetos, oficios e a arte de escrever roteiros de HQs. Iniciamos com uma pequena e resumida biografia do entrevistado.



Biografia:
Roberto Flávio G. de Lima ou como é mais conhecido “Beto Potyguara”, nasceu em Natal/RN em outubro de 25/10/1971. Começou a desenhar desde 1984 e sua formação foram os fanzines de papel até migrar para o universo Online.







1 – Bem agradeço a disponibilidade de tempo, do ilustre roteirista para essa entrevista e já começo perguntando o que o levou a fazer roteiros sobre quadrinhos?

A necessidade de contar histórias. externar minha opinião, meus sentimentos, minhas ideias e devaneios. a propósito, obrigado pelo “ilustre”.

2 – Ok, então sabendo de suas motivações gostaria de aprofundar mais o conhecimento sobre as hqs que te influenciaram, despertando você para esse universo dos quadrinhos?

Rapaz, são tão diversas quanto o material que produzo. Os quadrinhos que me influenciaram a criar minhas primeiras hqs inicialmente, foram os de humor (turma do didi, peninha, zé carioca, condorito, recruta zero, piratas do tietê...); passando pela efervescência na adolescência do supra sumo do universo dos super-heróis (camelot 3000, esquadrão atari, x-men, novos titãs e por aí vai); e um bocadinho mais tarde, por muito material autoral gringo, quadrinho brasuca e europeu.

3 – Então, observando suas motivações e influências quais os gêneros ou tipos de historias você desejaria escrever para os futuros leitores de seus quadrinhos.

Na boa? dar continuidade ao que já venho fazendo. Retomar o  trabalho com tirinhas, que considero o maior exercício e desafio narrativo e criativo pra quem se dispõe a contar histórias e encontrar desenhistas que topem concluir séries já iniciadas que mesclam aventura, ficção cientifica e humor.

4 – Muito bem, gostaria de saber como é sua forma de escrever roteiros que abordem os mais diversos temas, além de se possível for, me responder qual a sua posição quanto a abordagem de temas delicados que por acaso você tenha escrito  e que nem sempre são temas muito faceis de serem abordados e aceitos pelo grande público leitor?

Bem escrever no meu caso é 90% inspiração e 10% transpiração. Quando me comprometo a “escrever”, geralmente só me levanto quando a série ou hq estão concluídas. As hqs da maturi, assim como, o protótipo de “os notáveis” levaram menos de uma hora para serem digitadas. A hq de carcará também foi fruto de uma tarde inspirada (assim como esta entrevista). Me esforço para que cada série tenha a sua própria assinatura. Assim boa parte das minhas tirinhas abordam temas pertinentes e de crítica social, mas sempre com uma boa dose de humor, nada irônico ou infame demais. só uma vez ameaçaram me pegar, após fazer uma charge sobre um incidente envolvendo a polícia militar... escapei graças a fantástica ideia de assinar com um pseudônimo.

5 – Você possui alguma pretensão de desenvolver uma  estética própria em sua escrita que tenha como objetivo experimentar através de seus roteiros?

De certo modo acho que já venho fazendo isso, com hqs experimentais visualmente e conceitualmente: a série “minimals”, o texto cordelizado em “carcará”. Acho que o caminho é por aí.

 6 – Essa pergunta é capciosa, para não dizer sacana, mas necessito fazê-la. Você se considera um roteirista de que tipo? Comercial que escreve para vender e divulgar o seu trabalho apenas, Independente que objetiva escrever para um determinado público, desejando uma liberdade maior de criação ou ser Alternativo (underground) que procura a experimentação e a liberdade de expressão, apenas, sendo que o público consumidor seria apenas uma consequência e não o objetivo principal?

Sinceramente, acho que me enquadro nesses dois últimos tipos. Minha recente formação em artes visuais vem me influenciando a tentar algo cada vez mais próximo da linha do abstract comics. escrevo e desenho por que me divirto com isso. Não me preocupo com os índices de aceitação ou rejeição. Mas sou um profissional, e sempre estarei aberto a produzir obras de encomenda, sem nenhum problema e  sem falsa hipocrisia. Afinal, o din-din no bolso propícia a publicação de novas hqs.

7 – Muito bem, considerando que como quadrinista inserido em uma região do país, a nordestina em que temos a carência de tudo há décadas, qual a perspectiva atual do mercado de Hqs nessa região e especificamente, o quadrinho potiguar?

Rapaz, acho que ainda estamos bem distantes de poder utilizarmos a expressão “mercado” no sentido estrito da palavra. O que existe hoje é um grande núcleo de produção de quadrinhos em nossa cidade, principalmente. O que já é algo pra lá de fantástico! a crescente participação dos artistas locais em eventos e publicações externas e a criação de um calendário interno e regular de ações, são um grande reforço em direção a esse ideal. A falta de um sistema de distribuição eficiente, preços competitivos (sem perda de qualidade do material comercializado), formação de leitores, força política da categoria, são apenas alguns dos calcanhares de aquiles com que nos deparamos hoje. Mas sem dúvida alguma, o momento de efervescência cultural é ímpar, o que nos faz acreditar de que estamos trilhando o caminho certo.

8 – Nessa perspectiva, gostaria de saber quais as hqs POTIGUARES lhe despertaram alguma curiosidade e lhe surpreenderam em algum sentido, nesse ou em outros anos?

Ter uma obra impressa publicada, na marra ou patrocinada, já é um fato digno de grande reconhecimento e não deixa de ser uma  baita surpresa, dentro da conjuntura citada anteriormente. Muito material de qualidade foi lançado por aqui, nos últimos quatro anos e tudo teve início no universo digital, não no impresso. É certo que o lançamento  coletivo do projeto primeira edição e o retorno das maturi’s tiveram um impacto importante e histórico para a produção local, mas o alicerce desse grito independente surgiu mesmo, entre 2009 e 2010, com as produções da k-ótica, da república dos quadrinhos e dos heróis brasucas de francinildo sena. Foi uma verdadeira enchente de títulos e de autores, como há muito não se via. Diversidade aliada a qualidade  vieram à tona, obras pouco ou nada convencionais como a bateu na mãe de vinicíus, o autor em crise de joseniz e o fantástico origami de marcos ronin. Obras que surpreenderam visualmente e convenceram no tocante a uma nova possibilidade de discurso e de narrativa foram essenciais (para essa retomada da produção local). Destaco essas, como grandes surpresas, pelo ineditismo da proposta. Sou fã incondicional do material da maturi e dos trabalhos produzidos por Marcos Guerra e sua trupe, pelo Brum e a Milena, pelo inconfundível Wanderline e por toda essa nova geração de artistas que vem brotando da terra potiguar. Mas, destaco esses, como os trabalhos que me surpreenderam positivamente no sentido de ousadia narrativa e estética. Também é digno de nota, o incrível feito da equipe k-ótica ao lançar a primeira graphic novel do estado, o Evangelho segundo o sangue – com um incrível trabalho de pesquisa histórica, além da presença da arte fantástica de Leander Moura.

9 – Confesso que já fiz uma lista de roteiristas potiguares que gosto, mas serei sacana e restringirei a lista a três roteiristas que você considera nos últimos tempos que produziram histórias interessantes e se possivel, fizesse um pequeno comentário sobre sua opinião a cada um deles e suas obras?

Sacana, é pouco! mas vou tentar utilizar como termômetro as minhas preferências enquanto leitor e o conjunto da obra dessas feras.
Marcos Guerra é uma unanimidade entre nós, pois consegue escrever de tudo um muito. E é exatemente essa pluralidade de possibilidades narrativas que conseguem nos envolver, encantar e nos faz apaixonar por suas histórias. confesso que não sou fã de hqs de terror, mas foi por intermédio de Guerra que voltei a ser apresentado ao gênero. Continuo não sendo fã, mas passei a admirar ainda mais o seu trabalho, que já tinha me conquistado em várias hqs publicadas pela k-ótica, como a excelente o outro lado do arco-íris,  a hq regional a janela do vovô e o fascinante (e incompleto) mundo de aeternus.
Wanderline Freitas também dispensa apresentações. Sou fã incondiconal do multifacetário wandé. Seja esculpindo, pintando, desenhando e escrevendo. Sim, ele escreve! e me identifico muito com a sua linha de personagens de humor. Em especial, o atrapalhado urubuman e o impagável eni guimá. Mas wanderline é multifacetário, lembram? E ele também escreve e desenha hqs com temas do cotidiano, apimentadas de teor erótico, suspense policial e de super-heróis. Considero ele um fantástico roteirista visual, pois a dinâmica de sua narrativa dispensa o recurso do texto (mas ele usa e abusa, assim mesmo). É ruim deixar ele fora dessa lista, heim?
Ivan Cabral é um mister quando se fala em síntese visual e narrativa. Também sou um fanzaço do criador da mosca zezé. Ele foi e continua sendo uma grande referência para mim, enquanto cartunista. Contar uma história em no máximo três quadradinhos, não é para todos. E o ivan, faz isso com muita propriedade. Além disso, a menção ao Ivan pode e deve ser estendida a toda uma geração de precursores do quadrinho potiguar, que também admiro pra caramba, mas o espaço no momento não permite enumerá-los (tsc-tsc).
Sei que esta lista está longe da unanimidade e que as idiossincrasias regeram a minha escolha, mas a culpa não é minha, não! cacete no renato!!! o idelizador dessa tortura.  Lista tem que ser igual a das compras do supermercado no final do mês: pelo menos trinta itens. Mas em épocas de recessão e de grana curta...é o que temos para hoje...

10 – Não precisa dizer que se você esta sendo entrevistado por mim é por que já o considero uma promessa para o panteão dos roteiristas potiguares e promessa de grandes historias para o futuro. Além disso espero muito de você, mas  fora essa pressão psicológica qual suas perspectivas de roteiros futuros e qual os outros gêneros de historias gostaria de escrever?

Concluir trabalhos interessantes que estão no meio do caminho como a série “os notáveis”, “carcará”, “poderói”, “derme”, além do meu retorno ao universo das tirinhas. Este é o meu grande compromisso para os próximos anos. Alguma coisa mais autoral e experimental pode e deve pintar durante este processo, mas somente pelo simples e mágico prazer de criar.

Agradeço ao Beto Potyguara pela entrevista e espero que a revisão apressada não tenha estragado o objetivo dessas entrevistas que é mostrar o empenho e a nobreza da arte através da escrita buscando dá uma visão holistica sobre sua construção através dos arquitetos das belas letras. Assim, conforme forem sendo enviadas as entrevistas elas vão sendo públicadas por aqui. Espero que todos os demais roteiristas potiguares contribuam para essa nossa conversa, já que penso que as hqs por ser uma arte sequencial em que reune por um lado as belas letras e por outro a imagem, no mínimo exige que algo seja escrito e desenhado, apesar de que penso que ambas a gráfia e a ilustração nada mais são do que o mesmo termo para uma arte mais nobre ainda. Bem espero que todos gostem das entrevistas e se possível for, comentem e nos dê um feed back.  

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Pôesia não!

Não ligo se aquele velho safado estava certo em dizer que "nos inventamos" e esse é motivo de não darmos mais certo. Ou porque não estávamos distraídos o suficiente? Não ligo de dançar abraçada com a camisa suada do trabalho que esqueceu jogada na minha mesa de estudos. Não me importo de ler poemas falando dos olhos verdes, da pele riscada, das pernas longas... Não ligo mais de admitir pra minha mãe que mesmo com todas as pessoas que passaram pela minha vida, meu coração corta o cabelo no barbeiro por 10 contos. Não importa os olhos marejados e orgulhosos dela admirando minha coragem de tentar não te amar mais, mesmo sendo a melhor coisa que eu faço depois de colecionar cabelos. Não importa, pois você não sabe arrotar e eu não sei cuspir. Botamos tudo pra dentro num goto seco, engolimos tudo, com e sem conotações sexuais. Não me importa que fume seu cigarro de filtro amarelo dentro de casa, porque as piúbas abandonadas no meu cinzeiro deixam o ar de aconchego na sala.
Não ligo que não sonhe em comprar casa, nem em ter filhos cagões, eu também nunca os tive com você, mas imagino o tamanho do nariz da criança que gestaria em segredo por pura sorte. Quero mesmo é perceber na nossa "selfie de pé", o volume da sua calça crescido enquanto me carrega no cangote pra que eu sinta melhor aquela "eco felicidade" que tanto debocha. Não ligo pras promessas que você esqueceu ou pra grana que te emprestei dois anos atrás pra quitar a conta atrasada do cartão que pagou o motel onde eu não dormi. Não ligo pras suas mensagens de boas festas. Nem ligo pra distância das nossas curvas, e isso é mentira, mas não retiro a frase porque soa bonito. 
Eu ligo sim, com o carinho que não sentiu nos seus cabelos enquanto assitia o verdadeiro ultimo episódio do Ultimo Programa do Mundo, importo sim  com meu jeito de não saber o que dizer no chat dos sem face e com a tranquilidade de ficar em silêncio do seu lado mesmo não conseguindo parar de falar um segundo. Interessa a menstruação da sua cachorra, as recaídas do seu pai, os cuidados da sua mãe, se nossa fruta preferida apodrece na geladeira. Se não consigo, não posso e não tento te fazer sorrir, se fica medindo as palavras para falar comigo feito um pseudo poeta da cidade, quando eu te vi escrevendo seu primeiro verso sobre o amor. "Poesia não"!
Mesmo ligando com o fato de não ficarmos juntos pra sempre, porque morrerei de envenenamento em 16 de março de 2054, não admito esquecer um dia se quer seu cheiro misturado ao perfume francês "original" que roubou da sua mãe. Mesmo não ligando, o tempo passando depois de ter te perdido no ultimo voo saindo de viracopos, continuo ensaiando todos os nossos diálogos intermináveis sobre blues e sitcoms falidas. Eu ligo pra história das marcas novas na sua mão que reparo enquanto vê os lances da NBA, pra coloração dos seus sinais, pra sua dor de dente, pra sua pele queimada pelo sol, pras notas erradas da sua guitarra. Talvez não note o quanto deveria ou não fale o quanto notei cada detalhe das cores no seu olhar, mas é que odeio palavras. Por isso as mando no e-mail para mim mesma com titulo: "pôesia não".