O MÁGICO

Confira essa nova animação do diretor de Bicicletas de Belleville.

BALADA DO AMOR E ÓDIO

Confira nossa crítica sobre o mais novo filme do cineasta espanhol Álex de la Iglesia.

FRIDA KAHLO EM SEIS SENTIDOS

O projeto de extensão “cores” nos convida inicialmente a um espetáculo sobre a vida da artista plástica, mexicana, Frida Kahlo.

ARTEROTISMO - UM CONVITE

Gente! Ontem eu fui ao evento #OqueDjaboÉIsso, onde tive o prazer de assistir ao ótimo espetáculo "As cores avessas de Frida Kahlo"...

"A CULPA É DA SOCIEDADE"

A sociedade é culpada: Esse foi um entre outros discursos gritados nesses dias que sucederam a “tragédia do realengo”...

sexta-feira, 31 de maio de 2013

EXTRAPHYSICALIA DO SUBCONSCIENTE A ARTE DIGITAL

A Nobel, de fato, tornou-se um dos pontos de resistência cultural de Natal. Abrigando em seus domínios os artistas anônimos que passam a margem da cultura da cidade e da mídia da cidade vem mostrando o principal orgão incentivador de poetas, cordelistas, escritores, músicos, quadrinistas, artistas digitais e plásticos da cidade e por que não dizer do Estado.   Desse modo, nada mais adequado do que a estreia do artista digital Leander Moura nesse augusto recanto que convida e evoca a arte abrigando-a como uma mãe sobre suas asas com sua   exposição EXTRAPHYSICALIA.

Assim, o modo mais adequado para expor nossa admiração pela impressionante arte de Leander Moura e, mais especificamente, por sua composição em quadros digitais é visitá-la e constatar seu talento. Penso que, sua manipulação das formas e texturas não trata apenas de dá outro sentido a uma imagem ou tema, simplesmente. Sua preocupação transcende o nível puramente estético e procura diretamente os porões do subconsciente, onde reside a maioria de nossos temores e medos mais primitivos. Sua arte expressa o que não ousamos pronunciar a luz do dia, quanto mais a noite.   Ela busca, em muitos casos, exorcizar nossos demônios íntimos materializando-as em telas. Servindo, assim, de catalisador para nossos temores e fobias mais obscuras, mas que também nos leva a ir mais além. Busca ao resgatá-las compatibilizar nossos medos com nossos desejos subjetivos que por ordem ética e moral, não exteriorizamos e, por isso, estão sujeitas apenas ao trafego subconsciente.  A exposição EXTRAPHYSICALIA, nesse sentido é um completo sucesso já que para quem visita e vislumbra os quadros do artista e seus temas, geralmente, obscuros (?) a sensação e dúbia, por que se por um lado algumas pessoas acham obscuras e medonhas, por outro lado, existem temas que criam a fantástica sensação de mergulharmos em um sonho envolto em um Fog (nevoeiro) que ao investigarmos mais profundamente descobrimos temas que envolvem inocência e sensibilidade e, que denota a versatilidade do artista.

Nesse sentido, se mostra uma grata surpresa descobrir que Leander Moura também é um competente e versátil artista, já que é mais conhecido pelo publico natalense por ser o ilustrador da Novela Gráfica EVANGELHO SEGUNDO O SANGUE e por outras obras contidas na revista on line KÓTICA. Creio que a experiência do artista em outras mídias, também serviram para a composição de seus temas e para outras futuras apresentações e exposições. Vale mencionar que os temas tratados na exposição se mostram adequados com a proposta artística exposta por Leander. Mesmo tendo temas bastante parecidos, a saber o horror e o estranho, existe a proposta de interpretar diferentemente cada obra, já que não as mesmas dão margens para interpretações das mais diversas.

Por fim, vale dizer que essa proposta é logo notada, haja vista a quantidade de opiniões divergentes que cada obra evoca a cada indivíduo do público.  A intenção, acredito, do autor é essa e considerando as opiniões do público a exposição é um sucesso sem precedentes. Isso com certeza é o principal desejo de todo  artista e creio que Leander Moura deve de estar satisfeito. Felicito o autor por seu sucesso na esperança de que outros eventos desse tipo venham acontecer novamente aqui em Natal.

Espero que possamos nos ver mais vezes nesses maravilhosos eventos


R.M.J

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Defesa (?)


Foi num dia de chuva. Sei que o dia de chuva me anunciou.
E esse dia que me presenteia com a chuva que tanto gosto também é o que me desperta e faz de mim mesma o meu algoz.
É esse dia que anuncia o fim de mais uma etapa. Mais uma submissão às normas sociais de uma sociedade que se alimenta de orgulho e vaidade.
Estou diante da plateia. Ontem chorei. E bebi e chorei. Lembro-me disso diante da plateia.
Agradeço a presença de todos. Imagino a presença psicológica dos ausentes. Mas são os presentes que me olham, impacientes.
Descarrego tudo o que chamam pesquisa e projeto e tantos outros nomes intelectuais diante de pessoas que são, além da ciência, sonhos e anseios de felicidade.
E depois ouço comentários dessas mesmas pessoas, suas experiências sobre a técnica, enquanto os espíritos de todos os ouvintes, sem exceção, flanam sobre o que será o seu almoço ou a que horas devem chegar em seus empregos.
Gosto de olhar seus rostos enquanto desatentos, é disso que gosto. Imagino seus pensamentos.
A chuva que me anunciou persiste e me felicita, me compreende.

É o fim. É o começo. O fim já havia faz tempo.
Esse título não mereço. Quero ser mestre de meus desejos e só.
O que estou a defender, ali?

domingo, 12 de maio de 2013

O sobre A mar



Trocou o porto seguro pelo horizonte do mar, decidiu partir deixando no cais: amores e dores que jaz, e foi... em seu barco cheio de histórias, só a rede que acalenta seu sono solitário e o peixe que vez o outra se permite pescar. O peixe livre, indeciso, uma hora se fisga outra só belisca. Sufocado na profundeza da água, no infinito busca abrigo. Busca fôlego na superfície. O homem  tem fome, mas num quer ser a morte do peixe vivo, o peixo vivo precisa de mar. Encontra a morte pra saciar a fome de quem lhe deseja respirando.

Distantes, tão perto. Tão juntos. Tempestades, encontros, céu azul, desencontros, horizonte e mar, pesca, fome, solidão e medo. O peixe vivo é sua companhia, o peixe morto saciedade da fome. A dúvida de(o) não ser só, ou a solidão do(e) ser faminto. A alegria de pescar (a solidão), o medo de perder (o peixe), a fome de viver (o mar)... Desistir de velejar, nadar a mar aberto. Caminhar sem chão pro desconhecido. Amar agitado. Deixar e morrer amargurado. 


quarta-feira, 1 de maio de 2013

Penélope em pé de amora



Já sai de casa querendo voltar e se arrepende de sair antes mesmo de chegar. Faz uma trança no cabelo enquanto caminha, usa os vidros das vitrines como espelho, faz hora,
não tem pressa, matar o tempo lhe envaidece.
Pensa na sua rede sob o pé de amora. Penélope Cruz é o nome dela... da rede, armada no pátio da vivenda a espera dela. Sabe que Penélope estará lá quando voltar, por isso não se adianta e curte a caminhada. Até que...
 Um homem asqueroso passa encarando-a na rua, ela distraída trançando o cabelo nem dá importância para o fato de que ele dobrou numa esquina um pouco a frente e espreita sua passagem pelo cruzamento. Ele, o motoqueiro, da à volta e acompanha lentamente... ela percebe finalmente e se vê encurralada, lembra “do jeito de diabo gosta”, a expressão que ouviu outra vez de um tipo como aquele, com o cotovelo para fora da janela do carro velho, algum domingo comum desses. Ficou com medo, afinal nos postes pelo caminho cartazes (de) anunciam mais de 300 casos de estupros em menos de um ano naquela cidade que (agora) habitara. Tem medo sim, mas põe uma cara brava enquanto olha em volta a possibilidade de socorro, já pensa no pior, a rua parece deserta, então apressa o passo e prepara-se pra correr. Avista duas pessoas vindo mais a frente, enquanto o motoqueiro ainda a acompanha, tudo parece durar uma eternidade. O motoqueiro percebe as pessoas se aproximando e acelera a moto, ainda observando pelo retrovisor. Ela num instante impulsivo e libertador, estira o dedo do meio para o homem que a violentou com o olhar. As duas pessoas que cruzaram com ela estirando o dedo não entendem nada. Tudo bem, já era. Passou...
Ela continua o caminho... arruma sua trança, confere o reflexo numa vitrine e percebe que falta um toque. Mais a frente encontra uma roseira branca e de lá colhe um botão, prende ao cabelo e continua. Sua vaidade se mede na sombra do chão e no vidro/para-brisa dos carros estacionados.
Volta a pensar na Penélope, no pé de amora e nos passarinhos azuis catando frutinhas no pé. Como tinha inveja daqueles. Pelas amoras também, mas principalmente porque eles estavam livres dos olhares de homens nojentos como aquele que ela enfrentou.
Será que são azulados de tanto comer amora? Ela pensa. Tenta ficar horrorizada com a violência que sofreu, com a apatia da cidade e de dos moradores, mas não consegue... só pensava nas amoras no chão, que deixou de colher, e na Penélope solta ao vento da tarde, sob a sombra da arvore. Era sensível as coisas pequenas.
Mas porque sair de casa se tudo que queria era passar o tempo lendo seu livro deitada naquela rede? Ah, festinha de criança, era isso que a tirava de casa, comida boa, docinho, bolo confeitado. A barriga faz barulho e confirma! Ela sabe que na volta, empanturrada, a sua rede ainda a espera. 
Ah! Não esquecer de fazer um “pratinho” com salgadinhos e docinhos da festa pro amigo que ficou em casa estudando.