Penso que quanto mais se vive menos se aprende, nesta vida. Este adágio parece concretizar-se a medida que nossas sociedades avançam, e, pressupomos com isso que as pessoas também progridem em seu pensamento. Entretanto, não é isso que constatamos. As leis avançam, o tempo avança, as sociedades avançam e as cidades avançam. Só o que não avança é o ódio e a intolerância instituída no coração e na mente dos homens. A história esta cheia de exemplos de intolerância instituída nos homens e em suas sociedades. Antigamente, crianças, adolescentes, velhos e mulheres eram considerados meros objetos e não possuíam nenhum poder de intervir nos assuntos relativos a sociedade e a política. Mas antes disso, na antiguidade, existiam os escravos que eram servos submissos e sem nenhum direito a nada. Nenhuma lei, nenhuma justiça. Os seus corpos não eram seus, sua vida inclusive não era sua. Eles eram considerados na escala de importância da humanidade, um nada. A cor da pele mais tarde, teve grande relevância para justificar o injustificavel, a saber, existem raças que devem e necessitam ser escravizadas, por sua inferioridade perante aqueles de "pele" alva. Exemplos disso são os negros que por séculos foram feitos escravos e tinham sua submissão justificada por serem diferentes e de raça inferior. Infelizmente, muitos homens peseudo - inteligêntes se acharam no direito de determinar que raça se enquadrava no critério escolhido da escravidão para aquela que deveria ser o seu senhor. Para embasar isso, foi erigido todo um aparato jurídico e filosófico para fundamentar este pensamento. Não obstante, com o passar do tempo e os vários avanços instituídos na sociedade, a escravidão sobre qualquer nível passou a ser considerado um crime e de certa forma inaceitável. Contudo, apesar dos avanços, continuamos a lutar contra outro crime que é uma decorrência da escravidão, a saber, o preconceito. Entretanto o preconceito não é um estigma atrelado apenas a escravidão, mais a todo e qualquer tipo de tentativa de "enquadrar" comportamentos, particularmente os de âmbito sexual, de raça, credo, partidos políticos, géneros seja ele de pequenos grupos como punks, gótico, metaleiros, new age e etc.
A palavra preconceito é entendida no mini - dicionário Aurélio como sendo: sm 1 - idéia preconcebida; 2 - Suspeita, intolerância, aversão a outras raças, credos, religiões, etc. (AURÉLIO, 2001, p. 551). Decorre que esta palavra é a grande questão do adágio inicial. Não estou querendo especificar qual preconceito em particular devemos nos concentrar, mas devemos falar sobre como evitar de cultivarmos o ódio e aversão a àquilo que nos é diferente. No passado, como observamos anteriormente, os homens distinguiam-se pela cor da pele ou por sua orientação religiosa. Contudo, o preconceito e a intolerância sempre estiveram lá, assim como ódio. Na historia perde-se o número de vidas de pessoas que sucumbiram perante a histeria e ódio generalizado, porque eram simplesmente diferentes. Seus direitos eram cancelados e suas vidas negadas por não terem se enquadrado nas regras impostas pela sociedade. Assim o que almejamos é simplesmente estabelecer uma cultura de paz e de tolerância entre os homens, buscando com isso não submeter as pessoas através da força bruta, mas procurar convencê-las se possível. Caso não o seja, simplesmente acolher e procurar conviver da melhor forma possível. Deste modo só existe uma forma de nos relacionarmos e conviver com outros indivíduos que é através do duro exercício na tolerância.
No dicionário abbagnano temos duas definições para Tolerância. A primeira esta relacionada com "(...) Norma ou princípio de liberdade religiosa. Algumas vezes se considerou pouco apta a designar esse princípio uma palavra que significa "paciência", mas na realidade ela foi o emblema dessa liberdade, desde as primeiras lutas empreendidas, por meio das quais se afirmou em formas ainda hoje frágeis ou incompletas" (ABBAGNANO, 2003, p. 960). Encontramos mais adiante no mesmo dicionário uma segunda definição que diz: "O primeiro a basear a tolerância em argumentos objetivos foi Spinoza, que apresentou em seu favor o argumento por excelência, ou seja, a violência e a imposição não podem promover a fé, portanto, as leis que se propõem esse fim são inúteis (Tractatus theologico-politicus, 1670, cap. 20). Desse ponto de vista, é clássica a Epistola sobre a Tolerância (1689). Nesse texto, Locke demonstra que, ao examinar independentemente o conceito de Estado e o de Igreja, o princípio de Tolerância acaba sendo o ponto de encontro de suas respectivas tarefas e iinteresses" (ABBAGNANO, 2003, p. 962). Contudo, apesar de Locke ser um dos fundadores do liberalismo, os seus escritos que versavam sobre a tolerância ainda continham o vicio religioso de um fideismo extremado quando diz:"(...) quem nega a existência de Deus não deve ser tolerado de nenhum modo". Decorre que só foi com o iluminismo francês no século XVIII e do pensamento político liberal do século XIX que se chegou a a reconhecer o princípio de tolerância em sua forma completa, que é exposta acima. Assim podemos concluir que a literatura posterior pouco ou nada acrescentou às justificações desse princípio apresentadas por Locke; nesse sentido, tampouco se distingue o Tratado sobre a Tolerância (1763) de Voltaire, cuja justa fama se deve a influência histórica que exerceu.
Por fim, o que observamos é a escalada da intolerância aumentar cada vez mais. Na contemporaneidade é ainda pior. Herdamos do século 20 duas guerras mundiais, a última claramente tinha conotações de intolerância a raças e géneros que só se avolumaram com o seu termino. Observamos hipocritamente que passamos um verniz em nosso discurso floreando-o com palavras idílicas e acolhedoras, como por exemplo, vamos tolerar as diferenças, vamos pregar a paz entre religiões ou vamos defender a causa dos homossexuais e dos negros, estas duas frases são clichés hoje em dia em nosso país. Aliás para quem vem de fora passamos uma imagem falsa e demagógicas que vomita aos quatro cantos a palavra tolerância devido a grande variedade de cores e de géneros. Entretanto, o que vemos é a hipocrisia e a cara de pau estampada em nossos rostos quando dizemos que não somos preconceituosos ou homofóbicos , quando na realidade somos tudo isso elevado ao cubo. Maneiras para ilustrar isso não falta, como por exemplo a grande divida e o preconceito velado que temos contra os negros, crioulos, índios e nordestinos que são "todos" sem excessão habitantes deste país e que contribuíram, e, ainda contribuem para o avanço deste país e que continuam sendo, mais ainda, nos últimos tempos, discriminados. Outro exemplo são os constantes assassinatos cometidos contra os homossexuais, que vem se tornando rotina e que mostra a marca mais perversa existente nos corações dos homens que é o ódio a um outro ser humano. Caso se não faça nada o que esperar deste verdadeiro exercício de desumanização a que esta passando o ser humano. Acredito que, tal como os homens da Renascença tenhamos de redescobrir o caminho de ser humano. Do contrário, não quer ver a sociedade regredir até os primórdios da humanidade onde a força era a lei e a espada a razão.
humildemente.....Renato, Desejando boa saúde e vida longa a todos!!!
No dicionário abbagnano temos duas definições para Tolerância. A primeira esta relacionada com "(...) Norma ou princípio de liberdade religiosa. Algumas vezes se considerou pouco apta a designar esse princípio uma palavra que significa "paciência", mas na realidade ela foi o emblema dessa liberdade, desde as primeiras lutas empreendidas, por meio das quais se afirmou em formas ainda hoje frágeis ou incompletas" (ABBAGNANO, 2003, p. 960). Encontramos mais adiante no mesmo dicionário uma segunda definição que diz: "O primeiro a basear a tolerância em argumentos objetivos foi Spinoza, que apresentou em seu favor o argumento por excelência, ou seja, a violência e a imposição não podem promover a fé, portanto, as leis que se propõem esse fim são inúteis (Tractatus theologico-politicus, 1670, cap. 20). Desse ponto de vista, é clássica a Epistola sobre a Tolerância (1689). Nesse texto, Locke demonstra que, ao examinar independentemente o conceito de Estado e o de Igreja, o princípio de Tolerância acaba sendo o ponto de encontro de suas respectivas tarefas e iinteresses" (ABBAGNANO, 2003, p. 962). Contudo, apesar de Locke ser um dos fundadores do liberalismo, os seus escritos que versavam sobre a tolerância ainda continham o vicio religioso de um fideismo extremado quando diz:"(...) quem nega a existência de Deus não deve ser tolerado de nenhum modo". Decorre que só foi com o iluminismo francês no século XVIII e do pensamento político liberal do século XIX que se chegou a a reconhecer o princípio de tolerância em sua forma completa, que é exposta acima. Assim podemos concluir que a literatura posterior pouco ou nada acrescentou às justificações desse princípio apresentadas por Locke; nesse sentido, tampouco se distingue o Tratado sobre a Tolerância (1763) de Voltaire, cuja justa fama se deve a influência histórica que exerceu.
Por fim, o que observamos é a escalada da intolerância aumentar cada vez mais. Na contemporaneidade é ainda pior. Herdamos do século 20 duas guerras mundiais, a última claramente tinha conotações de intolerância a raças e géneros que só se avolumaram com o seu termino. Observamos hipocritamente que passamos um verniz em nosso discurso floreando-o com palavras idílicas e acolhedoras, como por exemplo, vamos tolerar as diferenças, vamos pregar a paz entre religiões ou vamos defender a causa dos homossexuais e dos negros, estas duas frases são clichés hoje em dia em nosso país. Aliás para quem vem de fora passamos uma imagem falsa e demagógicas que vomita aos quatro cantos a palavra tolerância devido a grande variedade de cores e de géneros. Entretanto, o que vemos é a hipocrisia e a cara de pau estampada em nossos rostos quando dizemos que não somos preconceituosos ou homofóbicos , quando na realidade somos tudo isso elevado ao cubo. Maneiras para ilustrar isso não falta, como por exemplo a grande divida e o preconceito velado que temos contra os negros, crioulos, índios e nordestinos que são "todos" sem excessão habitantes deste país e que contribuíram, e, ainda contribuem para o avanço deste país e que continuam sendo, mais ainda, nos últimos tempos, discriminados. Outro exemplo são os constantes assassinatos cometidos contra os homossexuais, que vem se tornando rotina e que mostra a marca mais perversa existente nos corações dos homens que é o ódio a um outro ser humano. Caso se não faça nada o que esperar deste verdadeiro exercício de desumanização a que esta passando o ser humano. Acredito que, tal como os homens da Renascença tenhamos de redescobrir o caminho de ser humano. Do contrário, não quer ver a sociedade regredir até os primórdios da humanidade onde a força era a lei e a espada a razão.
humildemente.....Renato, Desejando boa saúde e vida longa a todos!!!