sexta-feira, 15 de abril de 2011

Estética e Literatura uma visão contemporânea da arte


O Dicionário Abbagnano define Estética com "esse termo designa-se a ciência (filosófica) da arte e do belo" (ABBAGNANO, 2003, p. 367). Levando-se em consideração esta definição quantas vezes, durante nossa vida nos encontramos envoltos em polémicas, quanto os ditosos padrões estéticos que o mercado exige e nos impõe garganta abaixo, sem questionarmos qual é o real objetivo de tudo isso? Será meramente porquê temos que nos adequar a padrões que todos seguem e que se formos contra a força da corrente incessante do capitalismo, seremos taxados de inadequados e fora da moda. De fato, garotas gordinhas tem que seguir o regime de faquir de esquálidas modelos. Senhoras de terceira idade, mulheres de trinta anos, jovens, homens e mulheres procuram cirurgiões para corrigir suas pequenas imperfeições com o objetivo de se adequar a princípios estéticos evocados por uma sociedade esquizofrênica e louca!

Não há mais um critério único capaz de separar o que é arte do que é meramente repetição e adequação. Por conseguinte, no inicio do capitalismo, a mera repetição se restringia massivamente a objetos, roupas e utensílios. Ainda não havia o culto ao corpo modificado e adequado ao desejo incessante feito através das cirurgia plásticas. Homens e Mulheres estão procurando, a todo momento, estão em busca da perfeição exigida por uma sociedade que repudia a individualidade e imperfeição. A moda agora é as mulheres de peitos fartos e bumbum redondos e polpudo. Os homens devem ter seus corpos parecidos com verdadeiros Aquiles modernos, fabricados em academia de ginástica. Quando o tempo (outro empecilho na contemporaneidade) falta, busca-se o recurso a cirurgia plástica. São próteses de peitos, no caso das mulheres e de peitorais esteticamente postos que são meros adornos para a satisfação pessoal que não tem nenhuma conotação de correção estética de um corpo mutilado. A modelação corporal é apenas mais uma forma de demonstrar o total desconforto de saber que não sabemos mais separar o que é realmente necessário e inpressendivel supérfluo para o que é desnecessário e supérfluo.

ora então o que dizer da arte e da cultura em geral? A pintura gráfica, feita através de máquinas avançadas, computador extremamente metódicos, com os seus milhões de pixels substituíram os ultrapassados pintores de quadros nos processos de reprodução. Peças de artes podem ser fabricadas agora por maquinas requintadissimas, que podem reproduzi-las aos milhões. Filmes são feitos sem sair do estúdio, ruas, bairros, cidades e até países podem ser retratados apertando alguns botões em um computador. Não é preciso mais os autores se deslocarem ou filmarem em cidades, ruas, bairros ou países reais. Tudo agora pode ser fabricado "virtualmente". Os atores, igualmente, podem ser capturados por modernos programas de computador que muitas vezes os substituem (como no caso de desenhos e filmes que capturam apenas suas imagens e codificando seus movimentos dão uma nova roupagem a seus personagens). O humano esta ficando obsoleto, diante do movimento anti-essencialista que se fixou em uma época em que o máximo da intelectualidade é ler os romances adolescentes de vampiros e de bruxos desprovidos de uma preocupada busca de sentido para o que se esta lendo. Não deve-se culpar os autores pelos leitores ler suas obras, como mera peças descartáveis, que lê-se e depois deixa em cima de uma estante levando poeira, esquecido, porquê simplesmente apareceu uma nova moda de leitura.

Os valores estéticos realmente padecem de um critério. Até o século 19 tínhamos um padrão a ser seguido, Entretanto, com o surgimento da industrialização e o avanço tecnológico, perdeu-se alguma coisa pelo caminho. A critica a falta de critério estético não é de hoje, muitos filósofos moderno e contemporâneo já se preocupavam com o assunto. Entre eles, na modernidade o escocês David Hume, Kant, Baumgarten, Hegel, Schiller, Goethe, entre outros já anteviam esta crise, mas acreditavam que haveria uma conscientização da forma estética, e, portanto a retomada da valorização do humano como critério único de avaliação. A isto davam o nome de "gosto", porque caracterizava um assentimento, mesmo que subjetivo, seguindo regras apoiadas nos valores estéticos da antiguidade. Na contemporaneidade encontramos os representantes da analise estética em incriveis autores como Nietzsche, Kiekergaard, Heidegger, Gilles Deleuze, Michel de Foucaut, Jaques Derrida entre outros. O sintoma reprodutivo (representado em grande parte pela massificação da arte e da cultura) produzira seus danos. A arte sofre de síndrome de múltipla personalidade e já não sabe mais o que é. Os critérios são variados, e nenhum parece servir para distinguir o que deve ser considerado arte e o que não deve ser considerado. Walter Benjamin acenava para este aspecto mórbido e multifacetário das opiniões estéticas. Talvez por isso tenha recorrido as épocas antecedentes procurando encontrar a "áurea" que se perdeu, e, com isso reconduzir toda a estética a um novo rumo. Infelizmente, Benjamin morreu antes de alcançar seu intento, o que foi uma pena.....enorme, para uma época sem identidade!!!!!!

Considero por fim, que sem dúvida não acrescentei nenhuma informação nova sobre o assunto. Mas devo, apenas, expressar o meu desanimo e incompreensão com os valores postos sobre a arte como algo de grande valor quando na realidade a mesma dilui-se paulatinamente na corrente da reprodução e do desdém. Onde está a contravenção, a busca de exprimir um pensamento original, de passar uma mensagem inaudível, de evocar o humano sem cair no cliché de humanizá-lo o equivalendo a todos, e, portanto usando da astúcia da razão hipócrita. Enfim o que podemos arte em nosso tempo....sem cairmos na mera repetição ordinária como o que encontramos costumeiramente. Espero não obstante que consigamos encontrar nossa identidade estética e consigamos sair da aporia que se encontra a arte e a cultura. Produção em grande escala não quer dizer sintoma de qualidade, antes, porém, pode ser indicio de incêndio. Seja como for devemos olhar e ponderar com bastante atenção para aqueles que postulam que determinada arte, seja ela no âmbito da pintura, escultura, música ou outra qualquer deve ser considerada de grande valor estético.


humildemente: Renato.....

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