sexta-feira, 27 de março de 2015

ENTREVISTA COM ROTEIRISTAS POTIGUARES



EMENTA: O objetivo dessas entrevistas é ressaltar o modo próprio de ser da profissão e trabalho do roteirista/argumentista nas obras de Historias em quadrinhos do RN, procurando mostrar como e o por quê o roteirista faz suas escolhas em detrimento do desenvolvimento de uma historia ao invés de outras. Buscando com isso, responder para o grande público leitor de hqs o que os motiva ou faz optar por contar historias do que ser um mero reprodutor delas. Além de compreender suas reflexões, anseios e opiniões sobre os quadrinhos potiguares e suas especificidades.


Mini biografia 

Formado em Marketing pela UnP, começou sua carreira nos anos 80 como ilustrador de publicidade. Atuando em várias agências de Natal. Nos quadrinho, ingressou na Maturi onde teve  diversas histórias publicadas. Criou o heroi Asa Psiquê que teve suas aventuras editadas na revista Epopéia Potiguar (do próprio Carlos Alberto), que chegou a contar quatro números. Ilustrou livros como "Uma feira livre" da escritora Elizabeth Rose de Macêdo Gomes; "Matrix e administração Transpessoal" de Júlio F. D. Resende; "A Turma da casa do Telhado Branco - A história das Minhocas", das autoras Gilka da Mata e Marize Duarte e foi o autor do livro "As sátiras em quadrinhos de Zé Areia".

ENTREVISTA:

1 – Bem agradeço a disponibilidade de tempo, do ilustre roteirista para essa entrevista e já começo perguntando o que o levou a fazer roteiros sobre quadrinhos?

Bom, na verdade não sou um roteirista, embora tenha feito alguma coisa nessa área. No início de minha “carreira” como desenhista de quadrinhos, era extremamente difícil contar com os roteiristas. Poderia até dizer que não existia roteirista, pois todo aquele que queria fazer quadrinhos tinha que se virar para criar suas próprias histórias. Eu, porém, na ausência destes, resolvia recorrer às histórias bíblicas, por estar mais à “disposição” e por propiciar um cenário farto de detalhes pitorescos da época antiga.

2 – Ok, então sabendo de suas motivações gostaria de aprofundar mais o conhecimento sobre as hqs que te influenciaram, despertando você para esse universo dos quadrinhos?

Eu curtia desenhistas antigos como Alex Raymond, Harold Foster e Burne Hogarth. Mas minha forte influência dos quadrinhos americanos aconteceu no fim dos anos 70 e começo dos 80, especialmente os desenhos do Jonh Buscema/Alfredo Alcala, Frank Miller até conhecer a francesa Metal Hurlant e o estilo artístico europeu.

3 – Então, observando suas motivações e influências quais os gêneros ou tipos de historias você desejaria escrever para os futuros leitores de seus quadrinhos.

Eu procuro ser o mais versátil possível. Deste ficção/aventura.. regional... me coloco à disposição para qualquer projeto. Mas eu gostaria de tentar uma ficção fantasia.

4 – Muito bem,  você poderia falar um pouco sobre a forma de escrever roteiros e suas preferências, além de se possível for, me responder qual a sua posição quanto a abordagem de temas delicados que por acaso você venha ou tenha escrito  e que nem sempre são temas muito faceis de serem abordados e aceitos pelo grande público leitor?

O roteiro, quando eu faço, é de maneira intuitiva. A partir de uma ideia inicial é que vou desenvolvendo toda o enredo. Quanto aos temas delicados, eu procuro sempre me certificar se realmente é válido trabalhar com o referido tema, pois já sofri algumas críticas ao tentar algo, como por exemplo, na área de sexo.

5 – Você possui alguma pretensão de desenvolver uma a estética própria em sua escrita que tenha como objetivo experimentar através de seus roteiros?

Sim. Uma abordagem em que a fantasia surreal seja o elemento predominante.

 6 – Essa pergunta é cabciosa, para não dizer sacana, mas necessito fazê-la, você se considera um roteirista de que tipo? Comercial que escreve para vender e divulgar o seu trabalho apenas, Independente que objetiva escrever para um determinado público, desejando uma liberdade maior de criação ou ser Alternativo (underground) que procura a experimentação e a liberdade de expressão, apenas, sendo que o público consumidor seria apenas uma consequência e não o objetivo principal?

De fato é uma pergunta intrigante, pois tenho feito muitos trabalhos com apelos comerciais, mas também tenho feito bastante coisa para um determinado tipo de público, no caso, cartilhas e revistas cuja abordagem é primordialmente educativa. Mas fiz algumas coisas no circuito underground, portanto, sou bastante eclético.

7 – Muito bem, considerando que como quadrinista inserido em uma região do país, a nordestina em que temos a carência de tudo há decadas, qual a perspectiva atual do mercado de Hqs nessa região e especificamente, o quadrinho potiguar?

Mercado de quadrinhos não existe no Nordeste. Mas Existe alguns estúdios que conseguem com muita persistência e determinação estabelecer o sonho de trabalhar com quadrinhos. O pessoal da Paraíba e Recife dão bons exemplos nesse sentido.

8 – Nessa perspectiva, gostaria de saber quais as hqs POTIGUARES que lhe despertaram alguma curiosidade e lhe surpreenderam em algum sentido nesse ou em outros anos?

Das hqs que marcaram eu cito o Ataque de Lampião a Mossoró, de Emanuel Amaral/ Aucides Sales, Os episódios do cangaceiro Labareda, cujo roteiro e desenhos são do Luíz Elson, e a série Trombstone City (publicados na revista Maturí) de Aucides Sales.

9 – Confesso que já fiz uma lista de roteiristas potiguares que gosto, mas serei sacana e restringirei a lista a três roteiristas que você considera nos últimos tempos que produziram historias interessantes e se possivel, fizesse um pequeno comentário sobre sua opinião a cada um deles e suas obras?

O próprio Emanuel Amaral é um dos que figuram na minha lista. Dois trabalhos dele: O ataque de Lampião a Mossoró e Os guerreiros das Dunas mostram a desenvoltura deste artista. Porém, nos últimos tempos ví surgir gente boa que vem pra ficar. Entre esses, eu destaco o brilhante trabalho do Marcos Guerra em Parnamirim, contruindo uma história! Temos também um ótimo roteirista/desenhista que nos chega com uma forma bem pessoal de pensar e desenhar... estou falando de Mário Rasec e o que falo pode ser conferido nas páginas de Os Black. Há ainda um outro nome que também começa “bem tranquilo” a mostrar suas qualidades, não só como roteirista, mas também um excelente desenhista. Seu nome: Renato Medeiros. Uma obra? Tempestade mental!

10 – Não precisa dizer que se você esta sendo entrevistado por mim é por que já o considero uma promessa para o panteão dos roteiristas Potiguares e promessa de grandes historias para o futuro, além disso espero muito de você, mas  fora essa pressão psicológica qual suas perspectivas de roteiros futuros e qual os outros gêneros de historias gostaria de escrever?


Bom, eu tenho me repetido em dizer que tenho vontade de desenhar histórias com tematicas fantasiosas, e talvez algo numa linha surrealista à la Moebious, pois como trabalho numa linha muito próxima ao acadêmico, considero o estilo de arte surrealista europeu um desafio interessante a se realizar. Vamos pra frente!!

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