sexta-feira, 20 de maio de 2011

PROFISSÃO PROFESSOR: INDIGNIDADE E PROTESTO

Vendo o vídeo em que a Professora Amanda Gurgel fala sobre a educação de maneira geral, não só do Rio Grande do Norte, mas de Todo o Brasil. Me levou a pensar na repercussão que teve seu desabafo em relação ao desgaste já há muito estabelecido sobre esta profissão, que vem se tornando cada vez mais desvantajosa e muitas vezes desencorajadora. Investigando as redes sociais e matérias pela Internet, constatei que muitas pessoas, sejam elas educadores ou não se sensibilizaram com o desabafo da Amanda. Entretanto no meio dos comentários encontramos várias pessoas que criticavam a sua fala, isso faz parte da Democracia, pois opiniões diferentes devem ser consideradas tanto quanto aquelas que vem a nosso apoio. Entretanto, o que me preocupa é a velha retórica embutida na argumentação utilizada pelos vários comentários postados nas páginas na Internet.


Muitos dos posts acusam o discurso da Amanda sob o viés da pura reinvidicação material de ganhos, como se ele fosse construído pautado apenas nos ganhos pessoais, tendo inclusive esquecido matérias tão importante como estrutura e condições de trabalho. Além de acusar a professora de tecer um discurso "tendencioso" partidarista - sindicalista que não tem como objetivo a melhoria da educação, mas antes toma a defesa de uma facção partidária. São inúmeros os que acusam-na em sua fala a hegemonia da relevância salarial em prol de outros problemas que são inerentes a profissão de professor.


Mas não é isso o que observamos no discurso da Amanda Gurgel. O tema por ela abordado vai além do apenas salarial. Sua fala vem a denunciar a falta de dignidade do exercício da profissão de professor, da ausência de profissionalismo na categoria, vem inclusive a denunciar a falta de condições materiais e intelectuais da educação e porque não dizer da má vontade de alguns mestres do giz em ensinar. O discurso da Amanda simboliza bem mais do que o salarial, ele vem a materializar tudo aquilo que gostaríamos de escutar de alguém quando se fala de educação. O que ela diz no vídeo é a demonstração tácita da pouca referência e valorização que a profissão oferece para o jovem universitário que já reflete se quer ou não seguir uma profissão que já nasce morta antes mesmo de se efetivar. São muitos os exemplos que tenho ouvido e presenciado de negativas de alunos quando perguntados se seguiriam a carreira de professor. As respostas quase sempre são as seguintes "só faço licenciatura para obter o diploma e poder arranjar um emprego melhor" outros dizem "só vou ser professor se for o último caso, fora isso prefiro ficar atrás de um balcão de loja ou estacionar carros em ruas que ganho mais e vivo sem aborrecimentos", e o pior e mais humilhante é escutar da boca de professores efetivados e recem chegados que querem abandonar a profissão por outra, quando dizem: "hoje em dia, ser professor é sinonimo de mendicancia e desrespeito, ninguém nos elogia ou escutam o que dizemos, somos um nada, então porque ensinar?" . E ainda o que podemos falar ou expressar quando escutamos pais dizerem sobre os professores em greve que: "são verdadeiros mercenários e vagabundos que tem preguiça de ensinar" ou pérolas como esta "para que ganhar mais se eles tem mais de um emprego?" existem outras como "professor é o melhor das profissões, pois tem duas ferias por ano e trabalham em casa". E o que dizer das acusações sobre a classe de ser tendenciosa quanto a defender determinado partido? De fato não há o que falar, pois parece que já fomos a muito julgados sem, como é de costume, ser escutados.


Amanda em seu discurso para a câmara dos deputados do RN que defendem o atual governo do DEMO, vem apenas externar a insatisfação e desgosto que a profissão de professor no Brasil esta fundada. As acusações de tendência a defender determinada ideologia política é errónea, devido não haver, como expressou Amanda Gurgel, nenhum Governante que tenha tomado a educação como prioridade em seu governo! A insatisfação da classe que Amanda tão bem expressou vai além do salarial, ela segue-se a completa falta de perspectiva em que esta inserido todo o processo educacional. Fala-se entre os educadores em falência do Estado em conduzir a educação. Basta para isso vermos a enorme quantidade de alunos analfabetos funcionais e semi analfabetos que chegam a 6ª, 7ª, 8ª e 9ª série e não é raro chegarem a níveis médios e superiores sem saber ler e quando sabem não sabem o que escreveu. Todo o processo esta errado, seja ele de cunho pedagógico, estrutural, de proteção ao ensino e de investimento. Nestes termos para aqueles que defendem a acusação a respeito do carater mercenário dos educadores, eu me pergunto, então quanto para vocês vale a educação dos seus filhos? 10 R$ rais, 20 R$ reais, 1.000 R$ reais, quanto valem os seus filhos? Se seguirmos a lógica seria de dizer muito....não teríamos como estabelecer uma quantia satísfatoria, mas outras perguntas nos surgem quem ganha com o fracasso da educação? As escolas particulares, os cursinhos preparatórios para o vestibular, os professores particulares? quem ganha? os Políticos que preferem a massa ignóbil e bruta que não tenham nenhuma perspectiva de revolta ou de análise critica para cobrar seus abusos de poder e desvios de conduta, quem ganha então com a falência da educação, quem???? São tantos os acusados que perdemos de vista o essencial, a saber, que todos nós como cidadão somos responsáveis pela educação quando votamos e esquecemos após a divulgação do resultado do pleito de exigir dos ganhadores suas promessas, somos nós os grandes culpados pelo o estado em que se encontra a educação tanto do RN como do Brasil.


Quando Amanda fala na câmara exigindo mais respeito com a profissão a secretária de Educação do Estado ela não se restringe somente aos professores este respeito, mas a todos os que fazem parte deste processo, como alunos, merendeiras, pais de alunos, sociedade, juízes, comerciantes, empresários, padres, pilotos de avião, engenheiros, ministros, presidente ( apesar do senhor Luiz Inacio Lula da Silva dizer que para ser presidente não era preciso muito estudo, o que eu discordo e acredito sinceramente que ele não falava sério), jornalistas, policiais, bombeiros, e, .......políticos necessitam de igual respeito.


Não obstante o sintoma a respeito da pouca relevância que a educação tem para os governantes, expresso por Amanda Gurgel torna-se preocupante a medida que identificamos na desvalorização da profissão de professor, a falta de perspectiva da formação de um povo brasileiro competitivo tanto a nível mundial como a nível de mercosul, pois constata-se que qualquer país parte na frente de qualquer disputa comercial e capitalista aquele país que possua mão de obra qualificada e que se exija cada vez mais um nível de estudo maior e que não nos encontramos preparado, e, que ao contrário somos desestimulados a tê-lo, então o que será de nossos filhos? Garanto que os filhos de grandes empresários e comerciantes não desejariam ver seus filhos operando aparelhos de telemarketing ou trabalhando na construção civil embuído de poeira e coberto de pó de cimento, ou melhor ainda, sendo professor de língua estrangeira. Se os empresários, comerciantes, hoteleiro e sociedade em geral não prestarem atenção ao discurso que a décadas os professores e educadores deste país vem fazendo não haverá volta, entraremos definitivamente no mundo das trevas....rumo a barbárie, isso se já não estivermos.


Por fim, tenho a dizer que de fato Amanda Gurgel mostrou muito bem o rumo em que se encontra a educação brasileira que se mostra sucateada e sem perspectiva de melhora. Denuncia, também o cinismo e pouco caso, como podemos observar nos rostos dos deputados, no vídeo, a sua verdadeira preocupação que é defender aquilo que lhe é favorável e deixar de lado aquilo que deveria ser sua prioridade que é o povo ou a sociedade. Deste modo, não é novidade ver que os alunos tem pouca importância para os senhores da assembleia legislativa do Estado, acredito que é assim em todo o país, pois o que importa é que os professores voltem cabisbaixos ao arremedo de suas aulas e finjam que ensinam enquanto os alunos finjam que aprendem para que eles voltem a tranquilidade de seus gabinetes. Por último gostaria de dizer e frisar que o movimento dos professores como "CLASSE" organizada não vem defender nenhuma bandeira de partido político nenhum haja vista que o movimento passou já por inúmeros governos e nenhum deles fez nada a favor da educação do país ou de qualquer Estado. O movimento não tem cunho meramente salarial, pois o ambiente ruim, violento e desalentador da educação já passou do nível de mera reivindicação salarial e esta mais para um pedido de ajuda e de respeito, pois encontramos posição semelhante que apoiam este discurso em declaração de futuros ou não professores de historia, letras, geografia, matemática, física, química, educação física e etc... quando dizem " nem se me pagassem R$ 5.000,00 (cinco mil reais) eu seria professor, não vale apena, não é o sálario, mas as condições materiais, organizacionais e profissionais que não são estimulantes....eu simplesmente não me interesso por seguir uma carreira que não sou respeitado por um pai quando lhe peço o mínimo, que é observar se seu filho faz a tarefa de casa ou quando o mesmo vem armado (algumas vezes é policial civil ou militar) perguntar porque o seu filho não passou somente em minha matéria!"





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