sexta-feira, 20 de maio de 2011

ANTROPOFAGICAMENTE FilosofandO

Devorando Oswald de Andrade e com ele todo um manifesto antropofágico,  absorvendo sua essência em princípios imorais.  Não podia ser diferente que usasse dos seus recursos, depois digerindo-os e em seguida expelisse um pensamento.

Pensar os valores de um povo é pensa-los de dentro para fora. Da mínima expressão à manifestação mais sublime de sua personalidade. Pensar meus próprios valores, repensá-los. Do particular para o universal à moda aristotélica.

Eu assumo, consumo cultura enlatada, me causa azia, mas se oferece a mim insistentemente, ao alcance das minhas mãos e do meu paladar ignorante. Instiga-me, mesmo nunca me satisfazendo é presença constante.
Mas é na estranheza das palhas de bananeira, na rima e na ginga do coco de roda e de zambê, do samba e da catira, nasci e fui criada. Cultura empalhada. Nos museus arquitetônicos, desprezada.
Como digerir essa cultura que nunca engoli? Essa cultura plástica que nem de longe conheci. De capitania de exploração à casa de mãe Joana. Da carta de Pero Vaz de Caminha ao Samba do crioulo doido.
Na colonização vivíamos o velho mundo, na modernidade a vanguarda, na contemporaneidade o sonho américano, no futuro de hoje (made in China) o mundo todo, menos o eu mesmo.
Um país sem umbigo. Sem caráter materno, com raízes encharcadas de Coca-Cola. Um povo desorientado de pai e mãe. Batendo no peito, 2014.
É goooool!
Não diria preguiçosos, mas talvez passivos no mapa-mundi. Monges tropicais.
Do devir a incompletude do nada ser. Nada ver. À ordem e o progresso.  



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