terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Literatura comentada - A revolução dos Bichos






Observo a literária sempre com o olhar crítico buscando observar qual a sua relevância para a constituição de nosso pensamento e para a nossa formação como indivíduos pensantes. Acredito que quando um autor escreve, algo em literatura, ele não esta pensando em um determinado mercado ou leitor específico. Muitas vezes escreve para exorcizar alguns demónios pessoais ou para expressar algum ponto de vista que não consegue expor, seja por timidez ou por pura falta de tacto com a fala. Ele utiliza, desta maneira, a escrita pelo puro prazer de escrever que o leva a imprimir ou digitar no computador os seus pensamentos e reflexões. Expondo corajosamente, desta maneira, seu ponto de vista, através de seus personagens buscando através disso chegar a comunicar e tocar, quem sabe um leitor, que cúmplice concorda ou discorda dele. Através de sua obra o escritor, acredito, busca por meio de estratagemas atingir o leitor, objectivando com isso expressar um pensamento ou mensagens específicas. Seguindo esta linha de raciocínio é que chegamos a obra de nossa presente análise. A revolução dos Bichos de George Orwell.


A revolução dos bichos é um destes fenômenos da literatura que se sobrepõe a qualquer análise contemporânea e que pela quantidade de mensagens que passam ao leitor não pode ser vista, apenas, pelo viés unidimensional da ideologia. "A revolução dos Bichos" como uma fábula, não necessariamente infantil, surge como alguns críticos analisam, por uma crítica do autor aos regimes totalitários que iniciavam sua Ascenção a partir da segunda guerra mundial e que tinha seus representantes, o nazismo na Alemanha, o fascismo na Itália e o comunismo na antiga União Socialista Soviética. Este último foi o alvo tratado claramente nesta obra. Entretanto, deve-se salientar que seria um modo reducionista de estabelecer a obra de George Orwell em parâmetros tão estreitos como estes. Esta fábula de Orwell vai mais além do que os estreitos limites da ideologia totalitária. O livro fala de obediência cega, destituída de reflexão no pensamento, de covardia, de falta de responsabilidade com as decisões pertinentes para a nossa vida entre outras coisas. A obra não é meramente o denusismo de um determinado regime político, mas visa mostrar que os homens quando imbuídos de poderes sem limites podem ser verdadeiros ditadores. E a massa destituída e cega pelo comodismo e preguiça de pensar, entregam seu destino nas mãos de um pseudo salvador que toma decisões que muitas vezes são as suas e não dos cidadãos. A historia é repleta de criticas a determinadas decisões imorais que levam o leitor muitas vezes a se revoltar com os porcos, que afinal é uma representação dos homens no poder, precisamente dos nossos maus políticos e sua falta de caráter tão conhecidos de todos nós. A fábula de Orwell, portanto, é única em seu genêro ela não atinge só à aqueles que acham que sabem o que é injustiça, mas devido a sua temática ela mexe com o intímo de cada leitor e frases como "todos são iguais, mas alguns são mais iguais que outros" mostra o sofisma de uma retórica hipnotizante que leva as pessoas a cegueira de sua condição de massa.



George Orwell nasceu em Motihari na Índia, no ano de 1903. Completou seus estudos na Universidade de Eton. Aos 19 anos entra para a Polícia Imperial Britânica. Passou muitos anos entre a Índia e a Birmânia. Revolta-se com o imperialismo inglês, abandona tudo e volta para a Europa. Renuncia sua origem burguesa e sua fortuna. Considera seu passado vergonhoso, e por isso muda seu nome. Seu nome verdadeiro é Eric Arthur Blair. Trabalha como operário de fábrica em Paris e depois como professor primário em Londres. Assim, sente pela primeira vez a opressão da classe trabalhadora. E é neste contexto que ele começa a escrever sua literatura. Participa da Guerra Civil Espanhola em 1936, lutando ao lado do P.O.U.M. (Partido Obrero de Unificación Marxista). George Orwell era a favor das classes sociais baixas, e ficou decepcionado com os Partidos Comunistas da época, fiéis aos ditames de Moscou. Era um anti-stalinista, não pelo socialismo, mas contra todo o tipo de totalitarismo. E é em ?Revolução dos Bichos? (1945) que ele tece toda a crítica ao regime.

Comentários
2 Comentários

2 comentários:

Nunca tinha visto a revolução dos bichos por este lado. Parece que o autor do texto observa que a obra em seu sentido estetico denota as propensões e reflexões morais do autor. Não se se concordo com isso. Mas valeu pela ótica diferente dada ao enfoque!!!

Otima dica, não li ainda mas tô afim.

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