sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Lie to me: A imagem não mente?


Exit Through the Gift Shop [2010]
Direção: Banksy
Elenco: Banksy, Shepard Fairey, Thierry Guetta, Space Invader
Produção: Jaimie D'Cruz, James Gay-Rees
Duração: 87 min.
Ano: 2010
País: EUA/Reino Unido
Gênero: Documentário/comédia
Aviso: O texto pode apresentar algum spoiler.

 
Exit Through the Gift Shop se apresenta na categoria documentário, a pesar dos boatos sobre a mistura entre ficção e realidade que permeiam o filme, até hoje nunca esclarecidos pelo diretor Banksy. O fato é que o roteiro se articula tão bem que não definimos a fronteira entre real e ficcional.
Com bom ritmo e boas tomadas de câmera na mão, promete um passeio pela a arte de rua, o processo criativo dos artistas [grafiteiros], os riscos e o prazer em transgredir. Mostra o prezado anonimato da arte de rua e seu aqui e agora, o que acontece durante a noite na produção dessas imagens para que elas se apresentem a nós na luz do dia. Isso e muito mais sobre esse mundo desconhecido se apresenta através da visão do francês Thierry Guetta e sua obsessão por filmar. 

A partir da neurose por registrar sua vida em detalhes, começa a filmar artistas de rua em suas rotinas por um melhor espaço nas paredes das grandes metrópoles.
Em sua obsessão Guetta conhece muitos artistas importantes dessa arte, Banksy é sua nome mais famoso, com sua arte conceitual e seu trabalho valorizado entre os apreciadores de arte. O grafiteiro apresenta várias faces do seu trabalho artístico, Guetta fascina-se pelo glamour de ser um artista reconhecido, justamente a face da arte que Banksy não aprecia. Com uma sugestão infame, Banksy desafia Guetta a enfrentar o mundo que tanto admira, nessa empreitada ele ultrapassa os limites entre adorador de arte e artista.  

Alguns acreditam que essa história do lunático Thierry Guetta não passa de uma piada de muito bom gosto do Banksy, em crítica a arte contemporânea. Podemos desconsiderar a hipótese de que grande parte daquela história possa ser apenas produto de ficção, mais uma peça pregada pelo Banksy cineasta, o que torna tudo mais interessante.

A proposta subversiva que ele aborda parece o mais importante nessa sacada cinematográfica. Banksy quer que percebamos o quanto ignoramos as coisas ao nosso redor, o quanto é pobre a idéia do valor da obra de arte no contexto comercial, qual é a real proposta da arte de rua e onde se estabelece a fronteira entre a arte e o artista e os problemas estéticos a cerca do que realmente são artes hoje, seus objetivos políticos e sociais.
O “personagem”, Thierry Guetta, claramente perturbado, deixa bem explicito seu conceito de arte como objeto político de controle, como mesmo diz, uma “lavagem cerebral” e se mostra como o mais vivo produto (vítima) desse fenômeno que ele aponta.

O filme é incrivelmente sedutor, fotografia segura e objetiva, e nos prende pela loucura que é viver o mundo das artes e seus processos de criação. Ótimo para pensar o quão poderosa a arte pode ser, e quanto poder ela dá ao homem.


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Trailer: 


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