quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A PROFISSÃO MAIS INGRATA E SEM UTILIDADE DO MUNDO....ROTEIRISTA.


Estou na metade do roteiro do meu texto que ilustrarei para a narrativa gráfica LOVENOMICON e, hoje, me pego refletindo como a profissão do escritor, seja ele de novela, cinema e roteirista de Quadrinhos ou comics é ingrata e inglória. Ela só deve significar alguma coisa para quem, à muito custo, nesta última mídia citada anteriormente, pavimentou a sua carreira com um trabalho árduo e consistente. Nomes como Mark Waid, Alan Moore, Chris Claremont, Neil Gaiman, Brian Azzarello e muitos outros, conseguiram fixar o seu nome no imaginário e coração dos leitores (ou melhor, visualizadores de signos que não necessariamente sejam textos, mas belas imagens de mulheres e homens apolíneos em situações que exigem do ilustrador mostrar seu now hall, repertorio mesmo como ilustrador), chamam, sem duvida nenhuma, a atenção de um leitor do que o próprio texto. Senti a diferença inacreditável de tratamento a muitos amigos criadores de texto, quando perante leitores e midia televisivas ou impressas, seja on line ou em papel mesmo. 

Meus amigos de traço podem até discordar, mas pessoal, isso é verdade, pois experimenta deixar de desenhar uma hq para dizer apenas que o texto é seu. Você começará com certeza a ficar em segundo plano na maior moral; alguns que sabem desenhar, para ter um pouco mais de atenção chegam a dizer " olha eu fiz o roteiro, mas também sei desenhar" isso é ridículo, é uma pobreza de espirito dos leitores e pessoal envolvido nessa produção que me deixam deprimido e triste.É como se o roteirista de uma comic fosse o eterno segundo membro, o co adjuvante da historia, pois ela poderia ser contada simplesmente sem seu auxilio. O pior é que tem muito desenhista que se acha um grande roteirista e nem percebe que para fazer um texto competente e profundo (isso se ele se preocupa e tem tempo para ler alguma coisa, pois se não faz um estudo antecipado do assunto e procura também desenvolver a verve de roteirista, pois a maioria, mesmo que não admita, acha que basta desenhar  qualquer porcaria mesmo, que o povo é besta e analfabeto mesmo consome...e tristemente, isso é verdade) o negocio é ver figurinhas e pronto acabou. 

Uma pena, pois narrativa gráfica não é só visual, e as pessoas esquecem que desenhar ou ilustrar foi algo
que veio juntamente com as BELAS LETRAS. Será que as pessoas não encaram fazer uma ilustração como uma forma de escrever, fazer uma grafia. Ora, ambas as profissões de roteirista e ilustrador possuem a mesma raiz que é o simbolo gráfico, a LETRA bem desenhada e estilisticamente bem construída semanticamente possui uma graça e valoriza qualquer desenho. Pode apostar que isso é uma verdade. Experimenta ler um poema do Antônio Bandeira, Ler um Livro do Machado de Assis, Proust, Sartre e etc.  Nesse sentido, observando a valorização de um bom texto, recentemente adquiri Asilo Arkhan da Panini ( ilstração do David Mackean e roteiro de Grant Morrison) e a primeira coisa que me veio foi como era difícil graficamente ler o que estava ali, e olha que as ilustrações era do David Mackean. Foi uma experiência horrível, pois me senti traído pela escolha pouco acertada do diagramador que deveria ser um leitor das figurinhas, por que deixou o texto daquela edição toda recortada por muitas escolhas errôneas que o letrista teve na ocasião e que prejudicou o entendimento do texto. Por outro lado, o tratamento da Abril, na época  em que foi lançada de longe é a melhor diagramação que poderíamos encontrar para aquele clássico.

O que procuro mostrar aqui é que isso não é um problema único e exclusivamente do Brasil, mas do mundo todo. Estamos passando por um declínio cultural sem precedentes a nível mundial, e as HQs estão no olho desse furacão, será que vamos fazer como todo mundo e seguirmos a onda como os demais ou vamos buscar outros caminhos que não esses que vem se mostrando no Horizonte. Pois aqui as pessoas realmente não leem nada, nem bula de remédio. E se leem o fazem erradamente, por que não refletem e tem a profunda e simples preguiça de pensar....isso é cultural nosso, pois a justificativa para isso é que a pessoa esta cheia de problemas do dia a dia e só reflete no final de semana, pessoas que se acham inteligentes me isso e nem se tocam do absurdo que é essa afirmativa. O pior que querem apenas se divertir descompromissadamente com a leitura ou assistindo a um filme. Ora, mas a todo o tempo nós fazemos escolhas e refletimos, não tem como não o fazê-lo, até mesmo a escolha por assistir um filme ou ler um quadrinho sem se preocupar com o conteúdo já é uma escolha. Desse modo, é uma verdadeira mentira implantada em nossa cultura dizer que temos um tempo em que não devemos pensar ou refletir sobre esse ou aquele assunto. Isso foi plantado desde sempre na sociedade...vamos reflitam sobre isso. Qual filme ou revista pseudo descompromissada e feita só para passar o tempo; se fizermos uma reflexão apurada o que não esta a todo o momento passando informações que parecem bobas, mas que não o são. O problema é que pensar doi, ler e refletir sobre o que se lê doi, assistir filmes cabeça doi. Doi, não é por que são complicados, mas por que é um tapa na cara de nossa ignorância e nos humilha por que achamos que sabemos de tudo e mostra que somos mesmo um lixo, um poço de ignorância que tem "PREGUIÇA" atroz para pensar. O que esta escondido na justificativa do divertir-se pelo divertir-se é a preguiças mesmo e não o ócio criativo que nos fazemos e nos divertimos ao mesmo tempo que aprendemos algo sem nos estressar ou emburrecer no percurso. 

 Contudo o casamento perfeito de ilustração e roteiro pode nos proporcionar experiências magnificas que nunca vamos esquecer.  Se considerarmos a enormidade de hqs fora essas excessões o que observamos é que a função do roteirista de quadrinho, aliás como todo aquele que trabalha com o lado das letras, é a função do funcionário invisível que traça e imprime magicamente uma historia, pois não é esforço algum fazer uma, ela aparece magicamente na cabeça dele e basta só imprimir no papel sua historia. Enquanto o ilustrador, é o grande moldador que faz do nada o tudo e é a grande estrela do pedaço. Infelizmente, enquanto isso não mudar, temo pela extinção desses camaradas daqui a uns anos, e então, vamos voltar a pintar as fachadas da caverna e voltar a habitá-las, se já não o fazemos isso. Imagina sair com um sol horrível desse, com o efeito estufa, raios UVA e UVC só dá para sair a noite e olha lá. Minha reflexão para por enquanto por aqui, mas quem sabe faça outras......se ainda estiver vivo até lá.



Graças a todos pela Leitura

R.M.J

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