quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

O HORROR NOS QUADRINHOS PRECISA SE REINVENTAR


            Estava no Mahalila, esperando meus camaradas, Leandro, Cristiane e Mário para prestigiarmos uma exposição que aconteceria lá de algum conhecido que não me lembro agora. Estava com o costumeiro bom humor de quem esta prestes a completar seus 47 anos. Pensava comigo mesmo: "bem um ano mais próximo da morte e longe da sabedoria...", enquanto me distraia com esse pensamento, as pessoas ao redor mantinham suas relações estreitas, conversas animadas sobre a vida, relações amorosas, religião, política e demais assuntos. Nada daquilo me fazia esquecer meu egoísmo intimo. Mas em um lugar tão animado e próximo da universidade haveria de surgir um assunto mais interessante do que meu próprio ego? Haveria de existir algo capaz de me tirar de meu próprio auto interesse... e aconteceu! O assunto era sobre o medo. O relato partia de dois jovens de cursos diversos. Acredito que a moça estudava matemática e o rapaz letras, mas isso não me importava, o assunto era o que me interessava! O medo, foi ele que me fez refletir sobre o seu percurso e estudá-lo de um tempo para casa. Comecei os estudos sobre isso correlato ao estudo sobre folclores e horror brasileiro e as reflexões que tive é o motivo desse artigo!
          Observando o cenário antigo e atual em que o fenômeno do tema Terror/Horror, assunto marginal em décadas anteriores, vem tornando na última década o centro de muitas discussão tanto do audio visual  como na literatura. Tema periférico sempre abordado nas sombras, renegado as cercanias da cultura, veio para a superfície na última década, especialmente no Brasil.
 deveríamos refletir por que isso acontece agora e não antes, já que em séculos anteriores e mais recentemente em décadas passadas como as de 70, 80, 90, 2000, houve incursões relativamente promissoras e inventivas que tinham o Terror/Horror como tema. Por isso perguntar: qual o motivo,  de  no fim da segunda década do século 21 o Terror/ Horror emergir com tanta força agora, algo análogo ao dos séculos XVII e entrando no começo do século XX (vale salientar, guardadas suas devidas proporções), e perdendo sua força ao longo até a virada do século XXI. Este é o mote dessa reflexão. Talvez a segunda questão a ser discutida aqui é a respeito do terror/horror atrair tanto a atenção de leitores e espectadores das películas primeiramente na literatura e depois cinematográficas já que tem-se tantos assuntos que chamam atenção nesse universo de temas espalhados por aí. 
            Tais questões discutiremos no decorrer de alguns artigos em que falaremos de três eixos centrais importantes para o tema terror/horror que são Literatura, História em Quadrinhos e Cinema . Essa ordem cronológica visa apenas ressaltar o desenvolvimento do tema desde seu aparecimento até desenvolvimento em outras mídias e formas de arte. Dentro de cada uma delas, que abrange muitos assuntos desde revistas, cartazes, relatos históricos, Folclore local, passando por diversos temas  temas variados envolvendo o terror/horror nas Histórias em Quadrinhos culminando em vertentes que passeiam pelo imaginário e experimentalismo lisérgico. A literatura até certo ponto, foi por um longo tempo, o reduto e principal repositório do tema do medo e horror para o público, apesar de tema bastante discutido, sua relevância sempre esteve no imaginário dos leitores e telespectadores, mas nunca como motivo de analise sincera e profunda de pesquisa tanto fora como dentro do país. Talvez atualmente essa falta venha sendo sanada, principalmente na literatura desde a segunda metade do século 20 e inicio do 21.
               No Brasil a pesquisa sobre o assunto, até onde eu saiba carece de fontes confiáveis que faça uma geografia dos autores -, e se existem são tímidas e mau divulgadas. Tais temas e estilos que tenham sua centralidade no assunto terror/horror não atrai a atenção de imediato, sempre acontece perifericamente, por noticias da violência quotidiana ou por doenças que se alastram e despertam o medo do fim humano. Essa ambiguidade em relação ao medo em que uma ora a evitamos e na outra a abraçamos,  talvez aconteça devido a humanidade ter chegado tão longe guiados por ela, seja desviando de bairros perigosos, evitando guerras, o clima e intempéries que tragam algum mau a pessoa ou o simples fato do sobrenatural ocorrer em sua vida.
             Decorrente disso, para o noviço no assunto se faz necessário explorarmos o significado das palavras Terror e Horror em questão e reiterar que o objetivo nesse artigo é estudar em que sentido o medo contribui para a produção na literatura de histórias de horror/terror, também para as HQS e Cinema. Comecemos por definir o que cada uma significa e o que as difere. Primeiramente começaremos por:

Horror segundo o Dicionário Aurélio significa:


Sm. 
1.  sensação arrepiante de medo, pavor. 2. Receio, temor, 3. Repulsa, aversão. 4. Aquilo que inspira horror.

Já o significado de Terror segundo o mesmo Dicionário é:
Sm. 1. Estado de grande pavor. 2. grande medo ou susto.

            Observando as duas palavras não nos parece existir grandes diferenças entre uma e outra já que ambas parecem palavras homônimas que se escrevem com sentidos semelhantes, mas na realidade possui sutis diferenças, mas onde estaria a diferença? Talvez se consultássemos outras fontes para nos aprofundarmos no entendimento do assunto poderíamos chegar a uma definição melhor. Recorramos a duas explicações que estão muito interligada, o mito e a psicologia.

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