terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

ROTEIRO EM FOCO: A DESCONHECIDA PRODUÇÃO DE UMA PROFISSÃO

Muitas comics consagradas já foram escritas e grandes nomes dos roteiros elevaram essa arte aos píncaros da arte. Grandes artistas das letras como Alan Moore, Nail Gaiman, Warren Ellis, Garth Ennis, Grant Morrison e muitos outros transformaram os quadrinhos em uma expressão artística que influência outras mídias e mostra que o caminho de se contar uma boa historia passa necessariamente pela criatividade da imaginação humana com uma mistura de sua verve literária e experiência subjetiva.  Desse modo, muito desses roteiristas foram responsáveis por criar um tipo de quadrinhos chamado de "adulto" que pressuponha ter surgido a partir da década de 80 com o Monstro do Pantano do Inglês Alan Moore. Isso levou os roteiristas, a inovadora na forma de se contar e abordar historias no mundo das comics sejam elas de super horeis ou de outra forma qualquer, de modo adulto e depois se concentrando em outros tipos de historias que fugissem a essa temática. Mas essa transição não se deu de maneira aparente e clara, pois no inicio, os roteiros nas comics primavam por um tom inocente e despretensioso no começo de sua gênese, os roteiristas procuravam mesmo era apenas "descrever" uma historia, que se possuía um tom moral, era muito superficial. Os personagens eram fantásticos com poderes descomunais e conseguiam fazer feitos sem precedentes. Mesmo àqueles que não os tinham, necessitavam de um ambiente fantástico e ficcional capaz de atrair publico para suas historias, e é precisamente nesse sentido que gostaria de me deter.


Imaginem só como é difícil para um roteirista de quadrinhos partir do princípio de que o seu personagem é comum, finito e destituído de qualquer poder ou forma de interferir na historia nos moldes "assombrosos" que podemos encontrar nos heróis como Superman, Thor, Capitão America, Flash, Homem Aranha, Mulher Maravilha e etc. Imagine se ele não tem ferramentas tecnológicas ou dinheiro para comprar e mesmo, fabricar algum mecanismo que o faça se sobressair aos meros mortais. Ele só tem para atrair o leitor o seu universo e suas atitudes "Humanas". De fato, isso parecia exigir desses "mágicos" dos roteiros uma imaginação plástica que os fizessem se desdobrar nas mais mirabolantes elaborações de historia que fossem capazes de atrair o publico para esse universo, já que não tinha o aspecto "super" nas suas historias. Desse modo, suas historias tinham de ser realmente envolventes e atrair pela trama, que em sua maioria buscavam acrescentar o fantástico e explorar o inusitado, o diferente, explorando outros mundos e outras formas de narrativa dentro das hqs. Esses "heróis" são justamente por sua mortalidade que se diferenciam de seus privilegiados super heróis, até mesmo a queles que são considerados normais, se diferenciam dos pobres mortais seja pela inteligência, seja pela forma atlética que beira a perfeição, é a personificação do herói grego belo e bom elevado a decima potência.

 Realmente, para que o roteirista consiga se diferenciar e atrair a atenção do publico para esses personagens tão humanos seria necessário criar todo o tipo de mecanismos imaginativos e utilizar todo o poder e informação colhidas no mundo real para poder criar suas historias que essas informações viessem da ciência, da literatura, ou de outra forma qualquer. Observe que temos muitos exemplos que apoiavam essa ideia, como por exemplo, Flash Gordon, Tarzan, Dick Trace, As Inimigo, Sargento Rock, John Constantine, Magico Vento, Dilan Dog, e muitos outros que pautaram suas aventuras tendo como ponto de partida o mundo real e seu repertorio de informações. Existem ainda, aqueles personagem que mesmo possuindo poderes e aparatos mágicos, por possuirem muito de suas historias algo de fantástico e por não se enquadrarem necessariamente como "super herois" exigiram por parte de seus criadores uma incrivel capacidade de formulação e sintese de seus pressupostos que os transformaram em personagens tão marcantes quanto os existentes no universo super heroico, um bom caso desses é Sandman de Neil Gaiman.

No entanto, isso é apenas uma amostra do poder de criação dos roteiristas que  vinham paulatinamente começando a descobrir que os limites das historias em quadrinhos eram bem mais elásticos do que supunham já que contar historias a partir de seres humanos normais que se envolvem com fenômenos ou situações que vão além de suas possibilidades e que lhes testam tanto o corpo como a mente se fazia necessário o uso de outros estratagemas que não aqueles encontrados nos quadrinhos comuns. Desse modo, o roteirista de HQ começou a vislumbrar a possibilidade, nas margens da industria das comics, de se puder resgatar aquelas historias surgidas nas decadas de 20, 30 e 40 em que humanos e seus conflitos poderiam se destacar e atrair novamente a atenção dos homens, mas para isso seria necessário abordar os temas de outra forma sem recorrer àquilo que já era utilizado por tanto tempo nas comics, a saber, as hqs desses personagens deveriam, ou melhor, exigiam a maturidade, a busca por sua liberdade criativa e a liberação em alguma medida dos comics code.


Nesse sentido, o objetivo com essa explanação é chamar a atenção e mostrar como é difícil e trabalhoso se produzir um roteiro que tenha a pretenção de dizer mais do que apenas descrever e relatar uma historia. Um roteirista de verdade procura sempre expor problemas e conflitos existente nos personagens que muitas vezes refletem pensamentos e emoções que espelham os sentimentos do leitor. O roteiro de quadrinho também é capaz de ensinar de passar considerações importantes e refletir sobre a vida e condição humanas. O autor assim como o leitor de quadrinhos não estão isolados na leitura assim como a ilustração é capaz de transmitir algo de mágico a essa relação textual que aparentemente, em um rápido vislumbre não notamos. Por essas características e outras é que desejamos discutir em quatro artigos abordados aqui como se  se iniciou essa fase considerada "Adulta" das hqs nos roteiros e como isso foi se construindo a partir da utilização desses personagens tão humanos e sem o glamour que existe no mundo dos heróis coloridos. Mais adiante falaremos de alguns roteiristas, não muito conhecidos, mas que são tão interessantes quanto os que conhecemos, buscaremos, então, suas historias e criações procurando sempre mostrar os aspectos fortes e surpreendentes de seus roteiros.



Muito agradecido


R.M.J

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