Minha mãe se salta com um comentário capcioso enquanto vemos os jornais e suas estatísticas sobre a violência numa quarta feita de cinzas.
Ela diz:
- Eita, domingo tu faz 27 anos, quase 30...
- É... eu respondo. E ela continua.
- Na tua idade eu já tinha tu e teu irmão...
- Essa informação não me ajuda muito, mãe. Pensei alto.
Ela continuou a falar sobre o que os adultos aos 27 anos "quase 30" fazem, tem ou não, devem ou não devem mais ser (família, filhos, carro, casa própria e de veraneio, poupança, plano de saúde, dentes naturais, visitas frequentes ao cardiologista...).
Enquanto isso, contabilizo gatos, livros, filmes, romances infecundos, XP acumulado e a cobiçada liberdade que conquistamos; também apelidada carinhosamente por mim de abandono.
Só conseguia pensar em quantos ídolos meus morreram com a mesma idade. E tendo certeza que minha sábia mãe nem ao menos conseguiria pronunciar todos aqueles nomes. Robert Johnson, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Jim Morrison, Kurt Cobain, Amy winehouse.
Só conseguia pensar em quantos ídolos meus morreram com a mesma idade. E tendo certeza que minha sábia mãe nem ao menos conseguiria pronunciar todos aqueles nomes. Robert Johnson, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Jim Morrison, Kurt Cobain, Amy winehouse.
Sinto saudades do meu pai... queria que ele pudesse me ver adulta. Queria poder ver um velho roqueiro envelhecer e saber sua opinião sobre como a vida deveria ser (mesmo também não dando muito ouvidos). Mas como diz o ditado os bons morrem jovens!! Esses 27 anos "quase 30" dedico ao meu pai.
Da sua filha rock n' roll.
Ps.: Por mais clichê que pareça lembro de Clarice em Um Sopro de Vida. E peço permissão para citá-la, dizendo: "Quando criança eu rodava, rodava e rodava em torno de mim mesma até ficar tonta e cair. Cair não era bom mas a tonteira era deliciosa. Ficar tonta era o meu vício. Adulta eu rodo mas quando fico tonta aproveito de seus poucos instantes para voar."
Ps.: Por mais clichê que pareça lembro de Clarice em Um Sopro de Vida. E peço permissão para citá-la, dizendo: "Quando criança eu rodava, rodava e rodava em torno de mim mesma até ficar tonta e cair. Cair não era bom mas a tonteira era deliciosa. Ficar tonta era o meu vício. Adulta eu rodo mas quando fico tonta aproveito de seus poucos instantes para voar."