Por
Vitor Hugo
Capítulo 1 - Espirais do amor
Essa é
uma história contada por alguém que não sabe contar histórias. Escrita por
alguém que não domina a língua que fala e que não tem talento nenhum pra criar
qualquer coisa que seja. Por isso, posso lhe garantir que tudo que será exposto
é real. Desde o homem que usava uma caneta como martelo até o sapato que não
queria tocar o chão.
Essa é a história de um homem. Um
homem cuja vida era algo sem azeite. Seu nome era Pedro Paulo, conhecido como
Zé Pelintra, o pobre dono da fábrica de espirais Cadernos Enxutos.
Não existem outras fábricas de
espirais em todo o planeta. Geralmente os espirais dos cadernos são feitos nas
próprias fábricas de cadernos. Pedro Paulo achou que seria um grande negócio
ter uma empresa especializada apenas nos espirais. Então você já deve ter
deduzido o porquê da pobreza de Pedro Paulo.
Na Cadernos Enxutos trabalhavam três
pessoas: Pedro Paulo (o dono), João Júnior (o amigo do dono) e Fulano (nome
fictício dado a esse personagem pouco importante na história). Eles derretiam o
plástico numa frigideira aquecida a exatos 134 graus Celsius e depois o
moldavam no formato de espiral numa máquina chamada Saco de Batatas, criada por
Fulano nos anos de sua mocidade.
Conhecidos
na região onde viviam como "os três patetas", tinham o sonho de
conseguir construir a primeira empresa de espirais fora do planeta terra. Mas
como a história se passa no ano de 1985 é sabido que isso nunca iria acontecer.
Tudo acontece em algum lugar no Sul do
Equador. Desculpem-me só citar
isso agora, mas é que o lugar é de pouca importância. Na verdade eu resisti
bastante antes de resolver dar a localização de onde a história acontece, já
que alguns dos personagens ainda vivem por lá. Para não ficar vago, será dado
um nome fictício também a cidade e ao bairro. Mas não será dado agora, porque
antes é preciso descrever a aparência física de nosso protagonista.
Zé
Pelintra (ou só Zé se você o conhecesse a mais de 46 segundos) tinha cabelos
enormes que saiam de suas orelhas e era careca. Calçava 42, tinha olhos verde
musgo e uma boca com lábios praticamente sem carne. Usava um belo par de óculos
escuros sem as lentes e tinha uma tatuagem na altura das costelas. Era uma
tatuagem especial que fez no aniversário de 8 anos de sua filha do meio. Um
desenho em preto e branco de um pato cuidando de dois ovos de galinha.
Zé (ou só
Ele se você for o narrador da história) não se divertia muito. Dizia para as
pessoas que só tinha duas coisas que gostava de fazer: A primeira era comer
carne de porco, com bastante
gordura, enquanto assiste a vídeo aulas de tai chi chuan. E a outra, era
imaginar que um dia atenderia uma grande demanda de pedidos, em sua fábrica
localizada em alguma parte de marte. Mal sabia Ele que no dia 25 de outubro de
1985, exatamente às 14 horas e 32 minutos, receberia uma noticia que lhe
daria uma terceira forma de diversão.
[Continua... ]