Muitos são os pés atrás com remakes hollywoodianos, mas é óbvio que damos créditos extras para diretores que carregam em suas filmografias, obras como "Clube da luta". Esse é o caso da adaptação feita por David Fincher do romance policial, "Os homens que não amavam as mulheres" que faz parte da trilogia Millennium do escritor sueco Stieg Larsson.
Fincher
mais uma vez nos proporciona o prazer de ver um bom Triler. Logo o sentimento
de nostalgia toma conta ao nos remontar à "Seven - os sete crimes capitais", sua “obra prima” nesse gênero,
que se fez presente em seus aspectos mais conceituais do estilo fincheriano.
Millennium: Os homens quenão amavam as mulheres é um resgate primoroso do trabalho realizado por Fincher
nos primeiros anos de sua carreira em hollyoowd. O primeiro
remake da trilogia começa arrebatando seu coração desde os créditos
iniciais quando em um envolvente e perturbador videoclipe embalado pela canção Immigrant Song , de
Led Zeppelin na versão de Trent Reznor, (responsável pela
trilha sonora essencialmente onipresente no filme) suga você para o clima tenso e sinistro da trama.
O
enredo conta com dois “protagonistas” fortes que estabelecem a alma do filme, digo alma no
sentido latino da palavra (o que anima) já que é a misantropia (descrença na “alma” humana) o
sentimento que parece prevalecer nas sequencias psicológicas de Millennium. As
relações humanas e a violência contra a mulher são os temas foco do filme que
tem como plano de fundo a instigante investigação em torno de uma rica e
poderosa família sueca.
O brilho das atuações vem exatamente da figura gótica
de roupas negras: a astuta e misteriosa Lisbeth (Rooney Mara), representa mais uma vítima da sociedade machista que hoje ainda impera mesmo que“por de baixo do pano”. Com todo seu
estilo cyberpunk, vem dividir as cenas com Mikael (Daniel Craig)
um jornalista desacreditado que tem na investigação o prazer e a honra da profissão. Juntos vão revelar o que um homem é capaz pelo prazer da dominação e da crueldade e principalmente como a lama mais podre pode se esconder sob a neve mais branca.
Tudo se passa
no inverno da gelada Suécia, com sua arquitetura fria e sóbria e suas paisagens
brancas que emprestam naturalidade e originalidade à adaptação e onde o frio casa
perfeitamente com a frieza das relações entre as personagens. Em algumas cenas, provocando calafrios aos mais sensíveis.
Os filmes de
Fincher a pesar de serem superproduções hollywoodianas, tem um caráter underground
peculiar e interessante, que se apresenta em cenas fortemente chocantes e locações
contrastantes. Sem falar em todos os aspectos técnicos que são inegavelmente perfeitos, especialmente, fotografia e edição dão o tom carregado e dinâmico que esse suspense insita.
No mais, a pesar do título falar da negação do amor isso não quer dizer que o filme não seja romântico em certa medida. Prepare-se para se envolver, porque esse é apenas o primeiro de três, que espero sejam tão bons quanto esse.
Trailer:
Serviço: Em cartaz no Moviecom