sábado, 28 de janeiro de 2012

BBB: Um "Reality show" fora do "Streaming"


Aviso aos desavisados que esse post é mais um desabafo que uma crítica cinematográfica, talvez no fim as teias da experiência cinéfila explique tudo que acontece aos mais sensíveis a ela. Pois a tempos não via um filme que me emocionasse tanto... o ultimo que lembro agora, que provocou-me com esses aspectos narrativos tão envolventes foi Hunkkle (devo uma crítica dele). Mais uma vez esses filmes estão para nos mostrar que fora do streaming o cinema acontece com pureza de grandes ideias. 

A sutileza com que temas/tabus da sociedade vem à tela nos choca, adormece ao mesmo tempo, envolve. É assim Bad Boy Bubby (1993), que começa com a frieza típica dos filmes ditos “cult”, nos envolve com o calor da trama tensa que desenrola enquanto seu protagonista, que dá nome ao filme descobre o mundo. Com uma fotografia complexa, com seus mais de trinta diretores, o filme nos ambienta diferentemente em cada locação, agride por suas cenas nada gratuitas e sua realidade nua e crua.

Não costumo ver filmes pela “mensagem”, mas o roteiro desse filme destrói toda e qualquer barreira preconceituosa que exista entre você e a tela. Destruiu as minhas... Vemos no desenrolar do enredo perfeito, também escrito pelo diretor Rolf de Heer, o quanto a sociedade molda o indivíduo, e o quanto você apanhará até que se adeque as normas de comportamento. O filme é pura crítica. Não recomendo aos tementes a Deus, nesse filme "não há Deus nenhum". O diálogo sobre a existência de Deus é uma das partes mais intensas do filme. 
A metáfora inicial do filme nos remonta à caverna de Platão: a liberdade não é tão prazerosa quanto ilustram os contos de fadas e muito menos os filmes de sessão da tarde. Bubby nos faz refletir o que sentimos na pele no dia a dia e o quão difícil é respirar o "veneno" que o mundo exala. Hipocrisia, egoísmo, arrogância, corrupção, preconceito, poluição todo o chorume que escorre das veias do homem e que inunda a terra de uma lama podre, na qual estamos atolados até o pescoço. 

Por outro lado com toda ingenuidade, o personagem também nos dá uma pontinha de esperança, ao recortar em seus inúmeros encontros, outra face do ser humano, não tão menos podre, mais aceitável, eu diria: o interesse mútuo. O que mais uma vez nos faz refletir, a vida é uma via de mão dupla onde as relações se estabelecem e nas quais você só pode dar o que recebe. Somos de algum modo espelhos do que vemos e vivemos? Bubby ilustra muito bem isso, copiando frases e gestos presenciados por ele. 

É o sofrimento que o mundo e a sociedade provoca em Bubby, a boba e inocente criança de trinta e poucos anos que o faz tornar-se Pop, a figura grosseira e egoísta do seu pai, ao intender que a vida de liberdade não é brincadeira de criança, resta como alternativa o isolamento.

Bad boy Bubby é um misto de Inocência e perversão, de drama e comédia, de decepção e esperança, humanidade e desumanidade, de avessos. Uma experiência cinematográfica importante, por seu roteiro forte e a perfeita atuação de Nicholas Hope. Engraçado como as caretas de Bubby me lembram Jack Nicholson em "O iluminado". Todo meu desabafo foi pouco perto do que essa narrativa me trouxe, é bom as vezes um choque pra te tirar da inércia. Eu recomendo! :)


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