domingo, 10 de maio de 2015

ENTREVISTAS COM ROTEIRISTAS DE HQS POTIGUARES



EMENTA: O objetivo dessas entrevistas é ressaltar o modo próprio de ser da profissão e trabalho do roteirista/argumentista nas obras de Historias em quadrinhos do RN, procurando mostrar como e o por quê o roteirista faz suas escolhas em detrimento do desenvolvimento de uma historia ao invés de outras. Buscando com isso, responder para o grande público leitor de hqs o que os motiva ou faz optar por contar historias do que ser um mero reprodutor delas. Além de compreender suas reflexões, anseios e opiniões sobre os quadrinhos potiguares e suas especificidades.



Mini biografia.


Dickson de Oliveira Tavares Nascido em Natal/RN, Desenhista por vocação, Designer por profissão e Jornalista por formação. Desde os cinco anos de idade dividia o fascínio pelos desenhos animados como He-man, Thundercats, Super Amigos com as histórias em quadrinhos do Batman, Superman e Liga da Justiça. Registrava com desenhos tudo a sua volta, mais tarde aos 13 anos focou no aprendizado dos desenhos de super-heróis. Fez cursos de Histórias em Quadrinhos com os Mestres Evaldo Oliveira e Watson Portela. Lançou sua primeira revista em parceria com o amigo e ilustrador Napoleão Nunes, apresentando ilustrações e histórias curtas em 2011 - a revista Núcleo Base Quadrinhos pelo projeto Primeira Edição, pela Fundação José Augusto. Atualmente é mestrando em Estudos da Mídia (2015), especialista em Propaganda e Marketing na Gestão de Marcas pela UFRN (2014), bacharel em Jornalismo no Curso de Comunicação Social pela UFRN (2012) e licenciado em Educação Artística com Habilitação em Desenho pela UFRN (2003) . Co-autor do jornal laboratório O Periódico do Curso de Jornalismo. Atuou como ilustrador, cartunista, webdesigner, arte-finalista no mercado publicitário natalense entre os anos de 1999 a 2008. Exerceu o cargo de Arte-educador na condição de servidor público, integrando a equipe multidisciplinar de educadores sociais da Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social - SEMTAS, na cidade do Natal/RN, de 2007 a 2010. Na condição de servidor público cedido, atuou como designer na Seção de Editoração e Publicações do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte, de 2009 a 2010. Seu vínculo atual, desde 2010, é de servidor público, do quadro efetivo, no cargo de Programador Visual na Secretaria de Educação a Distância SEDIS, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.





ENTREVISTA:
1 – Bem agradeço a disponibilidade de tempo, do ilustre roteirista para essa entrevista  e já começo perguntando o que o levou a fazer roteiros sobre quadrinhos?

Posso dizer que foi o desejo natural de contar minhas próprias histórias, de maneira  livre,  para  que  eu  mesmo  pudesse  desenhá‐las.  Creio  que  o  jeito  de  fazer  dos  quadrinhistas autoriais tenha me influenciado.

2  –  Ok,  então  sabendo  de  suas  motivações,  gostaria  de  aprofundar  mais  o  conhecimento sobre as hqs que te influenciaram, despertando você para esse universo  dos quadrinhos?

Minha formação basicamente vem da televisão. Assistia e assisto muito TV, e sempre gostei de analisar a forma como as histórias se desenvolvem, nos diferentes modos narrativos, como telenovelas, seriados, filmes e animações. O contato com a narrativa gráfica das HQ´s se deu em minha adolescência no contato com as revistas dos personagens da DC e da Marcel Comics. O universo do Batman e suas conexões com super heróis do Universo DC me influenciaram como leitor. Posso destacar a hq Reino do Amanhã como a mais marcante para mim; sem menosprezar os clássicos como o Retorno do Cavaleiro das Trevas e Watchmen.

3 – Então, observando suas motivações e influências quais os gêneros ou tipos de histórias você desejaria escrever para os futuros leitores de seus quadrinhos.

Contrariando a lógica de minha preferência pelo universo do Batman/Liga da Justiça como leitor; as histórias que gosto de escrever encontram-se dentro do gênero Aventura Fantástica. Gosto da atmosfera que mistura tecnologia com o medieval. Conan, Flash Gordon, He-man e os Mestres do Universo, Star Wars, Thundercats, Senhor dos Anéis e atualmente a série de televisão Game of Thrones são o que gosto de identificar minha linha criativa.

4 – Muito, bem você poderia falar um pouco sobre a forma de escrever roteiros e suas preferências, além de se possível for, me responder qual a sua posição quanto a abordagem de temas delicaso que por acaso você venha ou tenha escrito e que nem sempre são temas muito fáceis de serem abordados e aceitos pelo grande público leitor?

Não acredito em tema delicado a ser trabalhado, mas em falta de habilidade para trabalhar com um tema e contar uma boa história. Contar histórias é algo nato do ser humano. Desde os primórdios o saber e o conhecimento forma transmitidos de indivíduo para seu (s) semelhante (s) por meio de narrativas orais, ilustradas e escritas.
O cinema, o jornal, o Rádio, a TV e as HQ´s são meios; com linguagens específicas. O conhecimento da linguagem e seus sinais e códigos permitem uma maior fluidez na adaptação e contação de uma história.
O mercado editorial atual é segmentado, voc~e tem a liberdade de alcançar um público específico, sem o compromisso de agradar a todos. Há muitas coisas sendo produzidas, liberdade de produção e escolha. Se existe uma dificuldade hoje, é a de se destacar diante de tanta oferta.

5 – Você possui alguma pretensão de desenvolver uma estética própria em sua escrita que tenha como objetivo experimentar através de seus roteiros?

            Não pensei sobre isso. Acredito que um pouco do jornalismo acaba influenciando na escrita do roteiro.

6 – Essa pergunta é cabciosa, para não dizer sacana, mas necessito fazê-la, você se considera um roteirista de que tipo? Comercial que escreve para vender e divulgar o seu trabalho apenas, Independent que objetica escrever para um determinado público, desejando uma liberdade maior de criação ou ser Alternativo (Underground) que procura a experimentação e a liberdade de expressão, apenas, sendo que o público consumidor seria apenas uma consequência e não o objetivo principal?

            Por mais que ame a liberdade, tenho a convicção de que as histórias em quadrinhos são comerciais. E devem ser encaradas com profissionalismo. O exemplo de sucesso e modelo a ser seguido são os quadrinhos norte-americanos, sem dúvida. Os quadrinistas brasileiros deveriam pensar as narrativas gráficas além da arte e mais como um canal potencial de massificação de nossa cultura.  Sem ser nacionalista, mas encarando que nós sabemos muito pouco sobre raízes, e me incluo no bolo, e deveríamos usar as HQ´s como canal de divulgação e identidade de nosso país. Já pensou em contar a história do Brasil Colônia com um quê de Game of Thrones?
            Somos muito talentosos e criativos e podemos contar nossa história com o melhor da narrativa e linguagem gráfica que abosorvemos e tanto admiramos em nossos ídolos gringos. Precisamos falar nossas verdades. Não importa se será Comercial, Independente ou Alternativo.

7 – Muito bem, considerando que como quadrinista inserido em uma região do país, a nordestina em que temos a carência de tudo há décadas, qual a perspectiva atual do mercado de Hqs nessa região e especificamente, o quadrinho potiguar?

            Primeiramente, não existe Mercado Potiguar de Quadrinhos. Existe público potiguar leitor de quadrinhos; histórias em quadrinhos contemplam também as produzidas por autores locais. A carência em nossa região é em educação, o canal de contato com a cultura em geral. Se a criança não recebe em sua formação o estímulo à leitura, certamente apresentará deficiência no interesse por obter informação/conhecimento/entretenimento através da leitura.
            As histórias em quadrinhos potiguares como qualquer outra HQ produzida mundialmente, estão num mercado que requer amadurecimento em se reconhecer como um produto cultural.  A produção das revistas em quadrinhos deve ser planejada e executada como um negócio. Temáticas livres, sem obrigatoriedade de ser patriota ou nacionalista, mas com qualidade técnica e artística que se destaquem das demais publicações do gênero. Só assim, com uma maior qualidade, maior produção e maior alcance de leitores/consumidores, é que teremos volume suficiente para afirmar a existência de um Mercado Potiguar de Quadrinhos.

8 – Nessa perspectiva, gostaria de saber quais as hqs POTIGUARES que lhe despertaram alguma curiosidade e lhe surpreenderam em algum sentido nesse ou em outros anos?

Na verdade, conheço muito mais os autores que suas HQs. É uma característica do quadrinho autoral nacional. Posso citar quadrinistas que admiro, como: Márcio Coelho, Emanoel Amaral, Luiz Elso, Wanderline Freitas, Wendell Cavalcanti, Gabriel Andrade, entre outros mestres potiguares.

9 – Confesso que já fiz uma lista de roteiristas potiguares que gosto, mas serei sacana e restringirei a lista a três roteiristas que você considera nos últimos tempos que produziram histórias interessantes e se possível, fizesse um pequeno comentário sobre a opinião de cada um deles e suas obras?

            Posso destacar a Milena Azevedo, o Wagner Michael e Jamal Singh. Criatividade, qualidade da narrativa e talento em contar boas histórias.

10 – Não precisa dizer que se você esta sendo entrevistado por mim é por que já o considero uma promessa para o panteão dos roteiristas Potiguares e promessa de grandes histórias para o futuro, além disso espero muito de você, mas fora essa pressão psicológica, qual suas perspectivas de roteiros futuros e qual os outros gêneros de histórias gostaria de escrever?

            No momento estou afastado do universo dos quadrinhos. Tenho algumas anotações, rascunhos e um roteiro inacabado. Por enquanto, só reunindo referências escritas e visuais para dar continuidade aos projetos. Nada definitivo, assim que terminar meus estudos do mestrado, pretendo 

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