Carrego as dores do mundo nesse corpo. Não há nada que cure essa dor nas costas, essa azia no estomago vazio, esse nó na goela. Por não ter a que me prender, escrevo... E essa escrita acabou sendo meu carrasco mais fiel. Se estende além das palavras que nunca dizem nada. Nada permanece. Nas dores enfim sinto algo, sinto vida, e sinto muito, não me orgulho. Não sentir é a morte, por certo. Reconhecer isso é muito cruel. No sono encontrava alívio outro, nas fantasias do inconsciente caótico, brilhante. Meu lar. Onde nunca precisei de óculos escuros.
Várias noites que vejo passar, dias que não durmo um sono justo... Pesadelos despertos e dormidos. Não adianta. Esse sono que era morrer em vida, meu descanso (da minha intensidade), hoje também é meu algoz, o mais cruel de todos eles. Exceto o que mora na minha cabeça "lúcida" e que agora invade meus sonhos. Algo se rompeu.
Dormi com um sapo que lambuzou minha cara. No dia seguinte pari seres monstruosos num banheiro antigo da casa de minha mãe. O que de mais puro há em mim. Eu agradeço.