...As folhas que não suportaram o frio do inverno estão secas pelo chão. O estalar, quando as piso, provoca um prazer indescritível, e inútil como todos os outros. Passo horas pensando sobre isso, e pisando as folhas, e pisando... Tudo para ser ausência.
A impossibilidade da distância me consome, estar impotente diz tudo das impossibilidades. Há dias que não falo pessoalmente com um ser humano, e isso é mais frequente do que necessário. Eu os evito, evito as convenções e o agradar por agradar, me recuso a ser educada por educação.
Ando consumida de ausência. Essa que como diz o poeta, é um "estar em si"... Penso na possibilidade que as vezes não quero "estar em mim". Na verdade, algumas vezes, nem aguento "estar em mim". Eu me sufoco, como se estivesse presa nessa floresta com um assassino em série, que sempre mata a mesma personagem. EU.
Sou uma natureza condensada preza num corpo que apodrece, se não tomo os devidos hábitos ditos como higiênicos. Nos limpar de nós mesmos e da vida. Porque expelimos unira, merda, suor, sebo... Acumulamos caraca, cera de ouvido, sujeira nas unhas, resto de comida nos dentes... Apodrecemos como as folhas que caíram com o inverno. Enquanto isso, flores nascem, enfeitam, perfumam e colorizam o caos.
É como se essa natureza condensada tivesse suas próprias estações, um ciclo interno de nascimento, desabrochamento, desencantamento e apodrecimento. Me primavero, me veranizo, me outoneio, me inverneço.
Apenas algumas vezes não precisar ser ausência. Porque, a impossibilidade da distância me corroeu os dedos dos pés e os membros superiores. (Não sei se caminho pra frente ou pra trás). Aguento despedidas, mas não queria aguentá-las. Me destroem os abraços desapegados, os imaginários e os que nunca foram dados, pela simples ausência de braços. Só por isso.