
De fato, a Historia parte de um pressuposto brilhante e instigante, a saber, de que o dito Griswold Übel realmente existiu e foi julgado, admitindo no julgamento sofrer de licantropia e de ter sido realmente o assassino de jovens e crianças do seu vilarejo. A época desse julgamento se situa lá no século XVI e foi talvez o único documento registrado que menciona alguém sofrer desse mau. Se considerarmos ao longo da historia humana que a lenda do lobisomem é tão persistente a nossa memória quanto a do vampirismo, logo notaremos que esta se torna fonte de inspiração para tantas mídias e meios de comunicação como, por exemplo, o folclore, a literatura, cinema, rádio, poesia e demais artes.
Se considerarmos o cinema e a literatura, sem levar em consideração as diversas teses e livros de folclore e antropologia que fazem uma reflexão sobre a licantropia, que não são ligados ao entretenimento e ficção da lenda, o que constatamos é sua perversão e por que não dizer degeneração para a violência gratuita e sem sentido. O que vale é o mostrar a violência pela mera violência, contribuindo assim para uma estética da violência sem o vinculo proeminente da reflexão sobre sua natureza selvagem que põe o homem lado a lado com o seu lado negro e cruel, por que não dizer irracional? Nesse sentido, perde-se o foco da lenda sobre o lobisomem e nada de novo podemos encontrar sobre a lenda. O que nos leva a perder a razão em um momento de furia. O que nós faz adorar um belo jantar que em aparência é horrível, mas o olfato nos leva a imaginar que é delicioso. Por que minto e sinto vontade de arrasar com alguém que não me fez nenhum mau aparentemente? As dúvidas são muitas, mas uma rápida analise da lenda em livros sérios nos leva a observar que o homem não esta assim tão distante da fera quanto os séculos de estudo nos fez e faz imaginar.
relevância e mais ainda, digna de ser lida, devido o texto seguir uma graciosa métrica entre poesia e relato imagético que são bem equacionado no percurso da historia. Além disso, devemos destacar que apesar de ser uma ficção, possui uma pesquisa bastante aprofundada sobre o caso, mas que teve que ser criada vários subtramas com vista a dá um contexto ao julgamento já que o relato do dito documento sobre o caso esta restrito a penas aos recônditos de seu julgamento. Esse é o desafio do grande escritor Marcos Guerra, criar uma atmosfera compreensível entre o julgamento que é o final do processo e as ações do personagem que o levaram a cometer o crime. Também existe dentro da historia da "Condenável" uma disputa não implícita ou será que não entre o catolicismo romano e os protestantes, algo já existente no império germânico que o dividia imensamente tanto sobre a égide da religião quanto sobre o âmbito da política. O texto de Guerra, na CONDENÁVEL, igualmente me faz pensar que o personagem possui acessos a delírios esquizofrênicos que ora o faz escutar vozes de um lado vindas de um cordeiro e de outra vinda de uma voz onipresente e obsessiva. Realmente, o texto da "Condenável Vida de Griswold" vai ao longo das páginas revelando uma trama nada convencional que destoa da maioria das historias de comics e até mesmo de literatura convencional que podemos imaginar. Nesse ponto, demos parabéns ao ilustre escritor.

Postado por Renato Medeiros