Foi num dia de chuva. Sei que o
dia de chuva me anunciou.
E esse dia que me presenteia com
a chuva que tanto gosto também é o que me desperta e faz de mim mesma o meu
algoz.
É esse dia que anuncia o fim de
mais uma etapa. Mais uma submissão às normas sociais de uma sociedade que se
alimenta de orgulho e vaidade.
Estou diante da plateia. Ontem
chorei. E bebi e chorei. Lembro-me disso diante da plateia.
Agradeço a presença de todos.
Imagino a presença psicológica dos ausentes. Mas são os presentes que me olham,
impacientes.
Descarrego tudo o que chamam
pesquisa e projeto e tantos outros nomes intelectuais diante de pessoas que
são, além da ciência, sonhos e anseios de felicidade.
E depois ouço comentários dessas
mesmas pessoas, suas experiências sobre a técnica, enquanto os espíritos de
todos os ouvintes, sem exceção, flanam sobre o que será o seu almoço ou a que
horas devem chegar em seus empregos.
Gosto de olhar seus rostos
enquanto desatentos, é disso que gosto. Imagino seus pensamentos.
A chuva que me anunciou persiste
e me felicita, me compreende.
É o fim. É o começo. O fim já
havia faz tempo.
Esse título não mereço. Quero ser
mestre de meus desejos e só.
O que estou a defender, ali?