Uma questão incomoda é
o silêncio que se abateu sobre a esquerda diante da situação atual que ruma
para o caos social e econômico do país. A falta de mobilização, a apatia
generalizada, as disparidades ideológicas existentes entre as mais diversas
representações da esquerda existentes, silenciadas durante o pacto feito pelo
PT para o projeto de governabilidade do partido, possivelmente contribuíram
para tal situação. Durante todo o período do governo PT, os movimentos foram
sufocados, dissipados e acalmados em prol da governança, o resultado disso foi
a total e inteira fragmentação, desmobilização e afastamento do pensamento de
esquerda da população, tão intima em tempos passados do povo, e sua subseqüente
politização.
A atual situação de distanciamento e entendimento entre
as mais variadas ideologias, representadas pelos partidos, e a caça,
criminalização a tal pensamento, representando pelo impeachment da presidenta
Dilma e prisão de Lula, pela ultra direita, são pistas que podem nos levar a um
entendimento de tal situação. Os ataques políticos e ideológicos estão pautados
tanto no âmbito econômico e de perseguição da esquerda, que criminaliza e
difama os seus representantes, contribuiu também como combustível que dá pistas
para se compreender esse silêncio incomodo. Devemos fazer uma análise mais
profunda sobre esse assunto, centralizando nossos esforços na busca de entender
qual o motivo dessa falta de ímpeto de luta que tais movimentos tinham há
tempos não muito distantes e que agora simplesmente encontra-se adormecidos. A
impressão que se tem é que houve o afastamento da esquerda durante o governo
petista das massas e a troca da mobilização permanente, pela politização das
pautas sociais das esquerdas no âmbito, apenas, político e afastando-se da
mobilização das ruas. Esse afastamento é evidente diante da crescente
desconfiança do trabalhador com o seus sindicatos, insuflado muitas vezes pelo
lideres sindicais colocados pelos patronato.
Além disso, pode-se dizer que o ambiente sindical se tornou cozinha dos
partidos de esquerda, tendo alguns deles aparelhado o próprio sindicato durante
a última década, o que desmotiva a mobilização da clásse trabalhadora que lhe
dá sustentação e termina por afastá-la.
O distanciamento do povo, da permanente conversação e
mobilização de seus interesses, pelo discurso cada vez mais político, onde o
jogo do toma lá da cá é premissa. Contribuiu para a desconfiança e afastamento
do trabalhador dos sindicatos e da esquerda. O fracasso de luta contra a
corrupção, e a desconfiança de que as esquerdas se corromperam no processo de
governabilidade do PT, serviu para aumentar a desconfiança do povo com o
pensamento de esquerda que prometia diferenciar-se de tal política se mostrou
decepcionante para o trabalhador. Com isso, surgiu uma profunda fratura entre
trabalhadores e lideres de esquerda que nos levou até o momento presente de
aparente suspensão. Nesse sentido, podemos evocar o titulo de um livro de Lenin
"que fazer?" para representar o atual momento de hibernação da
esquerda. A atual situação reflete um discurso de ódio captaneada pelo
pensamento de uma classe burguesa medíocre, mídias corrompidas representantes
do capital especulativo, arquitetada por um plano externo vindo do tio Sam que
deseja trazer os países latino americanos para seus cascos, objetiva justamente
demonizar a esquerda e principalmente os movimentos sociais.
Diante da fragmentação atual da esquerda, do afastamento
do povo, dos conflitos ideológicos, envolvimento da corrupção, etc., necessita-se
repensar a esquerda e mais ainda, criar uma pauta que venha a unir todas as
esquerda e voltar a aproximar-se do povo, das classes de onde saíram e retomar
as mobilizações. Nesse sentido, voltamos a fazer a pergunta o que fazer? Qual a
solução possível para que a esquerda volte ao rumo até então perdido? O
desarrumo esta, se podemos localizar o ponto do problema, na metralhadora de
polemicas e discursos diversos, muitas vezes sem um fundamento que desarticulam
e afastam qualquer possibilidade de discurso palpável. As fake news, as
polêmicas ocasionadas pelo representante do executivo e seus ministros, a
violenta repressão que vem aumentando nas camadas mais baixas da sociedade, a
precarização das instituições e a recolonização do país. Todas essas pautas são
foco de destruição do país e da crise que se tornará cada vez mais frágil a
democracia e a constituição.
Se faz necessário uma re-conscientização, a retomada do
diálogo e o combate ao discurso de ódio e alienação. Para isso, necessita-se da
esquerda reviver, se inflamar, voltar a ser o que era, melhor ainda, renovar-se
como uma fenix, mas como isso acontecerá é assunto para outras considerações,
futuras que cabe uma reflexão mais prontamente.
Postado por Renato de Medeiros Jota