quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

QUANDO A ARTE É MAIS FORTE DO QUE O NOSSO CARATER

Poucas obras se manifestam com a mais digna característica de traduzir a natureza humana em seu lado mais sordido do que a literatura. Mas imaginem só quando a mesma recorre, em sua narrativa a outro tipo de arte como a pintura ou escultura. O resultado deve ser deverás interessante! Mas posso dizer que é bem melhor.

De fato se recorrermos a literatura podemos com toda certeza verificar a incrivel cortejo que as belas artes possuem com as belas letras, especificamente, no gênero de literatura que nomeadamente intitula-se de Horror ou Gótico. Isso realmente ocorre e pelo que pouco que já li não consigo identificar em outro gênero literário, como por exemplo ficção, romance, biografia, e etc. Somente nesse nicho é que podemos encontrar as melhores historias que envolvem as imagens pictoricas que retirando camada por camada, ou talvez, acrescentando camada por camada podemos construir uma imagem do monstro que nós escondemos no subsolo de nossa consciência. Deveras, não há como encontrar em outra arte uma relação tão estreita e incrivel como essa, entre literatura e pintura.

Decerto, o que podemos encontrar nesses autênticos representantes dessa relação entre literatura e pintura esta concentrado em alguns grandes autores da literatura universal, como por exemplo, Oscar Wilde, Gogol, Edgar Allan Poe, H.P. Lovecraft. Nesse caso, me restringirei, apenas a Oscar Wilde, Gogol, Edgar Allan Poe por serem os que li recentemente. O que podemos destacar a princípio é que todos eles tem em comum a pintura como meio de contar suas historias, podemos ressaltar que suas temáticas geralmente objetivam mostrar a sordidez e a perversão de carater fruto dessa relação.

Ora se consultarmos o Retrato de Gogol o encontraremos os mesmos temas que os abordados por Poe e Wilde, a saber, a obra de arte, no caso do quadro, representando aquilo que pode mostrar o que podemos ter de bom ou de mal em nosso carater. Isso mostra igualmente a capacidade do pintor ou da pintura de capturar aquele hiato de brilho ou matiz que mormente escondemos em nosso verniz polido. No caso de Gogol o que desperta o a sordidez de Tcharkov é a sua ausência de escrupolos e decadência artisitica, pois havia trocado a "aurea" que todo artista ou pintor procura na obra de arte pelo vil metal. De outro modo no Retrato de Dorian Gray o mesmo acontece, só que a sordidez não esta no declinio do agente mas na transformação da própria obra que a medida que a moral do proprietário decai a mesma se reflete no quadro que de obra genial passa a se transformar e, por que não dizer representar o grotesco. Por conseguinte, em Berenice de Poe temos um caso de amor entre o objeto fonte da obra e o amor masoquista e incondicional de um homem. Que mesmo sabendo que a obra é apenas a representação do ser amado (esta já não esta mais ali, pois jaz morta) torna-se fonte de idolatria e loucura.

Estas três obras mostram que podemos vislumbrar que a literatura sempre esteve em estreita relação com as demais artes. E a mesma consegue traduzir essa relação, mesmo que de forma tão obscura e pesada quanto uma historia de horror que nossas relações e sentimentos podem ser sem dúvida avivados por uma experiência estética como essa. Mas o augusto leitor poderia me perguntar será que só podemos encontrar essa relação entre pintura e literatura no gênero de Terror e não em outra?  Deveras, fico devendo essa resposta, pois o que tenho constatado em minhas exiguas leitura é que de certa forma o gênero terror me parece representar muito bem esse relação tão passional entre arte e literatura.

Espero que esse pequeno artigo seja motivo de interesse do grande público e que desperte o leitor a procurar em outros gênero de literatura essa relação tão estreita.



Agradeço a todos.



R. M. J



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